
Bom dia Droppers, bora pro pregão
Pensei no chuveiro: que o BC segue prometendo não matar a inovação... mas agora vai pedir pra ela comprovar renda antes de continuar sonhando.
No Drop de hoje, em 5 min e direto ao ponto:
• Itaú: mais um trimestre lucrativo
• OpenAI: entre a Bolsa e a Casa Branca
• Spotify: reports agridoces
• Fintechs: BC apertando os cintos

GIRO PELO MERCADO

Por aqui, mais um dia de ganhos e o Ibovespa já subiu por 11 pregões seguidos, sendo a oitava máxima consecutiva. A última vez que a galera comemorou assim foi em julho de 2024 – mas o recorde ainda é de 1994, quando o índice ficou invicto por 15 rodadas. Ao final do pregão, de forma unânime, o Copom decidiu manter a Selic em 15% ao ano e assim permanecemos com a segunda maior taxa de juros real do mundo, atrás apenas da Turquia. Hoje também temos divulgação do resultado de Petrobras.
Lá fora, o pregão pode ser resumido como “um dia de reação”, movido pela esperança do fim da paralisação do governo americano, que já é o mais longo da história. Os mercados também se animaram como um relatório mostrando que o número de novas vagas privadas aumentou acima das expectativas.
VISUAL
Itaú: mais um trimestre, mais um lucro

Nada de surpresas no trimestre do Itaú Unibanco, que entregou mais um daqueles resultados que fazem o mercado balançar a cabeça e dizer: “Bela consistência”.
🟢 Lucro líquido: R$ 11,9 bi (vs. R$ 11,78 bi esperados)
🟢 ROE: 23,3% x 22,7% na comparação anual
A inadimplência segue controlada, apesar de um tropeço pontual – que o mercado jura ser da Ambipar, mas já totalmente provisionado. O destaque ficou com a eficiência em 39,1%, mostrando que o Itaú ainda colhe os frutos da digitalização: menos agência, mais app.
A margem com o mercado veio turbinada e o Itaú aproveitou pra subir o guidance: agora espera entre R$ 3 bi e R$ 3,5 bi em 2025. Em bom português: o banco está surfando bem a curva de juros.
Com o presente sob controle, o Itaú já mira o futuro. O CEO Milton Maluhy Filho prevê um 2026 mais “temperado”, com juros altos, eleições e um cenário que pede cautela. A meta é crescer em frentes estratégicas e clientes resilientes, especialmente nas faixas Personnalité e Uniclass, onde o crédito no cartão já subiu 23,9% em 12 meses.
O Itaú chegou a passar a Petrobrás e se tornar a empresa mais valiosa da B3, mas não vai levar a coroa de mais valiosa do Brasil porque foi ultrapassada pelo Nubank.
No fim do dia, o banco entrega e o mercado segue pedindo mais. A ação acumula alta de 53,41% em 2025, com o banco atingindo R$ 406,7 bilhões em valor de mercado.
MACRO/AÇÕES
Portfólios: a psicologia da perda segundo Kahneman.
AMD: entrega um lucro por ação acima do esperado, em US$ 1,20.
Klabin: tem lucro de R$ 348,5 milhões no 3T’25, com queda de 51%.
CSN: reverte prejuízo e lucra R$ 76 milhões, com influência do câmbio.
Saudi Aramco: a maior petroleira do mundo entrega um lucro líquido acima do esperado.
Embraer: CFO diz estar avaliando o aumento de remuneração dos acionistas.
Axia Energia: Ex-Eletrobras registra prejuízo líquido consolidado de R$ 5,4 bi no 3T’25.
Mercado Livre: pede equidade regulatória com as empresas chinesas na América Latina.
Robinhood: reporta crescimento de receita líquida em 100% em um ano.
Tesla: novo potencial pacote de Elon Musk pode chegar a US$1 trilhão em ações.
Usiminas: depois de 60 anos, japonesa Nippon vende sua participação para a Ternium.
Brava Energia: lucro cai 76%, com impacto nas despesas financeiras.
IA
OpenAI: entre a Bolsa e a Casa Branca

