Bom dia Droppers.

Pensei no chuveiro: que por ser um termômetro da economia americana, cada espirro que o Walmart dá já faz Wall Street inteira aparecer de máscara no dia seguinte.

No Drop de hoje, em 5 min e direto ao ponto:

• Walmart: o termômetro dos EUA
• NYSE vs Nasdaq: a guerra das bolsas
• Eli Lilly: US$ 1 trilhão para a dona do Mounjaro
• Zoom: os números do trimestre

Dropped by Igor Chede Collaço e Renan Hamann
GIRO PELO MERCADO

Por aqui, o otimismo do mercado americano fez eco no Brasil e o Ibovespa aproveitou, deixando pra trás os últimos pregões de correção – ou seja: voltou a subir. Sinais positivos na economia também deram uma força para o índice brasileiro, com destaque para o boletim Focus mostrando uma projeção mais amena para a inflação. Hoje também foi pautado no Senado o projeto de aposentadoria especial dos agentes de saúde, que pode impactar os cofres em até R$21 bilhões.

Lá fora, dirigentes do Fed anunciaram apoio à linha-Trump na decisão de cortar juros outra vez e o mercado reagiu positivamente. O setor tech e as empresas de IA ganharam ainda mais força, com Google fechando um contrato multimilionário com a OTAN. Essa semana vai ser mais curta, com os americanos comendo peru comemorando o Dia de Ação de Graças. A bolsa por lá ficará fechada na quinta, e a liquidez de sexta também vai ser bem reduzida.

VISUAL

Walmart: o termômetro dos EUA

Sabe o termômetro que você usa quando acha que está ficando gripado? Wall Street tem um parecido pra ver a saúde da economia americana: o report de resultados do Walmart.

Com 4.600 lojas espalhadas pelos EUA e 150 milhões de visitas por semana, o maior varejista do país funciona como um IBGE com carrinho de compras. Ele é praticamente um censo ambulante do comportamento de consumo dos EUA e atrai consumidores tanto endividados quanto endinheirados.

A gigante registrou US$ 180 bilhões em vendas no trimestre, superou as expectativas e ainda entregou um crescimento de 4,2%. Nada mal para um momento em que o país vive um combo de mercado de trabalho esfriando, layoffs pipocando e preços insistindo em jogar contra.

Os números do trimestre:

  • 🟢 Receita: US$179,5 bilhões, acima dos US$ 177,4 bi esperados

  • 🟢 Lucro por ação: US$0,62 x US$0,60 esperados

  • 🟢 Margem Bruta: 24,2%, aumentando 0,2 p.p

Além dos números a empresa voltou a levantar a régua das projeções: agora espera que as vendas anuais cresçam entre 4,8% e 5,1%. É a segunda vez seguida que o Walmart revisa suas metas para melhor! E de volta à comparação do termômetro: é como se a febre da ameaça de recessão americana estivesse baixando.

O relatório do Walmart chega num momento em que economistas estão com a pulga atrás da orelha sobre o consumo americano. Target e Home Depot já avisaram que os clientes estão mais cautelosos. No Walmart, os executivos também foram diretos: o consumo está estável, mas “dividido”: alta renda puxando as compras, enquanto a baixa renda mostra uma vibe mais “compro, só se valer a pena”.

O e-commerce foi um dos destaques, subindo +27% no ano. Hoje, 95% das casas americanas recebem a entrega do Walmart em menos de 3 horas. Não é delivery, é quase um teletransporte. Um terço dos pedidos já é expedido nesse modo turbo e a receita dessas entregas rápidas subiu 70% em um ano.

O consumidor está exigente, o cenário econômico está confuso e o Walmart está surfando tudo isso como quem já virou faixa preta em entender o bolso do americano. Os clientes podem até reclamar… mas continuam passando no caixa.

PS: para fechar o pacote de novidades, o Walmart anunciou que vai trocar sua listagem da NYSE para a Nasdaq no dia 9 de dezembro, mas mantendo o bom e velho ticker WMT.

Recomendação dos analistas:

Compra forte: 9 | Compra: 31 | Neutro: 1 | Venda: 1

Preço-alvo médio: US$ 118,21 | Preço atual: US$ 104,08

MACRO/AÇÕES
  • ETFs: estreia na Nasdaq o primeiro ETF alavancado de uma empresa brasileira.

  • Crédito Privado: inadimplência deverá aumentar em 2026.

