
Bom dia Droppers.
Pensei no chuveiro: que enquanto coloco minha mensagem de resposta automática de final de ano no email, e que depois de 97 edições e ~2 milhões de impressões, essa é a última edição do ano do MoneyDrop.
Aos +60.000 investidores que ficaram por dentro da bolsa através dos nossos Drops, nosso muito obrigado!
Ano que vem tem mais. Mas, antes disso, um wrapped do mercado financeiro de 2025:
No Drop de hoje, em 5 min e direto ao ponto:
• Ibovespa: 2025 enchendo o bolso da Bolsa
• Previsões: o que esperar para 2026?
• Dólar: pra que lado vai o câmbio?
• IPOs: mais um ano em marcha lenta
• BTC: as criptos na montanha-russa

GIRO PELO MERCADO

*variações anuais (janeiro → dezembro)
2025 foi um ano de muito plot twist e tensão. Começou como um festival de choques globais que bagunçaram a economia, testaram a paciência de governos em toda parte e deixaram o mercado em alerta permanente. Teve tarifa voando de tudo quanto é lado, guerra comercial ressuscitada, cadeias de suprimento tropeçando e volatilidade fazendo hora extra nas bolsas - você que lê o MoneyDrop já assistiu esse filme!
Por aqui, o cardápio foi completo: crise fiscal, relações estremecidas com os EUA, prisão de ex-presidente, mega investigações de fraude no INSS, ataque hacker no pix, PCC versão Faria Lima, algumas RJs, OPAs, maior intervenção da história do FGC, juros nas alturas e uma sequência de choques políticos que mantiveram investidores e analistas grudados nas telas.
Lá fora, Trump voltou à Casa Branca em janeiro já com o dedo no botão vermelho. Teve Dia da Libertação com tarifa para todo lado e a reedição da Guerra Comercial em escala global. Como se não bastasse, veio o maior shutdown da história dos EUA, o dólar perdendo força no mundo e juros caindo enquanto bolsa e ouro renovavam máximas históricas.
BRASIL
Ibovespa: 2025 enchendo o bolso da Bolsa

Com a Selic em 15%, a renda fixa se tornou um dos ativos mais atraentes do ano aos investidores brasileiros. Mas os corajosos que ignoraram os IPCA+8 e o CDI se deram bem!
O Ibovespa decidiu sair da promessa e entregar resultado, tendo 59 das suas 82 empresas listadas com desempenho acima do CDI – e máximas históricas no índice. Confere as 5 maiores variações do Ibovespa no ano:
Cogna (COGN3): 222,25%
Cury (CURY3): 106,99%
BTG Pactual (BPAC11): 94,44%
Cyrela (CYRE3): 93,93%
Eneva (ENEV3): 86,61%
No acumulado do ano foram mais de 30% de crescimento, com recorde atrás de recorde. Mas o que explica o avanço?
→ Dólar mais fraco e corte nos juros dos EUA
→ Migração global de recursos para mercados emergentes
→ Empresas entregando resultados sólidos
→ Expectativa de corte na Selic
No fim de 2024, os ativos brasileiros eram negociados a múltiplos bem abaixo da média histórica. Ainda assim, as projeções de lucro seguiam robustas, mesmo com juros nas alturas. Era a combinação rara que o mercado adora: preço baixo, fundamento razoável e esperança embutida. Para completar, o fim do ciclo de alta da Selic reforçou a narrativa de que o pior já tinha ficado para trás.
No campo monetário, 2025 começou com Gabriel Galípolo assumindo a presidência do Banco Central no lugar de Roberto Campos Neto. Em meio às dúvidas sobre a condução da política monetária, Galípolo não só cumpriu as altas herdadas da gestão anterior como levou a Selic a 15%, o maior nível desde julho de 2006.
Isso levou o Brasil ao topo… do ranking dos maiores juros reais do mundo. A atividade perdeu fôlego, o PIB veio fraco e o humor empresarial já passou a olhar para 2026 com sobrancelha arqueada. Ainda assim, o dólar mais fraco e a “exportação de deflação” da China ajudaram a segurar a inflação, apesar da pressão nos serviços.
Mais recentemente, entrou um tempero extra no prato: dividendos extraordinários. A reforma do Imposto de Renda incentivou empresas a antecipar distribuições antes de 2026, quando dividendos mensais acima de R$ 50 mil serão taxados. Só no último trimestre, companhias abertas anunciaram R$ 124,1 bilhões em proventos.
No balanço final, 2025 entra para a história como um ano de contrastes. Juros altíssimos convivendo com emprego forte, inflação finalmente cedendo ao custo de crescimento fraco, tensões comerciais e a Bolsa, desafiando o bom senso, com máximas. Não foi um ano fácil, mas sem dúvidas foi um daqueles que deixam lições e histórias para contar.
DROPS DO ANO
Sabe aquele clichê do cinema: “Você deve estar se perguntando: mas como chegamos até aqui?”?… Bem, separamos algumas matérias desse ano que mexeram com os mercados e explicam como foi 2025!
EUA: a trilogia do rebaixamento
Feriados: quanto custam para a economia?
A nova arbitragem do Bitcoin: versão Wall Street
LCIs sem isenção: os efeitos no crédito imobiliário
SPACs: A volta dos que não foram
Crédito Privado: Juros nas nuvens, spreads no chão
Intel: a rodada Series USA
Ouro: recorde lapidado
Wall Street: em modo compacto
Day Traders: as sequelas da febre
OpenAI: entre a Bolsa e a Casa Branca
BC: apertando o cinto das fintechs
Buffett: a carta do bom velhinho
PREVISÕES
2026 é logo ali

