
Bom dia Droppers.
Pensei no chuveiro: que agora que Marfrig e BRF viraram uma só, o mercado de proteínas ficou basicamente um churrasco onde só mudam as marcas do carvão.
No Drop de hoje, em 5 min e direto ao ponto:
• BTG: da boutique ao pódio dos gigantes
• Buffet: dando adeus à BYD
• Argentina: entre tangos, pesos e rejeições
• MBRF3: a estreia da gigante

GIRO PELO MERCADO

Por aqui, o ibovespa abriu a semana em queda, com os investidores temendo mais sanções ao Brasil por parte dos EUA. O destaque ficou com Cosan, que caiu -18,13% depois de anunciar duas novas emissões, captando recursos para diminuir sua alavancagem. O mercado agora acompanha a ata do Copom que irá ser divulgada hoje, e contará mais detalhes de como foi a reunião que decidiu manter a Selic em 15% e ter uma postura mais rígida.
Lá fora, foi dia de mais um recorde para o S&P500 e Nasdaq 100, com as grandes empresas de tech empurrando os índices. Detalhe que a maior parte das empresas do S&P500 caiu o que já está se tornando comum, acontecendo em 7 ocasiões dos últimos 15 pregões – evidenciando a concentração das techs no portfólio do índice. O ouro também renovou sua máxima e já sobe 42% no ano!
VISUAL
BTG: da boutique ao pódio dos gigantes

Era pra ser só um “banco de nicho”, mas cresceu MUITO, chegou na sua máxima histórica e atingiu o market cap de quase 2 BBs. Esse é o BTG Pactual, comandado por André Esteves, que agora ocupa o pódio dos maiores bancos da América Latina por valor de mercado.
O novo top 5:
Nubank: R$ 415 bilhões
Itaú Unibanco: R$ 396 bilhões
BTG Pactual: R$ 226 bilhões
Bradesco: R$ 173 bilhões
Banco do Brasil: R$ 123 bilhões
No segundo trimestre, o BTG registrou uma receita de R$ 8,3 bilhões, com alta de 38% em relação ao ano anterior – junto com lucro líquido ajustado de R$ 4,2 bilhões e um ROE de 27,1%, o maior da história do banco. Ele ainda vem surfando bem em gestão de fortunas, asset management e tesouraria, áreas que crescem mais rápido que as tradicionais linhas de crédito.
Os números refletem na animação dos analistas:
🚜 Safra: “Isso é só uma amostra grátis”, prevendo que tempos ainda mais favoráveis estão por vir.
🗽 Citi: destacou a habilidade de ampliar o share sem perder o controle dos custos
🪙 Goldman Sachs: elogiou a diversificação e a resiliência do BTG
O duelo BTG vs. XP já foi bem mais acirrado – hoje o valor de mercado da XP (R$ 55 bi) é menos de um quarto do valor do BTG. Assim, o banco que nasceu como “boutique carioca” virou o terceiro maior da América Latina, provando que eficiência e diversificação de negócios ditam as regras do jogo.
A empresa já sobe +73,99% apenas nesse ano.
Recomendação dos analistas:
Compra: 9 | Manter: 3 | Venda: 0
Preço-alvo médio: R$ 49,50 | Preço atual: R$ 47,15
MACRO/AÇÕES
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Loterias: arrecadaram 33% menos do que as bets no 1S’25.
Energia Eólica: Petrobras, WEG e Statkraft iniciam operação da maior turbina no Brasil.
Soja: China amplia aposta no Brasil.
Tarifas: diretora da OMC diz que elas podem desencadear crise mais severa que a de 2008.
Fundos de Investimentos: americanos batem US$ 7,7 trilhões em custódia.
Tesouro Nacional: presidente-executivo da B3 fala da possibilidade da negociação ser 24 horas por dia a partir de 2026.
Brava Energia: a sueca Maha Capital vendeu toda a sua participação (4,7%) do capital da empresa.
CVC: anuncia amortização extraordinária de R$150 milhões em debêntures.
Banco do Brasil: Tesouro lança linha de crédito para o Agro e pode ajudar na inadimplência do banco.
Oracle: Co-CEOs assumem com a missão de dobrar a aposta em nuvem.
Suzano: CADE aprova sem restrições JV com a Kimberly-Clark.
*Conteúdo de marca parceira
INVESTIMENTOS
Buffett: “bye bye BYD”