  • Ray Dalio: “é bolha, mas não vendam ainda”.

  • Moderna: é a ação mais “short” do S&P500.

  • Agência de Ratings: a volta da discussão após o caso Master.

  • Grupo Mateus: identifica erros contábeis em balanços anteriores.

  • Neoenergia: vendeu a hidrelétrica de Dardanelos para a EDF por R$2,5 bilhões.

  • Iberdrola: anuncia OPA de R$65,5 bilhões pela Neoenergia.

  • Vale: emitiu um bond híbrido de 30 anos, com yield de 6,12%.

  • Google: subiu +6,25% depois de anunciar um contrato multimilionário com a OTAN.

BOLSAS

NYSE x Nasdaq: a guerra das bolsas

Imagine duas boates rivais no coração de Nova York. De um lado, o NYSE, o veterano cool que toca jazz desde 1792 e ainda circula de terno e sapato Oxford. Do outro, a Nasdaq, o jovem descolado que estreou em 1971 com um “laptop” antes mesmo de existir laptop – hoje brilhando em neon perto da Times Square.

Assim como você já deixou a boate eletrônica pra ir ouvir pagode, tem empresa que troca de boate bolsa. O Walmart, por exemplo, decidiu fazer as malas e trocar de casa depois de meio século na NYSE.

É quase como trocar um apartamento clássico na 5ª Avenida por um loft moderninho no Brooklyn. A gigante do varejo disse que a mudança tem tudo a ver com “tecnologia” e “inovação”. Ou seja: a Nasdaq vendeu melhor seu lado tech-friendly.

Essa briga por inquilinos não é de hoje. Nasdaq e NYSE vivem um eterno cabo de guerra corporativo. Palantir e Kimberly-Clark já tinham pulado a cerca rumo à Nasdaq; Ameris Bancorp e Southside Bancshares fizeram o caminho inverso. No placar mais recente, porém, a Nasdaq tem comemorado mais:

  • Só no primeiro semestre conseguiu 11 migrações, sendo o do Walmart o maior da história (US$850 bilhões).

  • Já são 509 empresas “resgatadas” da NYSE em duas décadas, totalizando US$ 2,7 trilhões em valor de mercado.

Em novos IPOs, a vantagem também é dela: 142 aberturas de capital só na primeira metade de 2025, contra modestos 15 da NYSE. Hoje, a Nasdaq abriga cerca de 4000 empresas, enquanto a NYSE tem cerca de 2.400.

Essa disputa virou internacional também. A Nasdaq anda fazendo charme até para brasileiros, com executivos cruzando o hemisfério para cortejar fundadores e possíveis listagens. Antigamente era a NYSE que vivia por aqui.

Hoje, as 6 maiores empresas do mundo em valor de mercado estão na Nasdaq o que, convenhamos, é um baita outdoor para atrair mais moradores. Além disso, o custo de listagem na Nasdaq chega a ser até 10x mais barato.

O bom momento fez as ações da Nasdaq subirem 110% em cinco anos, levando o valor de mercado a US$ 51 bilhões. Ainda assim, não bate a ICE – dona da NYSE – que vale US$ 87,5 bilhões. Só que tem um detalhe: grande parte da grana da ICE vem de derivativos, energia, juros e outros negócios que pouco têm a ver com a disputa NYSE x Nasdaq. No último trimestre:

  • Nasdaq: faturou US$ 1,31 bilhões, crescendo 15% no ano.

  • ICE: faturou US$ 2,4 bilhões, crescendo 3% no ano.

A briga é boa. A novela é longa. Até as bolsas americanas estão vivendo sua própria “guerra de streaming”.

INDÚSTRIA FARMACÊUTICA

Eli Lilly: US$ 1 trilhão para a dona do Mounjaro

A Eli Lilly acaba de bater US$ 1 trilhão em valor de mercado. Com a alta de ~30% no mês, a farmacêutica subiu se tornou a 1ª empresa de saúde a entrar no clubinho dos trilionários – e se juntar à Berkshire Hathaway como as duas únicas não-tech.

E o motivo dispensa suspense: GLP-1, o princípio ativo queridinho do momento. As estrelas Zepbound e Mounjaro já representam mais da metade da receita da empresa, trazendo US$ 10 bilhões de um total de US$ 17,6 bilhões no último trimestre.

Mounjaro: US$ 6,52 bilhões, alta de +109% em um ano.
Zepbound: US$ 3,59 bilhões, alta de +184% em um ano.