Depois de um ano mais defensivo, muitos players decidiram colocar o pé no acelerador, ligando o modo risk-on. Em novembro o Itaú elevou a Bolsa brasileira para uma posição acima do neutro, depois de meses andando de lado e de um longo período em que o risco local ficou no nível mínimo desde 2016
Para Nicholas McCarthy, do Itaú, 2025 foi o ano do aquecimento. A ideia era preparar o terreno para um 2026 mais estratégico e menos defensivo. O CDI segue atraente, mas, com juros em queda, ignorar a Bolsa vira erro.
Talvez o Ibovespa não bata exatamente 200 mil pontos, mas a chance de ele bater o CDI é grande.
O otimismo tem endereço certo: juros em queda. Nos EUA, o ciclo já começou e espalhou capital pelo mundo. No Brasil, o Itaú projeta cortes a partir de março, levando a Selic a 12,75%. Se o roteiro se confirmar, o bom humor dos mercados não só continua – ganha volume, porque juros mais baixos costumam embalar a Bolsa.
Mas há riscos no radar: se a inflação americana reagir e o Fed travar os cortes, o cenário muda. Mas, por enquanto, isso parece distante. Em Wall Street, o clima também é positivo: a média das projeções aponta o S&P 500 em 7.596 pontos, alta potencial de 10,5%.

Depois de três anos de ganhos acima da média, algumas dessas previsões parecem ousadas. Mas, claro, previsões de 1 ano são tão úteis quanto buzina de avião…
O que estão guiando as projeções para 2026:
Receitas devem vir com ventinho a favor: crescimento econômico moderado, estímulo fiscal do One Big Beautiful Bill Act, juros mais baixos, comércio menos tenso e um tsunami de investimentos em IA.
Dados econômicos: a inflação deve continuar acima da meta do Fed e o mercado de trabalho deve esfriar, já que empresas estão automatizando tudo o que conseguem com IA.
Margens devem engordar: depois de anos apertando custos, demitindo, cortando escritório e comprando máquinas turbinadas por IA, as empresas estão com estruturas enxutas e mais alavancagem operacional
Earnings: a expectativa é de crescimento de lucros na casa dos 14%, liderado pelo “Magnificent 7”, embora com ritmo mais moderado. E, ao contrário do que se pensa, projeções de lucro geralmente são razoavelmente certeiras.
Valuation: pode continuar alto… ou atrapalhar. Os otimistas acham que P/Es elevados são justificáveis e sustentáveis. Os conservadores acham que vai rolar compressão e os ganhos de 2026 vão depender basicamente dos lucros.
DINHEIRO
Dólar: pra que lado vai o câmbio?

