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💰 As 7 (não tão) Magníficas

+ boom da logística + SPACs de volta ao jogo

Bom dia Droppers.

Pensei no chuveiro: que a logística no e-commerce é como o backstage de um grande show — o público não vê, mas sem ela, nada aconteceria.

No Drop de hoje, em 5 min e direto ao ponto:

• Mag-7: desempenhos nem tão Mag
• Logística: o boom era do e-commerce
• SPAC: a volta dos que não foram
• Juros: spread baixo no crédito privado

Dropped by Igor Chede Collaço, Renan Hamann e Matheus Novaes
GIRO PELO MERCADO

Por aqui, no final do dia de ontem tivemos o Senado confirmando a votação da Câmara dos Deputados e aprovando o decreto legislativo que derruba o aumento do IOF. O ministro da Fazendo, Fernando Haddad, se diz preocupado com o nível da Selic, mas poupou Galípolo, atual presidente do BC, e culpou Roberto Campos Neto (o ex). Mesmo entre os ruídos políticos e a volta da novela fiscal, a Fitch reafirmou o rating do Brasil em BB, com perspectiva estável. Hoje temos divulgação do IPCA-15 e amanhã CAGED, com dados do mercado de trabalho.

Lá fora, Jerome Powell, em apresentação no Congresso americano, se recusou a responder se vai haver corte de juros em julho, mas disse que a inflação dos próximos 2 meses vai ser vital para a tomada de decisão. Já Trump, segundo o WSJ, estuda antecipar a nomeação do substituto do Powell, numa tentativa de “miná-lo”. O mandato do Powell vai até maio de 2026. Amanhã será a divulgação da inflação PCE, o principal índice de inflação utilizado pelo FED.

VISUAL

As Mag-7 já não são tão Mag

Depois de anos liderando o mercado, as Mag 7 (Microsoft, Apple, Nvidia, Alphabet, Amazon, Meta e Tesla) vivem um 2025 marcado por volatilidade, ajustes de rota e uma corrida bilionária por IA – tudo sob pressão de novas regulações e tensões geopolíticas.

A maioral das magníficas: somente a Nvidia mantém previsão de lucro acima de 25% em 12 meses – graças à liderança em chips de IA. Receitas batem recordes, valuation chegou à máxima histórica US$ 3,76 tri, e nem restrições de venda para a China atrapalham tanto. O que muda é que agora 40% da receita vem de outras seis empresas (as Mag).

Já as outras seis magníficas: a mediana do crescimento fica nos 10%: praticamente empatado com os outros 493 papéis do S&P 500. E quase todas se espelham na Nvidia para reverter esse quadro:

  • Microsoft: precisa liberar caixa pra investir em IA e anunciou um layoff para julho. Deve investir US$ 80 bi no setor.

  • Amazon: também foca em IA e deve colocar mais US$ 100 bi para competir no mercado empresarial.

  • Apple: enfrenta queda na China e não foca tanto em IA – deixando essa parte para parceiros estratégicos. Seus investimentos são mais em segurança e no seu ecossistema.

  • Meta: foi a única que começou o ano bem e agora tem o desafio de manter o ritmo sem eventos como eleições ou Olimpíadas para impulsionar engajamento.

  • Google (Alphabet): segue forte em cloud e IA, mas sofre pressão dos EUA por práticas anticompetitivas no search. Vai investir US$ 75 bi em infraestrutura e servidores para turbinar IA.

  • Tesla: caiu quase 20% no ano com vendas fracas e incertezas sobre subsídios. Mira na IA para carros autônomos, mas seu orçamento de US$ 5 bi em 2025 é tímido frente às rivais..

O grupo ainda dita o ritmo da tecnologia global, mas enfrenta mais desafios, competição acirrada e pressão regulatória. Meta e Nvidia são os destaques positivos do momento, enquanto Apple e Tesla sentem o peso da desaceleração e das mudanças de cenário. Se não tá fácil pra elas, imagina pra gente!

BRASIL

E-com: o boom da logística

Esqueça o estereótipo do Seu Jaiminho evitando a fadiga! Entre o "pedido realizado” e o “saiu para entrega" existe uma verdadeira corrida contra o tempo. Dos centros de distribuição à porta da sua casa, o e-commerce está puxando uma revolução silenciosa (mas acelerada) na estrutura logística do país.

Com 40 milhões de m² em galpões (e mais 4,2 mi a caminho), o Brasil já é o segundo maior mercado logístico da América Latina – só perde pro México. E a movimentação tá intensa: novos players de e-commerce chegando e precisando de mais espaços.

