💰 Nvidia correndo solta

+ índice do batom + Abercrombie & Fitch voltando

Bom dia Droppers.

Pensei no chuveiro: que 10 milhões de pessoas ainda não declararam o imposto de renda e a gente espera que você não esteja nessa lista – mas se estiver, o prazo acaba sexta-feira, 23h59.

No Drop de hoje, em 5 min e direto ao ponto:

• Nvidia: números mágicos do 1T25
• Cripto: a aposta de empresas no BTC
• Lipstick: o índice da beleza
• Abercrombie & Fitch: de volta ao topo

GIRO PELO MERCADO

Por aqui, o Ibov está nas alturas, mas a Azul não (ba dum tss). A empresa confirmou o pedido de recuperação judicial via Chapter 11 nos Estados Unidos e pretende concluir todo o processo de reorganização até o 1T’26. Com o pedido, a B3 irá excluir as ações da Azul de todos os índices que ela faz parte, que não são poucos: IGCX, IBXX, IGCT, IBRA, IVBX, ISEE, ITAG, SMLL, IBXL, IDVR, IBHB, IBBR, IBEP, IBEW, IBBE, IBBC e IBOV. Na terça, os dados do IPCA-15 foram mais fracos que a expectativa, vindo em 0,36%, o menor número para maio desde 2020. Ontem, os dados do mercado de trabalho, na divulgação do CAGED, vieram acima das expectativas e amanhã iremos saber o PIB brasileiro para o primeiro trimestre.

Lá fora, os índices acordaram de bom humor mas dormiram mal-humorados depois que Trump anunciou a suspensão de vendas de chips para a China. Durante a noite, o Tribunal Federal de Comércio americano decidiu que Trump não tem autoridade para impor tarifas globais sob a legislação de emergência econômica e que as tarifas violam a Constituição e são de responsabilidade do Congresso. A Casa Branca irá apelar, mas a decisão representa um grande obstáculo na agenda econômica e fez os índices futuros subirem na casa dos 2% após a divulgação.

BALANÇO

Nvidia Imbatível: 10º trimestre de recorde!

A Nvidia divulgou ontem os resultados do primeiro trimestre de 2025 e confirmou: está jogando em uma liga própria. A empresa bateu recorde pelo décimo trimestre consecutivo e trouxe US$ 44,1 bilhões de receita para casa – com o lucro ajustado por ação em US$ 0,96 (excluindo efeitos não recorrentes).

O mercado reagiu com entusiasmo, e as ações subiram mais de 4% no after-market, refletindo o otimismo dos investidores mesmo diante de um guidance mais contido para o próximo trimestre.

Por trás desse desempenho está, é claro, a explosão global da demanda por inteligência artificial. O segmento de data centers, principal motor da empresa, gerou sozinho US$ 39,1 bilhões em receita. Ao mesmo tempo, a divisão de games atingiu recordes históricos, evidenciando que a presença ainda possui força no setor de consumo final.

Destaques financeiros do trimestre:

  • Lucro por ação (EPS) ajustado: US$ 0,81 (consenso era US$ 0,73), chegando a US$ 0,96 sem os efeitos da restrição à China.

  • Margem bruta: 60,5% (GAAP), 61% (non-GAAP); excluindo o impacto da China, seria 71,3%.

  • Data Center: US$ 39,1 bilhões (+73% YoY | +10% QoQ).

  • Gaming: US$ 3,8 bilhões (+42% YoY | +48% QoQ), novo recorde histórico.

Mas nem tudo foi festa. As restrições impostas pelos EUA à exportação de chips avançados para a China trouxeram impacto imediato. Foram US$ 4,5 bilhões em estoques encalhados e outros US$ 2,5 bilhões em contratos que deixaram de ser executados.

A previsão para o segundo trimestre é ainda mais desafiadora: uma perda estimada de US$ 8 bilhões em vendas, apenas como reflexo das novas barreiras geopolíticas.