Delfim Netto dizia: “o dólar foi feito para humilhar os economistas”. 2025 disse: “Pode crer!”. O verdinho definitivamente não viveu seus melhores dias neste ano, apanhou mundo afora e o real aproveitou a distração para desfilar na passarela. Nos últimos 10 anos só 2017 tinha sido tão bom assim para o Real – um alívio depois da perda de 27% no ano passado.
Em janeiro veio a marca dos R$ 6,35, com as previsões apontando que o dólar estabilizaria na casa dos R$ 6,00, De lá pra cá, o real foi se valorizando até a bater a cotação de R$ 5,28, mas caminha para fechar o ano perto de R$ 5,60.
Dois fatores contribuíram para o dólar ficar bem abaixo das expectativas
Selic: com a taxa básica a 15% e um dos maiores juros reais do mundo, o Brasil virou ímã de carry trade. Aí veio junto o fluxo de grana estrangeira para aproveitar as taxas – e pressão para baixo no dólar.
DXY: o próprio dólar no mundo ficou mais fraco, e assim fortaleceu outras moedas. Com o juros americano caindo (foram 3 cortes no ano), o fluxo de dinheiro saiu das treasuries americanas e parte veio para cá.
Com 2026 batendo à porta, novas projeções logo vão pipocar por aí. O Boletim Focus, por exemplo, projeta o dólar para R$ 5,50 no ano que vem.
No fim das contas, o câmbio é uma mistura potente de externo, ruído doméstico e fundamentos. A disparada do dólar em 2024 foi majoritariamente caseira; já a valorização do Real em 2025 teve mais dedo do cenário global do que de virtudes internas.
AÇÕES
IPOs: mais um ano em marcha lenta

Hoje a festa é sua, mas a festa não é nossa porque acabou mais um ano e nenhum IPO rolou no Brasil. A última vez que alguém abriu capital por aqui foi em agosto de 2021 e, de lá pra cá, o número de empresas na B3 voltou no tempo. Hoje são 358 companhias, o mesmo patamar do início 2021 – contra 371 de janeiro e 398 de 2022.
Mais do que não recrutar ninguém, o exército da bolsa brasileira está perdendo soldados. Em 2025 vimos a saída do Carrefour, que fez as malas após decisão da controladora francesa, enquanto a fusão entre Marfrig e BRF transformou duas empresas listadas em uma só, a MBRF. O mesmo vai rolar com a união de Petz e Cobasi.
Algumas outras que ficaram pelo caminho ao longo do ano:
Santos Brasil, Wilson Sons, ClearSale, Eletromídia, Serena Energia, Neoenergia, Gol, Kora Saúde, Zamp (dona do Burguer King).
E a fila da saída ainda não acabou. O BTG Pactual anunciou a incorporação do Banco Pan via troca de ações, operação que deve tirar o Pan da bolsa ainda este ano. Em ambos os casos, o discurso é o mesmo: simplificar estruturas e capturar sinergias – tradução livre: menos custo, menos dor de cabeça.
Fechar capital não é nenhuma heresia no mercado financeiro, mas a frequência do movimento diz muito sobre o momento da bolsa brasileira. Já são quatro anos sem um único IPO e, por enquanto, ninguém arrisca dizer quando a porteira vai reabrir.
Por aqui, a janela de IPOs segue fechada, mas 2026 pode quebrar o jejum, puxado pela queda esperada da Selic. BRK Ambiental (pedido já na CVM) e Aegea (bancos contratados) estão no radar para o início do ano que vem. Fica a dúvida: 2026 será mais de boas-vindas do que de despedidas?
Onde o IPO ainda existe
Lá fora, o mercado segue sempre agitado, com algumas empresas bilionárias abrindo seu capital. E o top 3 do mercado americano é multibilionário:
Figma: a plataforma de design corporativo realizou seu IPO em julho com um valuation que a colocou no topo da lista com US$56 bilhões.
CoreWeave: na onda do IA, a empresa de cloud computing fez um dos mais badalados IPOs do ano em março, com valor de US$ 55 bilhões.
Circle: a empresa que emite as stablecoins USDC e EURC, aproveitou toda a onda positiva em relação às criptos e abriu seu IPO em junho.
Na China, outro dado curioso: o IPO da Moore Threads foi o mais oversubscribed da história, com +US$ 4,5 trilhões em pedidos – e US$ 7,5 bilhões vendidos.
CRIPTO
BTC e as criptos na montanha-russa