IPO da OpenAI? Não tão cedo. A CFO Sarah Friar jogou um balde de água fria nas especulações de que a empresa estaria se preparando pra abrir capital já no ano que vem. O foco agora é apenas fazer parcerias bilionárias, crescer, investir em P&D e continuar alimentando o apetite insaciável de IA.
US$ 1,4 trilhão: é quanto a OAI já tem de compromissos de gastos para os próximos anos.
US$ 13 bilhões: é a previsão de receita para 2025.
Como não é tão fácil multiplicar a receita por 100, a expectativa era de que a empresa ia tentar pegar dinheiro no mar aberto da Bolsa para juntar com os bilhões que ela já conseguiu com investidores mais graúdos como Microsoft, Nvidia, a16z e grande elenco.
O otimismo segue firme. A CFO diz até que a startup chegaria no breakeven rapidamente se quisesse, já que tem margens boas tanto na unidade corporativa quanto na do consumidor final. Mas os planos, por enquanto, são de continuar com o pé no acelerador – mesmo que isso custe caro.
Sarah defende a ideia de um “apoio de ecossistema”, que incluiria bancos, fundos de private equity e até do governo americano, para reduzir o custo dos empréstimos usados na compra de chips de IA, cujo valor se deprecia em ritmo ainda imprevisível, mas acelerado.
O que a OAI quer é que o governo dos EUA ofereça garantias de empréstimo – uma espécie de seguro que reduziria os custos e atrairia mais bancos e investidores pra financiar sua expansão trilionária. Na prática, se der ruim, o Tio Sam cobre o prejuízo; se der certo, a empresa consegue escalar mais rápido e mais barato.
Se o caminho não é IPO, de onde viria todo esse investimento? A resposta também pode estar em um novo tipo de financiamento, versão “círculo infinito”: Nvida investe na OpenAI, que pega a Oracle, que compra chips da Nvidia. O problema é que a soma desse loop bilionário com um pedido de ajuda ao governo reforçam os receios de bolha no mercado.
EARNINGS
Spotify: lucro afinado, mas futuro em compasso

Imagina crescer a receita em 12% e entregar o lucro por ação 66% acima do esperado… e mesmo assim deixar o clima pesado! O Spotify fez exatamente isso, com um resultado agridoce graças a um guidance menor que o mercado esperava para o próximo trimestre.
Os números do trimestre:
🟢 Receita: € 4,27 bilhões x € 4,23 bilhões esperados
🟢 Lucro por ação: € 3,28 x € 1,97 esperados
Em agosto, o Spotify reajustou a assinatura de €10,99 para €11,99 em vários mercados. O movimento fez a receita premium subir 9% (13% em moeda constante), com o número de assinantes chegando a 281 milhões. Já os anúncios desafinaram: € 446 milhões, queda de 6% ano a ano – mesmo com ads nos podcasts dos usuários pagantes.
Pro quarto trimestre, o Spotify projeta €4,5 bi em receita e 289 milhões de assinantes premium – ambos um pouco abaixo das expectativas. Em compensação, a previsão é que o lucro operacional em € 620 milhões e a base em 745 milhões de usuários ativos superem as projeções atuais.
A empresa também acelera na IA: lançou um serviço via ChatGPT que recomenda músicas e podcasts por texto e fechou parcerias com Sony, Universal e Warner para criar novos produtos inteligentes.
Resumo do show: o Spotify segue tocando alto, mas o público quer ver se o próximo álbum vai manter o tom ou desafinar.
PS: o CEO Daniel Ek, que vai deixar o cargo para se tornar presidente em janeiro, se mantém otimista e diz que tudo está do jeito certo para continuar crescendo.
Recomendação dos analistas:
Compra forte: 23 | Compra: 8 | Neutro: 10 | Venda: 2
Preço-alvo médio: US$ 648,86 | Preço atual: US$ 629,60
BRASIL
BC: apertando o cinto das fintechs