Segundo a McKinsey, logística pode abocanhar até 20% da receita das empresas do setor de ecommerce. Quem mais pesa? Frete (58%), armazenamento (23%) e manuseio (19%).

Segundo um estudo da JLL, o mercado de galpões logísticos e industriais cresceu 25% em três anos, e a combinação de demanda alta e oferta limitada está colocando fogo no mercado. Resultado?

  • Aluguéis subindo: só no segundo semestre do ano passado o valor médio subiu 9%.

  • Vacância despencando: menor taxa desde 2016, em 8,1%.

  • Investimentos: Só o MercadoLivre anunciou investimento recorde de R$ 34 bilhões para esse ano, aumentando seus CDs de 17 para 27 aqui no país.

No jogo da "última milha" – aquele trecho final da entrega – cada quilômetro conta. Por isso, a localização do galpão virou fator crítico: tem que estar colado nas grandes cidades, com acesso fácil às rodovias e com estrutura básica garantida.

Com juros altos e câmbio oscilante, construir novos galpões não é tarefa fácil. Mas a demanda continua crescendo, puxada pelo apetite do consumidor e pela pressão por entregas mais rápidas. Isso em escala nacional: além do Sudeste, o Nordeste também começa a receber atenção – a Log, por exemplo, possui metade do seu estoque de terrenos por lá.

O setor de galpões logísticos representa atualmente 15% do IFIX (o índice da IBOV que representa os fundos imobiliários) e possui valor total de mercado de aproximadamente R$ 25 bilhões. E quais são os ativos mais relevantes nessa jogada? HGLG11 (3,83%), BTLG11 (3,11%) e XPLG11 (2,18%).

Quem conseguir alinhar localização, estrutura e eficiência logística vai ganhar muito mais do que velocidade: vai ganhar mercado.

BOLSA DE VALORES

SPACs: A volta dos que não foram

img via VIP Graphics

Wall Street ama inventar jargões! Mas a paixão é por inventar novas formas criativas (e chamativas) de empacotar ideias de investimento… digamos, questionáveis. E, no caso da febre dos SPACs, nem dá pra chamar de nova – só de questionável mesmo.

Para quem bloqueou essa lembrança por motivos de trauma financeiro: as SPACs, ou “empresas de aquisição de propósito específico” são tipo um encontro no escuro com seu dinheiro: empresas criadas com o único objetivo de comprar outra e levá-la à bolsa em até 2 anos. Se não comprarem, o dinheiro volta. É como pegar um Uber sem saber o destino e torcer pra não acabar no meio do nada.

Durante a ressaca pós-pandemia, as SPACs viraram febre e em 2020 foram mais da metade de todas as novas empresas listadas na bolsa. Mas a maioria dessas SPACs virou fumaça: só em 2023 foram 21 falências e US$ 46 bilhões evaporando das contas dos investidores. “Um sucesso de crítica e público”.

Lá e de volta outra vez

Como quase toda moda insiste em voltar em algum momento, as SPACs estão tendo seu comeback agora em 2025 – já são US$ 11,2 bilhões no ano, contra apenas US$ 1,8 bilhão no mesmo período de 2024. As movimentações estão mais discretas do que no boom, mas estão acontecendo:

  • Anthony Pompliano: o bitcoin-promoter apareceu nessa semana com um novo projeto de cripto, que levantou US$ 750 milhões e foi direto para o mercado via SPAC.

  • Chamath Palihapitiya, o autointitulado “Rei dos SPACs”, perguntou na semana passada em uma enquete no X se deveria voltar ao jogo. A resposta? 71,3% disseram que não. O suficiente para ele dizer sim para novos SPACS.

  • Goldman Sachs: também decidiu voltar a fazer SPACs, depois de passar três anos longe dessas aventuras.

E por que essa repentina paixão reacendida? Porque o mercado de IPOs está meio travado. E, quando a porta principal está trancada, tem gente que tenta entrar pela janela. A SEC até tentou dar uma arrumada na bagunça: apertou as regras e limitou conflitos de interesse, na esperança de evitar mais desastres cinematográficos.

PS: aqui no Brasil, a Semantix puxou a fila dos SPACs em 2022 com a Alpha Capital e foi seguida pela Nuvini em 2023.

MACRO/AÇÕES
  • FED: Jerome Powell reiterou que não há pressa em cortar as taxas de juros.