O ano das criptos não foi recomendado para cardíacos, com volatilidade sendo a palavra de ordem no mercado. Enquanto o Bitcoin andava na montanha-russa, a memecoin de Donald Trump entrava nos foguetes de Elon Musk pra disparar sem pedir licença (mas assim como o foguete, a cotação deu ré).
Mas a história é maior que isso:
Janeiro: o clima era de festa, com o Bitcoin rompendo os US$ 100 mil;
Abril: o tarifaço gerou incertezas comerciais e levou o Bitcoin para a casa dos US$ 75 mil;
Outubro: numa retomada forte, novos recordes foram quebrados, com o BTC chegando muito perto dos US$125 mil;
Dezembro: a gasolina acabou e ele volta para os US$85 mil, praticamente nos patamares do início do ano.
Ao longo de 2025, ficou difícil falar de cripto sem falar de Trump. A simples mudança de tom do novo governo, bem mais amigável às criptomoedas do que a era Biden foi suficiente para destravar projetos, acelerar decisões e atrair capital institucional.
Por mais que isso vá contra o que pregava Satoshi Nakamoto, o novo clima deu tração real aos ETFs de cripto. Com a regulação e a entrada pesada do investidor institucional, a correlação com os mercados tradicionais subiu.
Gestores se concentraram em bitcoin, os ETFs spot encostaram nos US$ 100 bi sob gestão – e ganharam força para mexer o preço para cima e para baixo.
No mundo corporativo, 2025 também marcou a popularização do modelo de “Bitcoin Treasury Company”. O que começou como ousadia da MicroStrategy virou tendência. No Brasil, a Méliuz e a OranjeBTC entraram na onda, enquanto nos EUA a discussão já começa a ir além do bitcoin, indo para outros criptoativos.
Apesar da montanha-russa do ano, o mercado de cripto entregou um retrato curioso: ficou mais institucional, mais correlacionado e também com um memecoin presidencial para lembrar todo mundo que o roteiro sério sempre divide espaço com o absurdo.
STATS DO ANO
US$ 1,8 trilhão — Valor do fundo soberano da Noruega, que detém 1,5% de todas as ações globais.
R$ 146,8 bilhões — Faturamento do crime organizado no Brasil em 2022, superando quase todas as empresas da bolsa (exceto 7).
700 bilhões — Quantidade de moedas de 1 centavo (pennies) produzidas nos EUA entre 1921-2024.
46x — Tamanho do mercado de REITs americano em comparação ao mercado de fundos imobiliários brasileiro.
44% — Brasileiros endividados que já tentaram usar sites de apostas para quitar débitos.
US$ 16,8 milhões — Salário médio anual dos CEOs das empresas do S&P.
7% — Porcentagem da receita das empresas do S&P 500 que vem da China.
US$ 139 milhões — Pacote de benefícios pago ao CFO da Tesla, um recorde para o cargo.
US$ 2,1 bilhões — Volume total roubado no mercado cripto no primeiro semestre de 2025.
15% — Porcentagem de casas vazias no Japão devido à redução populacional.
54% — Dos retornos do S&P 500 desde 2021 estão concentrados em apenas 10 empresas.
58,3% — Fatia de participação de investidores estrangeiros na bolsa brasileira.
R$ 117 bilhões — Economia gerada pelo PIX em taxas bancárias em 5 anos.
18.000 vs 13.600 — Número de empresas de Private Equity nos EUA vs número de McDonald’s.
US$ 41 bilhões — Lucro somado dos seis maiores bancos americanos no 3T’25.

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