
Bom dia Droppers.
Pensei no chuveiro: que o agro pode até ser pop, mas quando ele não consegue pagar as contas o banco mais antigo do Brasil vai junto pra longe das paradas de sucesso.
No Drop de hoje, em 5 min e direto ao ponto:
• Banco do Brasil: um trimestre (bem) difícil
• Softbank: abandonando a Nvidia (para abraçar a OpenAI)
• Buffett: a carta do bom velhinho
• BTG: o melhor trimestre da história

GIRO PELO MERCADO

Por aqui, depois de 15 altas consecutivas o Ibovespa, enfim, viu o fim da invencibilidade – mas numa derrota com gosto de empate, de apenas -0,07%. Os investidores agora ficam se perguntando se é só uma pausa para o rally de final de ano ou se teremos, de fato, uma correção maior de toda essa alta acumulada no mês.
Lá fora, depois de passar pela votação no Senado, foi a vez da Câmara ontem votar pelo projeto para finalizar o shutdown, o que ajudou o Dow Jones a alcançar nova máxima, chegando pela primeira vez nos 48 mil pontos. Já nas commodities, o preço do petróleo derreteu depois que a OPEP+ anunciou um aumento da oferta para atender a demanda de 2026.
VISUAL
Banco do Brasil: um trimestre (bem) difícil

Não é replay do trimestre passado: o banco mais antigo do país registrou nova queda no lucro, com o agro pesando outra vez. A inadimplência subiu, as provisões dispararam... A diretoria já tinha avisado que o 3º tri seria duro – e foi. Pra piorar, o guidance de 2025 caiu de R$ 21–25 bi pra R$ 18–21 bi.
Os números do trimestre:
🔴 Lucro Líquido ajustado: R$ 3,78 bilhões, abaixo dos R$ 4,03 bilhões esperados.
🔴 ROE: 8,4%, bem abaixo dos 21,1% do mesmo período do ano passado.
🔴 Inadimplência: 4,93%, subindo 1,6 p.p
O agronegócio, que já foi o queridinho do banco, agora virou aquele cliente que não atende mais o gerente: a inadimplência no setor saltou de 1,97% para 5,34% em um ano. Segundo o banco, muitos produtores resolveram esperar as regras da MP 1.314 antes de renegociar dívidas, o que elevou a inadimplência e travou o crédito.
Os calotes chegaram a 4,93% da carteira total, contaminando até o crédito de pessoa física, que bateu 6,01%. Segundo o BB, a culpa vem da soja (literalmente) e das chuvas que não vieram. Muita fazenda ficou esperando os R$ 12 bilhões de crédito rural prometidos pela MP. E a inadimplência brotou no campo.
As provisões para devedores duvidosos (PDD) subiram 12,7% e chegaram a R$ 17,9 bilhões. O banco admitiu que parte desse aumento veio de “um caso corporativo específico”, mas sem citar nomes. O mercado inteiro especula se é a Ambipar.
O gol de honra
Mesmo tomando uma goleada em quase tudo, o crédito para pessoas físicas continua crescendo (R$ 350 bilhões, +2,3%), puxado por consignado e cartão.
Olhando para o fim do ano, o CFO Giovanne Tobias, não passou confiança, comentando que as provisões seguem altas em outubro, e o plano é “controlar” em novembro e dezembro. Traduzindo: o agro continua patinando e o BB continua sangrando e esperando que o verão traga bons ventos e mais pagamentos.
PS: O banco vai pagar R$ 410,58 milhões em JCP, ou seja, R$ 0,0719 por ação.
Recomendação dos analistas:
Compra: 4 | Neutro: 8 | Venda: 1
Preço-alvo médio: R$ 26,32| Preço atual: R$ 22,80
MACRO/AÇÕES
EUA: lucrou com as operações de swap cambial com a Argentina.
Ata Copom: tom foi firme, paciente e sem pressa para mexer a Selic.
CVM: procura voluntários para testar sistema de combate a fraudes.
AMD: espera triplicar os lucros até 2030.
B3: lucro cresce 3,5% no trimestre, batendo R$1,2 bilhão.
FedEx: ações sobem 5,4% após a guidance otimista de lucros futuros.
S&P: Goldman Sachs prevê o índice S&P em 7.600 pontos até o final de 2026, um ganho de 11% em relação ao patamar atual. Mas para a próxima década seria um ganho modesto de 6,5%.
Gol: sai do prejuízo e reporta lucro de R$ 248 milhões no trimestre.
Banco Master: controlador Daniel Vorcaro vende participação em mineradora por R$ 700 milhões para fazer novos aportes no banco..
Porto: lucra R$ 832 milhões no trimestre, com alta de 13% no ano.
Azzas: grupo soma R$ 201 milhões no trimestre, com a receita caindo -2,3%.
iFood: investe até R$ 300 milhões para ampliar o programa de aluguel de bicicletas.
Natura: reverte lucro e tem prejuízo de R$119 milhões no trimestre.
CVC: lucro sobe 36%, chegando em R$ 62,5 milhões e entrega o melhor resultado operacional desde 2019.
TECH
Softbank: abandonando a Nvidia (para abraçar a OpenAI)