Desde que lançou o Zepbound, em 2023, a ação da Lilly virou um foguete: +75%, e +36% somente neste ano (enquanto a Novo Nordisk caiu 44,42% e a Pfizer recuou 5,64%).

A disputa com a dinamarquesa Novo Nordisk (dona de Ozempic e Wegovy) virou a grande disputa da perda de peso. A Novo até saiu na frente, mas tropeçou no básico: estoque. Aí a Eli Lilly garantiu seu espaço em um desejado mercado global de US$ 72 bilhões.

O setor agora corre atrás do Santo Graal: um GLP-1 em pílula. Analistas apostam que a Lilly tem a carta mais quente (Orforglipron) que, ao contrário do comprimido da Novo, nem exige jejum. A empresa quer pedir aprovação à FDA até o fim do ano e colocar o remédio nas prateleiras em 2026. O potencial? Wall Street fala em até US$ 40 bilhões por ano no auge.

PS: as ações da Novo Nordisk, despencaram ontem depois que a empresa anunciou que um de seus medicamentos para diabetes não conseguiu retardar a progressão da doença de Alzheimer em testes de fase final.

PS2: se Alphabet subir mais 4,8%, ela entra para o clube dos US$ 4 trilhões.

DECIFRANDO O CONDADO

Satoshi

Com o BTC dando aquela escorregada marota, é justamente agora que muita gente aproveita pra encher o bolso de… satoshis. Mas o que é isso? O Drop explica:

Cada bitcoin é fatiado em 100 milhões dessas migalhinhas digitais – o que significa que seus R$10 já viram uma microfamília cripto.

E, com empresas tratando BTC como cofre de guerra, esses satoshis podem crescer. Quer entrar no jogo com quem lidera o mercado? Conheça a Binance.

*Conteúdo de marca parceira.
Não é recomendação de investimento, conheça todos os detalhes da oferta

EARNINGS

Zoom: os números do trimestre

A Zoom soltou seus resultados e mostrou que as reuniões, ainda, não foram substituídas por um e-mail. Os resultados foram acima do esperado e aliás, se tem uma coisa que a Zoom tem feito com consistência é entregar resultado acima do que o mercado espera: nos últimos quatro trimestres, fez isso em todos.

Resultado? As ações subiram 3,8% no after-hours. E a empresa ainda jogou confete no guidance: espera lucro entre US$ 1,48 e US$ 1,49 por ação no próximo trimestre, acima dos US$ 1,45 previstos por analistas, com a receita entre US$ 1,23 bi e US$ 1,24 bi.

Os números do trimestre:

  • 🟢 Receita: US$1,23 bilhões, acima dos US$ 1,18 bi esperados

  • 🟢 Lucro por ação: US$1,52 x US$1,43 esperados

  • 🟢 Guidance: US$1,48-US$1,49 x US$1,4 esperados

Como acontecem em 10 a cada 10 conference calls, a empresa também mostrou ter fichas na IA. A Zoom tem lançado uma penca de ferramentas para ajudar em tarefas que ninguém quer fazer numa reunião: tomar notas, resumir discussões, lembrar quem prometeu entregar o quê.

Em setembro, chegou o AI Companion 3.0, a versão mais “turbinada” e personalizada. E ainda tem o Custom AI Companion, o pacote premium que custa US$ 12 por usuário ao mês

Não é a Zoom frenética da pandemia, não está brilhando, mas também não está apagada. Está ali com o microfone no mudo, esperando o momento certo de se fazer ouvir e ainda precisa provar que consegue crescer sem depender de lockdowns ou reuniões eternas.

A ação hoje está -86% abaixo do pico histórico de US$ 584,24, em outubro de 2020.

Recomendação dos analistas:

Compra forte: 13 | Compra: 3 | Neutro: 16 | Venda:2

Preço-alvo médio: US$ 93,36 | Preço atual: US$ 78,60

PS: se você acha que muita reunião pode ser um email, você sabe do valor de uma inbox bem informada. Então, que tal indicar o MoneyDrop pros seus amigos? É só pegar seu link aqui!

STATS DO DIA

US$ 75 bilhões

é o novo valuation da fintech Revolut, após anunciar nova rodada com Nvidia e outros fundos. Agora a empresa encosta no valor de mercado do Nubank, avaliado em cerca de US$ 77 bilhões.

Via Pipeline

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