A resposta da Nvidia, no entanto, foi rápida e estratégica: ampliou sua atuação internacional – com parcerias com governos e empresas no Oriente Médio, em Taiwan e nos Estados Unidos – e colocou em produção o datacenter Blackwell NVL72 – símbolo da nova geração de sistemas. Além disso, reforçou seu posicionamento como líder tecnológica em um mercado cada vez mais estratégico.

A mensagem da Nvidia é clara: obstáculos não são razões para recuar, mas convites para inovar.

Recomendação dos analistas:

Compra forte: 11 | Compra: 40 | Neutro: 8 | Desempenho baixo: 1 | Venda: 0

Preço-alvo médio: US$ 163,01 | Preço atual: US$ 134,81

CRIPTO

A nova arbitragem do Bitcoin: versão Wall Street

Se você nunca ouviu falar da KindlyMD, tudo bem! Boa parte do mercado não sabia da existência dessa empresa do setor de saúde até o momento em que ela começou a negociar uma fusão com a empresa de cripto Nakamoto Holdings. De lá pra cá, já sobe 1.911% no ano

O time de investidores por trás da Kindly vai desde o Adam Back (criptógrafo que ajudou Satoshi Nakamoto), Balaji Srinivasan (ex-executivo da Coinbase) e Ricardo Salinas (bilionário mexicano).

Parece que as empresas estão descobrindo que entrar no mundo das criptomoedas é o novo "abracadabra" para fazer valor aparecer do nada. No início de abril, apenas 89 empresas públicas possuíam bitcoins em sua tesouraria. Agora em maio, esse número subiu para 114 empresas, somando mais de 800 mil bitcoins.

A liderança ainda é da MicroStrategy, que possui 580 mil bitcoins, valendo mais de US$ 62 bilhões, mas a lista vai aumentando:

  • GameStop: anunciou ontem que comprou 4710 bitcoins, gastando mais de US$ 500 milhões de dólares.

  • Semler Scientific: empresa que faz equipamentos médicos, comprou mais 455 bitcoins, na terceira compra do ano, chegando em 4264 bitcoins em tesouraria.

  • Méliuz: comprou mais R$ 160,8 milhões em bitcoins, alocando quase todo o caixa e agora passa a ter 320 bitcoins em tesouraria, sendo a 42ª empresa com mais bitcoins em posse. A empresa sobe +192,36% no ano.

  • Trump Media: vai fazer um follow-on para levantar US$ 2,5 bilhões e comprar bitcoins, tornando a cripto uma parte central no seu balanço patrimonial.

Arbitragem em Bitcoins

Lá no começo, a arbitragem no mundo cripto era feita aproveitando as diferenças de preços entre as centenas de corretoras ao redor do mundo. Hoje, algumas empresas seguem um caminho inspirado nisso. Funciona assim:

  • Empresas listadas usam o valor das suas ações para levantar capital e comprar bitcoins;

  • As ações se valorizam mais que o valor dos bitcoins;

  • Isso abre espaço para uma nova janela de emissão de ações, com a captação indo para compra de bitcoins;

  • Quanto mais a empresa compra, mais o mercado valoriza as ações;

  • E novas emissões acabam acontecendo.

É arbitragem? Não diretamente. Mas é um baita jeito criativo de monetizar o hype e explorar a distorção entre percepção e realidade. Mas, como toda nova estratégia inovadora no mundo financeiro, essa também pode ser fragilizada e virar tema de filme em alguns anos.

BELEZA

O "índice do batom" borrado pela realidade

Durante anos, a indústria da beleza se achou imune às crises. Sempre que o mundo começava a desabar, ela dava um retoque no blush, vendia milhões em batons e saía linda na foto. O “índice do batom”, criado lá em 2008 por Leonard Lauder (herdeiro da Estée Lauder), virou símbolo da resiliência da indústria da beleza em tempos de vacas magras.

A explicação é simples: em tempos de crise, produtos baratos como batons vendem mais, já que as pessoas cortam gastos grandes, mas ainda buscam pequenos prazeres acessíveis.

Mas em 2025 a história mudou. No último trimestre, a maioria das gigantes do setor decepcionou nos resultados:

  • A LVMH não conseguiu crescer nem com a Sephora, nem com seu portfólio glamoroso de perfumes e cosméticos.