Será que a Nvidia chegou no teto de valorização? O Softbank parece achar que sim, pois anunciou a venda de toda a participação que tinha na fabricante de chips. E essa grana vai para a próxima jogada do CEO Masayoshi Son: um novo investimento de US$ 22,5 bilhões na OpenAI, subindo de 4% para 11% na participação.
Apostar ainda mais na OpenAI faz sentido: a startup de US$ 500 bilhões ajudou MUITO o Softbank a registrar US$ 19 bilhões de ganhos no Vision Fund (braço de investimentos de risco) no último trimestre. Foi o maior salto desde o início do fundo… e olha que ele já teve ótimas fases.
Os números do trimestre
🟢 Lucro Líquido: 2,5 trilhões de ienes (mais que o dobro do esperado)
🟡 Receita de 1,92 trilhão de ienes, dentro do consenso
🟢 Ganho de 2,2 trilhões de ienes só com a OpenAI
Além do boom da IA, a empresa anunciou um split de ações 4 pra 1 ainda este ano — movimento clássico pra deixar o papel mais “comprável” e trazer mais gente pro bonde. E mesmo com um susto da semana passada (culpa do medo da bolha da IA estourar antes do réveillon), as ações seguem em modo turbo: quase +140% no ano.
Em outras palavras, enquanto o mercado se pergunta se a IA vai dominar o mundo, o SoftBank está garantindo seu lugar no trono. Ou, pelo menos, o primeiro assento na plateia
PERSONALIDADES
Buffett: a carta do bom velhinho

Fim de ano é tempo em que todo mundo manda cartinha pro Papai Noel. Nesse ano, o bom velhinho (Warren Buffett, nesse caso) decidiu escrever também, mas para o mercado – e está fazendo isso pela última vez como CEO da Berkshire Hathaway.
Nas cartas anuais, Buffett sempre gostou de transformar números em histórias, lucros em lições e volatilidade em humor. Seu personagem favorito? O “Sr. Mercado”, uma criatura emocional e imprevisível, que às vezes chega empolgado demais (fazendo os preços dispararem) e outras deprimido (vendendo tudo por qualquer trocado).
Aos 95 anos, ele usou sua “carta de despedida” pra deixar mais que números: um manual sobre envelhecer com sabedoria, investir com propósito e ser gente boa. Entre memórias de Omaha, menções a Munger e reflexões sobre o acaso, Buffett reconhece: “Nasci em 1930, saudável, razoavelmente inteligente, branco, homem e nos EUA. Obrigado, Senhora Fortuna.”
Mesmo ainda indo ao escritório todo dia, Buffett admitiu que no placar contra o tempo, todos acabam “derrotados”. Mas, enquanto o tempo corre, ele quer garantir que suas lições e seu legado sigam bem administrados. Por isso, decidiu acelerar as doações às fundações comandadas por seus três filhos.
O futuro da BH
Quem assume a Berkshire Hathaway é Greg Abel e Buffet usou a carta pra reforçar a confiança no sucessor. Disse que não trocaria o novo CEO “por nenhum consultor, acadêmico ou político”.
A Berkshire segue sentada em um recorde de US$ 381 bilhões em caixa e valuation de ~US$ 1 trilhão.
O melhor vem no final. Citando Alfred Nobel, Buffett lembrou que o criador do prêmio só mudou de vida após ler, por engano, seu próprio obituário. “Não espere um erro de impressão”, disse. “Decida como quer que seja o seu obituário… e viva de um jeito que o mereça”.
Entre a morte do parceiro Charlie Munger e a aposentadoria de Buffett, a Berkshire entra em uma nova fase. O bom velhinho sai do palco, mas deixa o script completo.
PS: a última carta de Warren Buffett como CEO da BH.
EARNINGS
BTG: o maior trimestre da história (de novo)