Tem muita gente que defende que carro elétrico traz economia no longo prazo. Warren Buffet deve concordar, pois depois de 17 anos a Berkshire Hathaway está tirando a BYD do portfólio com ganhos de ~3890%. Nada mal…
Em 2008 a Tesla dominava o mercado e Charlie Munger na BYD um diamante bruto no meio do setor automotivo chinês. Foi aí que a Berkshire comprou 225 milhões de ações por US$ 230 milhões e garantiu 10% da BYD.
De lá pra cá, a BYD conquistou o mundo e os papéis valorizaram junto – com o histórico +41% em um só trimestre em 2022. Buffet reduziu suas fatias gradativamente, e agora, documentos financeiros mostram que ele zerou a posição na gigante chinesa.
📉 As ações da BYD caíram -3,79% depois que a CNBC revelou a venda integral da BH na montadora.
O timing foi certeiro: nos últimos seis meses a BYD caiu 21%, pressionada por concorrência mais barata, investigações regulatórias, quatro meses seguidos de queda nas vendas e o primeiro tombo no lucro trimestral em 3 anos e meio.
Buffett disse que vendeu para buscar outras oportunidades, mas nos bastidores pesaram os riscos geopolíticos com a China — os mesmos que levaram a Berkshire a se desfazer de US$ 4 bi da TSMC. Nas palavras dele: “É um mundo perigoso”.
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ARGENTINA
Entre tango, pesos e rejeição

A Argentina está queimando dólares para não queimar o peso. Só na semana passada, vendeu mais de US$ 400 milhões em reservas para tentar segurar a moeda dentro da banda cambial combinada com o FMI. Mas o movimento pareceu mais remendo do que solução, levando o governo Milei ao seu maior teste até agora.
A Argentina fechou um acordo com o FMI, após o pacote de US$ 20 bilhões fechado em abril de 2025. Isso definiu que a banda cambial deveria estar entre 1.000 a 1.400 pesos por dólar, com os limites ampliados a 1% ao mês.
As reservas argentinas somam US$ 27 bi no papel, mas só US$ 22 bi estão de fato disponíveis – e, nesse ritmo, podem acabar antes das eleições legislativas de outubro. Para o Bradesco BBI, se nada mudar, as reservas livres se esgotam em questão de meses.
Ao que tudo indica, a lua de mel do “efeito Milei” acabou: o choque fiscal derrubou a inflação de 276% para abaixo de 35% em 12 meses, mas o preço foi alto – derrotas no Congresso, queda na popularidade e até aliados começam a se perguntar se a motosserra de Milei não está serrando o próprio galho.
O impacto nos mercados é brutal:
Índice Merval: já cai -34% em pesos e -50% em dólar.
Risco-País: subiu para as máximas do ano, chegando em 1400 pontos (o do Brasil está em ~125).
Câmbio: o dólar já se valorizou 43% no ano.
Juros da dívida externa: chegou a 17%, oferecendo rendimentos de país em pré-calote.
Apesar dos dados negativos, ontem o governo dos EUA reforçou o apoio aos nossos vizinhos e o peso valorizou 2% – com o Merval subindo mais 6%. Hoje devemos ter um encontro entre Milei e Trump e isso pode dar mais um respiro para os números argentinos.
Resta saber se Milei ainda reconquista a confiança ou se o tempo fechou de vez: o FMI já mostra impaciência, investidores saem, a população perde a fé. Se o dólar romper a banda, o clima pode lembrar 2001 – uma economia tentando segurar a represa com um balde furado.
PS: uma pesquisa da AtlasIntel mostrou a rejeição de Milei subindo pelo terceiro mês consecutivo, batendo 53,7%.
DECIFRANDO O CONDADO

Banda Cambial
A banda cambial funciona como uma quadra: a bola (no caso a moeda) não pode sair das laterais.
Se o dólar tenta ultrapassar o limite da quadra, o Banco Central entra como um juiz, puxando de volta para a faixa.
É um modelo que evita tanto a bagunça total do “cada um dirige por onde quiser” (câmbio flutuante), quanto o sufoco de andar sempre na mesma velocidade controlada (câmbio fixo).
BOLSA
MBRF3: enfim a estreia

Depois de meses de novela, com resistência de acionistas minoritários, discussão sobre troca de ações, aprovação do Cade… O MBRF3 é oficial e estreia hoje na B3 – “nascendo” com presença em 117 países e um portfólio que vai de carne bovina a pet food, com marcas de renome, como Sadia, Perdigão, Qualy, Bassi, etc.
A nova empresa estreia com receita líquida de R$ 152 bi e controle de Marcos Molina (52%).
Para os investidores da BRFS3, cada ação virou 0,8521 de MBRF3, mais R$ 1,83 em dividendos e R$ 0,25 em JCP. Já o acionista da Marfrig levou R$ 2,81 por papel.
O que o mercado achou dessa fusão?
BTG Pactual: mantém uma visão neutra até atualizar suas estimativas, mas vê o valor de mercado inicial em R$ 27 bi.
Santander: também tem posição neutra, citando a alta alavancagem como risco.
Citi: projeta sinergias na casa dos R$ 805 milhões anuais.
Goldman Sachs: é o mais otimista, citando o bom momento da BRF no Sul.
No curto prazo, volatilidade. No médio e longo, a promessa é de sinergias, corte de custos e fortalecimento global. Mas, como toda fusão gigante, o desafio é transformar “economia de escala” em resultado real.
STATS DO DIA
30%
É a probabilidade consensual de uma recessão nos EUA para os próximos 12 meses. Esse número chegou perto dos 70% em 2023 e vem caindo.

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