Bom dia Droppers.

Pensei no chuveiro: que quem aposta no S&P olha para o futuro. Já quem aposta no ouro olha para o passado a história… E às vezes a história vence.

No Drop de hoje, em 5 min e direto ao ponto:

• Ouro x S&P: quem brilha mais?
• Ambipar: o K.O no COE
• Polymarket: a nova bet da NYSE
• Bolsa: Wall Street no modo compacto

Dropped by Igor Chede Collaço e Renan Hamann
GIRO PELO MERCADO

Por aqui, depois de uma semana sangrenta, com a maior queda dos últimos dois meses rolando na terça-feira, a bolsa finalmente reagiu e marcou sua primeira alta. Hoje devemos ver os impactos da queda da MP que aumentaria o imposto sobre praticamente toda a sopa de letrinhas do mercado financeiro: IOF, LCI, LCA, CRI, CRA, etc. A agenda da Faria Lima ainda inclui a divulgação do IPCA de setembro, com a expectativa de alta acima dos 0,50%

Lá fora, foi mais um dia marcado por altas: S&P 500, Nasdaq-100, Ouro, Prata... tudo batendo máxima histórica! Impulsionando ainda mais as máximas, a divulgação da ata do FOMC revelou que a maior parte do comitê vê mais dois cortes de juros para esse ano. O que não está em máxima é o estoque de petróleo dos EUA, que parece ser menor do que o esperado – o que fez o preço disparar.

VISUAL

Ouro x S&P: quem brilha mais?

Quando as coisas começam a ficar esquisitas, os investidores saem correndo para o abraço aconchegante das barras de ouro. Inflação teimosa, tensões geopolíticas, dívida dos EUA e o shutdown do governo americano deram um empurrãozinho para a o metal bater os US$ 4.000 a onça pela primeira vez.

Toda essa mistura indigesta reacendeu o chamado debasement trade, aquele movimento clássico em que investidores correm pros portos seguros e se protegem da desvalorização das moedas fiduciárias (no caso, o bom e velho dólar).

Desde janeiro, o ouro subiu mais de 50% , o melhor desempenho desde 1979. O metal dourado superou o S&P 500, o Bitcoin e até a Nvidia nos últimos 12 meses.

O ouro já deixou o S&P 500 comendo poeira em praticamente qualquer período: 1, 5, 10 ou 25 anos. É o tipo de desempenho que faz muito investidor olhar pro portfólio e pensar: “será que tá faltando um pouco de brilho aqui na minha carteira?”.

Enquanto isso, bancos centrais continuam empilhando o metal em seus balanços, e investidores saem sugando ETFs para se proteger do furacão econômico causado por guerras comerciais e o clima geopolítico explosivo

E daqui pra frente?

O Goldman Sachs já revisou sua projeção para US$ 4.900 até o fim de 2026. Mas o Bank of America acha que podemos ver uma exaustão da alta, com possível correção agora para o último trimestre do ano.

No fim das contas, o ouro segue como aquele amigo confiável em dias de tempestade: mesmo quando tudo balança, ele continua firme e brilhando. Ter um pouco desse metal na carteira não é só questão de glamour, mas de estratégia para se proteger, surfar a volatilidade e ainda deixar seu portfólio mais reluzente.

MACRO/AÇÕES
  • SPY: o famoso ETF do S&P teve saída líquida de US$ 32,7 bilhões esse ano.

  • Mercado de trabalho: motivos para o baixo crescimento dos empregos nos EUA.

  • Trilogy Minerais: empresa exploradora de minerais dispara 200% após a Casa Branca comprar 10% de participação.

  • Argentina: governo vende mais US$ 1 bi das reservas para tentar conter a desvalorização do Peso.

  • S&P: criou o S&P Digital Markets 50, índice que agrega 15 criptomoedas e 35 ações relacionadas a criptomoedas.

  • GPA: Rafael Ferri foi derrotado na assembleia que elegeu o novo conselho.

  • Claro: está perto de comprar 100% a Desktop e tiraa empresa da bolsa.

  • Master: FGC rola linha do Master por mais 45 dias.

  • Reag: anuncia fechamento de capital após aprovação da CVM.

  • MRV: ação cai com os dados prévios do 3º tri, que mostra queima de caixa.

  • Ford: caiu 6,14% devido a um incêndio em um fornecedor de alumínio que pode interromper a produção por semanas – até meses.

  • Totvs: Citi vê a empresa como a melhor aposta no setor de tecnologia.

A Desktop subiu 9,19%, batendo quase +60% nos últimos dias*. A empresa que é alvo de aquisição da Claro vem elevando seus dividendos por 3 anos consecutivos, acima da média do setor.

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INVESTIMENTOS

Ambipar: quando o COE vira K.O.

Combinar proteção e rentabilidade, quem não quer? Assim era a promessa dos COEs da Ambipar, que na prática mostraram como uma estrutura “sofisticada” pode derreter (muito) rápido. A treta começou quando a empresa entrou em modo pânico e pediu uma tutela cautelar pra se proteger de credores. A treta continou com as gestoras liquidando os COEs antes do prazo e deixando geral P da vida….