Bater o melhor trimestre da história não é pra qualquer um e o BTG Pactual fez questão de avisar: fez isso lucrando quase R$ 4,5 bi no período. O banco segue colecionando recordes, entregando resultado acima das projeções em praticamente todas as frentes.
Não foi só o lucro que bateu recorde: o banco também cravou índice de eficiência de 34,1%, o melhor da série. Ou seja, gastou só R$ 0,34 para gerar cada R$ 1 de receita.
Os números do trimestre:
🟢 Receita Bruta: R$8,81 bilhões x R$ 7,98 bilhões esperados
🟢 Lucro Líquido: R$4,33 bilhões x R$3,86 bilhões esperados
🟢 ROAE: 28,1% x 25,5% esperados.
Tudo isso num cenário de Selic ainda nos dois dígitos, o que só deixa o feito mais impressionante. A receita total cresceu 37% em um ano e chegou a R$ 8,8 bilhões, com um ROE de 28,1%. O motor veio da expansão das áreas:
Crédito corporativo atingiu R$ 218 bilhões (+17%), enquanto o segmento de PMEs somou R$ 29 bilhões. Só a área de Corporate Lending rendeu R$ 2,2 bilhões (+25,8%), e a captação líquida foi de R$ 83 bilhões no trimestre.
Wealth Management segue crescendo como se não houvesse amanhã: já são R$ 1,1 trilhão sob gestão, um salto de 32,5% em um ano. A receita da área chegou a R$ 1,4 bilhão (+35,7%), impulsionada pela compra da JGP Wealth Management e um belo crescimento orgânico.
Asset Management foi pelo mesmo caminho, com R$ 1,2 trilhão em ativos e receita de R$ 747 milhões (+23,3%).
Sales & Trading, mais um recorde: R$ 1,9 bilhão em receita, surfando na alta atividade de clientes e nas operações estruturadas.
Investment Banking foi a mais instável, reflexo dos juros altos, mas ainda entregou crescimento anual de 69,2%, com 52 emissões de dívida e 11 ofertas de ações e 7 de M&A.
Com R$ 685 bilhões em ativos e patrimônio líquido de R$ 65,6 bilhões, o banco mantém uma estrutura sólida e um índice de Basileia de 15,5%, bem acima do mínimo. Enquanto outros bancos apertam os cintos, o BTG segue com o pé no fundo – gastando pouco, crescendo muito e transformando eficiência em arte.
Recomendação dos analistas:
Compra: 9 | Neutro: 3 | Venda: 0
Preço-alvo médio: R$ 51,58 | Preço atual: R$ 53,67
STATS DO DIA
58,3%
É a fatia atual de participação que os investidores estrangeiros atingiram na bolsa brasileira. Os percentuais já foram de 55,8% em 2024 e 54,7% em 2023.

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