O BC resolveu apertar o cinto das fintechs, com novas regras que aumentam o capital mínimo exigido. Tudo pra deixar o sistema mais seguro e blindado contra fraudes, mas o efeito colateral já vem no radar – com muita startup fazendo conta e percebendo que talvez seja mais barato casar do que tentar sobreviver sozinha.
As mudanças, publicadas nessa segunda-feira (3), nas resoluções Conjunta nº 14 e BCB nº 517, ajustam o cálculo do capital social e do patrimônio líquido conforme as atividades de cada instituição. Na prática, o BC está dizendo: “quanto mais complexo o seu negócio, mais dinheiro você precisa ter parado em caixa.”
O impacto é generalizado, vai de bancos até as cooperativas de crédito, mas o baque mais forte vai ser nas fintechs e instituições de pagamento. Hoje, o capital mínimo nesse grupo varia de R$ 1 milhão a R$ 9 milhões. Com a nova regra, o piso sobe para R$ 9,2 milhões e pode chegar a R$ 32,8 milhões.
Segundo o BC:
Cerca de 500 das 1.800 instituições ativas vão precisar de reforço de capital para se adequar até 2028;
Das 500, cerca de 300 são intuições de pagamento;
O cronograma vai ser gradual: começa em 2026 com 25% da diferença, sobe para 50% em 2027, 75% no fim do mesmo ano e chega a 100% em 2028.
Apesar do drama, o consenso é que o movimento era necessário. O setor precisava de mais “clareza e segurança” para continuar crescendo e a promessa é de que as novas regras aumentam a confiança “sem matar a inovação”. Mesmo assim, 2026 pode ser o ano das fintechs pedindo sociedade.
REPORTS
Giro pelos Balanços
McDonald's: entregou um McLanche Feliz, com resultados acima do esperado. Apesar dos bons números, o CEO Chris Kempczinski classificou o momento como desafiador e atribuiu isso à economia em formato K: o fluxo de clientes de baixa renda caiu quase dois dígitos, enquanto o movimento de consumidores de alta renda e com maior poder aquisitivo cresceu.
Nessa linha ele que comentou que “às vezes existe essa ideia de que o preço só importa para os consumidores de baixa renda, mas o preço importa para todos."
🟢 Receita: US$ 7,08 bilhões, acima das previsões de US$ 7,01 bilhões
🔴 Lucro por ação: US$ 3,22 x US$ 3,33 esperados
Petz: mostrou que cachorro que late também morde. O lucro líquido disparou 167,7% no trimestre, batendo R$31,6 milhões. O Ebitda avançou 38,3%, para R$ 83,2 milhões, e o caixa deu um salto para R$ 81 milhões, turbinado por uma geração de R$ 140,5 milhões (reflexo da monetização de créditos tributários).
Com menos abertura de lojas (três contra cinco no ano passado), as despesas pré-operacionais caíram 92%, ajudando na performance.
🟢 Receita: R$ 908,5 milhões, crescimento de 7%
🟢 Lucro: R$31,6 milhões, subindo 167,7% na comparação anual.
Novo Nordisk: em junho do ano passado a empresa se tornava a mais valiosa da Europa, graças ao sucesso do Wegovy. Mas de lá para cá a empresa foi perdendo mercado e viu a Eli Lilly ganhar mais mercado. A empresa demitiu 9.000 funcionários, entre eles o CEO.
🔴 Receita: US$ 11,5 bilhões x US$ 11,88 bilhões esperados
🟢 Lucro por ação: US$ 1,03 x US$ 0,77 esperados
STATS DO DIA
~US$ 1,1 bilhão
É o tamanho da aposta de Michael Burry, contra Nvidia e Palantir.

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