O mercado todo reagiu:

  • Os números: desde o pedido, as ações da AMBP3 caíram +90%.

  • As gestoras: a XP liquidou os COEs antecipadamente, devolvendo só 6,88% do valor investido, ou seja, um preju de +93%.

  • As redes: o tom é unânime, com geral reclamando de má orientação, promessas de segurança e a sensação de ter comprado algo que nem entendia. As corretoras dizem que os riscos estavam no contrato – mas vender um produto complexo pra pessoa física é mais complexo que isso.

Por dentro, o COE da Ambipar era um “bond repack”: basicamente, um título de dívida reempacotado, com cheiro de renda fixa e gosto de renda variável. O problema é que, quando a empresa emissora dá sinais de calote (ou “reestruturação”), o pacote desmancha e o COE pode ser liquidado.

Enquanto as críticas fervem, o mercado de COEs só cresce. Em 2024, o estoque chegou a R$ 90 bilhões, com mais de mil novas operações por dia na B3, sendo a maioria do tipo “capital protegido” ( as da Ambipar não eram desse tipo).

No fim, a história deixa uma lição clássica do mercado: quando alguém promete o “melhor dos dois mundos”, melhor checar se ele não está te vendendo um bilhete pra um mundo paralelo.

PS1: rumores de que a Ambipar prepara pedido de RJ para a próxima semana.
PS2: a empresa acusa ex-CFO pela crise financeira, que foi se defender na CVM.

BOLSA

Polymarket: a nova bet da NYSE

via Ingame

A Bolsa de Nova York fez uma aposta na Polymarket, literalmente. A poderosa Intercontinental Exchange, dona da Bolsa de Nova York, comprou uma fatia de US$ 2 bilhões da Polymarket, uma plataforma de apostas baseada em cripto que virou febre por permitir que as pessoas “invistam” em previsões do mundo real.

Entre apostas sobre quem vai ganhar a F1, até se Jesus Cristo vai retornar em 2025, o negócio avalia a empresa em US$ 8 bilhões, e marca um belo voto de confiança da velha guarda de Wall Street na nova fronteira dos “mercados de previsão”.

Em 2022, a Polymarket foi praticamente deportada para o exterior e proibida de operar com americanos pelos reguladores federais, porque estava funcionando sem registro na CFTC (Comissão de Negociação de Futuros de Commodities). Até que o governo Trump reverteu tudo:

  • No começo de julho, o Departamento de Justiça e a CFTC encerraram duas investigações sobre a Polymarket sem apresentar acusações.

  • No final de Julho, a empresa comprou a corretora de derivativos QCX, o que permitiu sua volta triunfal (e legal) ao mercado americano.

  • No meio de Agosto, a Polymarket recebeu investimento da firma de venture capital de Donald Trump Jr, que também entrou no conselho da empresa.

Além das apostas nada tradicionais que fizeram a fama da empresa, neste ano a Polymarket lançou as previsões relacionados a esportes, dando um jeitinho de contornar as leis de apostas esportivas americanas. Resultado: o volume de negociações explodiu.

As estimativas são que a receita dos mercados de bets previsão podem chegar a US$ 8 bilhões até 2030. No fim das contas, a Bolsa de Nova York está, oficialmente, apostando nas apostas.

PS: o maior sucesso do Polymarket está nas eleições de 2024, quando antecipou corretamente a vitória de Donald Trump, e movimentou mais de US$ 3,2 bilhões em volume.

BOLSA

Wall Street: em modo compacto

Pode parecer estranho, mas o mercado acionário americano também está encolhendo. Em 1996, no auge da bolha dotcom, havia quase 8,1 mil empresas listadas; hoje esse número caiu para pouco mais de 4 mil.

Cada vez mais companhias estão preferindo ficar no "modo privado" por mais tempo. Pense em unicórnios como SpaceX, Stripe, OpenAI… todas gigantes que decidiram que a Bolsa pode esperar. Outras tantas estão fechando capital, como a Electronic Arts, que na semana passada fez sua OPA.

Por que tanta fuga? A explicação não vem de um lugar só:

  • Expectativas: estar listado significa jogar o jogo do curto prazo, sempre tentando bater expectativas trimestrais e subir o guidance.

  • Burocracias: demandas de governança e as regulações federais ficaram bem mais pesadas nas últimas décadas.

  • Tranquilidade: fechar o capital é se livrar do ruído da bolsa e focar no longo prazo… sem precisar olhar a cada três meses para o gráfico de resultados.

E o número de listadas deve diminuir ainda mais. Os acordos da EA e da Walgreens mostram que os compradores voltaram a bancar megadeals – e, com possíveis cortes de juros pelo FED, o crédito mais barato deve turbinar as compras alavancadas (sonho de qualquer fundo de private equity).

É claro nem todas as empresas querem sair da bolsa. Para muitas, o valor em estar listadas passa por espalhar a marca, atrair investidores e manter o controle das operações.

Acontece lá, acontece aqui! A B3 também vê menos empresas listadas, mais operações nos bastidores e várias com a dúvida crescente entre ficar pública ou privada.

STATS DO DIA

137 mil

Será o aumento diário da produção de petróleo do cartel OPEP+

Via WSJ.

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