  • A L’Oréal, que há anos desfilava com dois dígitos de crescimento, desacelerou para modestos 3,5%.

  • A Coty, dona de mais de 40 marcas, viu suas vendas caírem 6%, reduzindo projeções de lucro e anunciando a demissão de 700 pessoas (5% do time).

  • A Shiseido, vendeu 9% menos, mesmo com uma performance melhor na Ásia.

Depois da festa pós-pandemia – com o setor crescendo 30%, embalado por skincare e maquiagens virais no TikTok – veio a ressaca.

As empresas culpam as tarifas e a incerteza econômica, além do menor consumo na China – que sustentava boa parte das compras. Mas os analistas acham que a real questão é uma mudança de comportamento: o glamour agora precisa caber no orçamento e a era do “menos é mais” vem ganhando espaço na nécessaire.

A  fase deve continuar por mais um tempo, mas quem inovar de verdade, focar em qualidade (e não só em baixar preço), pode recuperar o glow.

Quer uma prova de que o mercado aposta nisso? Ontem mesmo a Rhode de Hailey Bieber foi vendida para a Elf por US$ 1 bilhão – e a justificativa dos compradores é justamente levar “produtos ainda mais inovadores” para a sua comunidade.

MACRO/AÇÕES
  • Brasil: estrangeiros aumentam as apostas e fluxo para Brasil.

  • Visa: Brasil é o quarto país a oferecer o cartão Infinite Privilege para público private.

  • Salesforce: bate as estimativas de Wall Street, entregando um lucro por ação de US$ 2,58.

  • Petz: CADE vê risco de concentração de mercado e pede estudo econômico, atrasando a decisão sobre a fusão com a Cobasi.

  • CSN: Morgan Stanley rebaixa empresa para venda.

  • Azul: entra com pedido de recuperação judicial nos Estados Unidos.

  • Bradesco: Citi passa a recomendar compra, enxergando aumento do ROE.

  • BTG: paga R$ 1,5 bilhão por ativos do Banco Master.

  • XP: divulgou calendário de eventos pelo Brasil, com a intenção de contratar mais de 1.000 assessores.

MODA

Com camisa e no topo da Nasdaq

Deixando manequins e recepcionistas bombados de lado, a Abercrombie & Fitch passou por uma grande repaginada e surpreendeu todo mundo – inclusive Wall Street. E os números do primeiro trimestre trouxeram recordes:

  • Vendas recordes para o período: US$ 1,1 bilhão;

  • Lucro por ação: US$ 1,59, acima da expectativa de US$ 1,39;

  • 22% de aumento na marca Hollister.

Não foi só uma troca de fachada e vitrine. teve pente-fino na operação inteira, inclusive na cadeia de suprimentos: a dependência da China, que já foi de 30%, praticamente sumiu. Resultado? Menos risco, mais margem e um resultado relativo melhor que as concorrentes: American Eagle (-33,5%), Nike (-18%) e Lululemon (-17%)..

As ações chegaram a subir +30% durante o pregão de ontem, mas fecharam em 14,65%. Um “cheirinho” da performance nos últimos dois anos – período em subiu mais de 550%, antes de cair 50% com a notícia das tarifas americanas. Pra alguns analistas, essa disparada de ontem tem cheiro de short squeeze.

Apesar do show nos números, a empresa revisou pra baixo suas projeções de lucro e ainda calcula um impacto adicional de US$ 70 milhões nas receitas por causa da tarifas, além de uma diminuição nas margens entre 1,5% e 2%.

P.S: O documentário na Netflix Abercrombie & Fitch: Ascensão e Queda conta um pouco da história da marca

STATS DO DIA

10 trimestres

Foi o que a Nvidia levou para que o seu segmento de Data Center fosse de US$ 3.6 bilhões para US$ 39.1 bilhões.

INDIQUE O DROP

“Mas o que eu ganho?”

Não tem ação da Nvidia, mas a lista de merchs exclusivos do MoneyDrop é belíssima! Se você quer essas belezinhas, clica aqui pra pegar seu link de indicação e começa a espalhar a palavra.

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