  • Bond: o “rei dos Bonds”, Bill Gross, alerta que os bonds de 10 anos terão dificuldades em ficar abaixo dos 4,25%

  • China: mais de 80 empresas chinesas saíram das bolsas americanas nos últimos seis anos.

  • IOF: Senado confirma votação da Câmara e derruba decreto que aumentava IOF.

  • Auren: seis meses após aquisição de ativos da AES Brasil, empresa vê nova necessidade de aporte financeiro.

  • Uber: fechou parceria com a Loggi para expandir seu serviço de entregas no Brasil e passa a concorrer com os Correios

  • Raízen: que fornece 68% do combustível usado pela Azul, ameaça cortar o fornecimento por falta de pagamento.

  • Votorantim: mira nos US$ 1 bi em ativos imobiliários nos EUA.

  • JBS: Família Batista toca o sino na NYSE e com a listagem já entra automaticamente no Russell 1000.

  • Sanepar: vai mirar concessões fora do Paraná em breve.

  • Natura: com a incorporação da Natura&Co, começará a ser negociada com o ticker NATU3. Cada ação NTCO3 será convertida em uma ação NATU3.

SELIC

Juros nas nuvens, spreads no chão

A recente alta da Selic para 15% funciona como mais um gole de gasolina para os custos financeiros das dívidas das empresas. Em cenários como esse, o investidor de crédito privado deve afinar a lupa e lembrar que nem tudo que reluz (promessa de rendimento) é ouro (retorno efetivo).

Quando empresas emitem títulos de dívida (CRI/CRA, debêntures), elas oferecem uma rentabilidade maior que o CDI para atrair investidores, já que não possuem a proteção do FGC. Esse valor a mais é chamado de spread.

Em teoria, mais risco = mais prêmio. Na prática? O apetite por renda fixa tá tão alto que até empresa capenga tá captando barato. Nesse cenário, o spread médio das debêntures caiu de CDI + 3,4% para CDI +1,8% desde o início do ano.

High grade vs high yield

Se o spread não mostra o risco real, fica fácil se iludir e acabar comprando dívida de empresa mais enrolada que novela mexicana. Empresas "high yield" – as mais endividadas ou com notas de crédito medianas – estão suando. E com a Selic a 15%, o custo do crédito pra elas pode bater 20% ao ano. Haja margem para sobreviver.

High Yield:
são caracterizados por oferecer um rendimento acima da média do mercado e geralmente possuem um risco de crédito mais alto, em grau especulativo.

High Grade: 
são empresas mais sólidas, com menor risco de crédito. Por possuírem indicadores mais estáveis, precisam pagar menos spread para captar dinheiro.

Com tudo isso, muitos gestores de crédito privado colocaram o pé no freio e escolheram manter o dinheiro em caixa, ao invés de alocá-lo. Afinal, é melhor perder um happy hour dos juros do que acordar com um calote nos recebimentos.

Segundo o Serasa: 7,3 milhões de empresas estavam inadimplentes em março. Os recordes de calote foram quebrados três meses seguidos no começo desse ano!

A lógica deveria servir também para o investidor pessoa física, pois é hora de ter cautela. Aquela debênture high yield pagando CDI + 2,5% por 8 anos pode parecer uma maravilha hoje. Mas e se o CDI despencar daqui a dois anos? Rendimento mais magro e torcida para a inflação não devorá-lo ou para empresa não quebrar.

STATS DO DIA

100 mil ações

da Nvidia foram vendidas nos últimos dois dias pelo fundador e CEO, Jensen Huang, que colocou US$ 15 milhões no bolso. Mas ele não deve parar por aí. O plano de venda preestabelecido (conhecido como 10b5-1) permite a Huang vender até 6 milhões de ações até o final de 2025 – totalizando potenciais US$ 865 milhões.

Via CNBC

INDIQUE O DROP

Salvando a economia

Você abre essa news: Selic! Abre um site: Selic. Liga a TV: Selic. Vai até a geladeira às 3h45 da manhã com sede porque bebeu pouca água depois do Happy Hour que se estendeu porque galera tava muito animada com a Copa do Mundo de Clubes: Selic.

OK, nesse último caso o que tem mesmo é dor de cabeça. A gente não pode evitar essa específica, mas na do mercado financeiro a gente consegue ajudar sim!

Todas as terças e quintas, o MoneyDrop chega na sua caixa de entrada só com o que mais importa no mundo financeiro – e isso inclui sabe quem? Isso mesmo, a Selic. Indique o MoneyDrop para seus amigos, ganhe merchs exclusivos e ajude mais pessoas a terem uma dor de cabeça a menos.

PS: Beba água.

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