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Bom dia Droppers.

Pensei no chuveiro: que a gente aprendeu que é sempre melhor vender o que puder pelo maior preço, mas os conselheiros da Warner querem convencer todo mundo de que toda regra tem uma exceção – e ela pode custar US$ 30 bilhões.

No Drop de hoje, em 5 min e direto ao ponto:

• Robôs: controlando a formação de preços
• Warner: US$ 27,75 na mão ou US$ 30 voando?
• Stablecoins: agora com auditoria
• BofA: otimismo para 2026
• Stats: influenciadores e certificações

Dropped by Igor Chede Collaço e Renan Hamann
GIRO PELO MERCADO

Por aqui, o Ibovespa fez algo que não fazia há um bom tempo: caiu dois dias consecutivos. Quem puxou o pé do índice? Além do mau humor externo também vieram os resultados das pesquisas eleitorais para 2026. A queda de -0,79% poderia ter sido bem maior, mas nossas gigantes das commodities avançaram, com Vale subindo +1,27% e Petrobras +1,11%

Lá fora, o setor de tecnologia mostrou de novo que está praticamente dominando o mundo – o que significa que qualquer desequilíbrio pode resultar em grandes tombos – e um dia ruim acabou contaminando todo o mercado. Falas de dirigentes do Fed deixaram o mercado mais cauteloso, principalmente após os dados de mercado de trabalho divulgados.

BOLSA

Robôs: controlando a formação de preços

Se antes a bolsa brasileira era movida a café e planilha, hoje ela roda a café, código e if/else. Em apenas sete anos, a atuação dos robôs na B3 praticamente quintuplicou. Hoje, quase metade de todo o dinheiro que gira na bolsa (44,5%) já passa pelas mãos, ou melhor, pelos servidores, das máquinas. Em 2018 isso não chegava a 20%.

  • O volume médio diário de operações feitas majoritariamente por algoritmos saltou de R$ 2,4 bilhões, em 2018, para R$ 11,2 bilhões em outubro deste ano.

Essa invasão silenciosa mudou a dinâmica dos preços no Brasil. Hoje, quem puxa o fio do Ibovespa são fundos quantitativos estrangeiros – não o investidor local. O efeito colateral veio junto: volatilidade turbinada, sobretudo em balanços ou quando alguma notícia força o mercado a refazer contas às pressas.

Zoom out: dados do UBS BB mostram que a presença crescente de CTAs (fundos automatizados que seguem tendência como quem segue GPS) vem amplificando os movimentos da bolsa.

Zoom in: no “Flavio Day”, quando o Ibovespa tombou mais de 4%, a queda foi turbinada pela saída coordenada de estrangeiros e pela redução das posições compradas dos fundos sistemáticos.

No micro, o efeito fica escancarado e oscilações viraram rotina. Na última temporada de balanços, o espetáculo foi completo: 24 empresas caíram mais de 5% em um único dia, enquanto outras 20 subiram na mesma magnitude. Natura, Marcopolo, Minerva e Hapvida afundaram em dois dígitos; do outro lado, Braskem, CVC, MBRF e Usiminas dispararam.

No pano de fundo, há uma mudança estrutural: investidores locais perderam espaço na formação de preços, enquanto alocadores estrangeiros, muitos deles quantitativos, ganharam protagonismo. Isso acompanha uma tendência global… nos EUA, os modelos quantitativos já respondem por cerca de 1/3 das negociações.

Por aqui, ainda estamos engatinhando, mas o caminho parece inevitável. Com algoritmos, gestoras conseguem monitorar mais de mil ativos ao redor do mundo, cruzar dados macro, fundamentos e padrões de preço – algo que exigiria um exército de analistas humanos.

O desafio, claro, é garantir que os robôs acertem mais do que errem.

MACRO/AÇÕES
  • Inflação: Banco Central projeta que ela vai pro centro da meta, em 3%, a partir do 1° tri de 2028.

  • Hong Kong: em um ano cheio de IPOs, dezembro ainda promete entregar mais.

  • PIB: BC revisa projeções para cima, tanto para 2025 (2,3%) quanto para 2026 (1,6%).

  • Desemprego: americano alcança 4,6%, maior número nos últimos 4 anos.

  • Fundos Incentivados: sofrem resgates desde a ameaça da taxação dos títulos isentos

  • Medline: levantou US$ 6,26 bi no seu IPO, bem acima dos US$ 5,37 bi planejados.

  • Mater Dei: BTG eleva a recomendação da rede de hospitais.

  • Riachuelo: vende shopping Midway Mall por R$ 1,6 bilhão

  • Aegea: contrata bancos para um possível plano de IPO.

  • Oracle: ação cai novamente com o fim do projeto com a Blue Owl.

  • Orizon: realiza seu maior M&A, incorporando a Vital Engenharia por R$ 3 bilhões.

  • Correios: socorro deve ficar próximo a R$ 12 bi, segundo Haddad.

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MERCADO

Warner: US$ 27,75 na mão ou US$ 30 voando?

Ter US$ 108 bilhões é melhor que ter US$ 72 bilhões, mas o conselho da Warner está tentando convencer os acionistas de que toda regra tem uma exceção – e, nesse caso, que aceitar menos dinheiro da Netflix seria melhor. Em carta, rolou até acusação de que a oferta da Paramount (a maior oferta) estaria mentindo ao prometer US$ 30 por ação.

Na proposta, a Paramount garante que a grana vem da Família Ellison – com o CEO sendo filho de Larry Ellison, o dono da Oracle e um dos homens mais ricos do mundo. O conselho da Warner diz que isso não procede e que traz riscos significativos à transação.

Ao mesmo tempo, o Conselho diz que a oferta da Netflix (72 bi) daria US$ 27,75 por ação, mas num acordo que não requer financiamento e tem compromissos de dívidas mais claros. E aí seria melhor 27,75 na mão do que 30 voando.

A treta maior acontece porque a proposta da Paramount é apoiada por uma Family Trust dos Ellison, mas a Warner quer que o próprio Larry esteja assinando os cheques – e não o fundo. David (filho de Larry e CEO da Paramount) mandou o clássico: “aceito o feedback, mas vou seguir na batalha” – indo à Casa Branca pra buscar atalhos.

Como a Paramount chegou com os dois pés na porta uma oferta hostil diretamente pros acionistas, o que resta agora ao Conselho da Warner Bros é justamente aconselhar os acionistas. E, no momento, eles têm certeza de que Stranger Things está valendo mais do que jogos da Libertadores. De toda forma: o fim da história só chega na próxima temporada e ela não tem data de lançamento.

PS: fontes da Bloomberg dizem que alguns grandes acionistas da Warner ficaram com a pulga atrás da orelha depois de David Ellison não ter dado respostas claras às preocupações do Conselho.

PS2: mesmo que os acionistas rejeitem a oferta da Paramount, o caminho da Netflix ainda vai ser longo para convencer os reguladores americanos e Donald Trump.

CRIPTO

Stablecoins: agora com auditoria

Novos mercados, novas regras: a Moody’s resolveu colocar ordem na casa das stablecoins. A agência de rating – com 116 anos de estrada, praticamente um dinossauro na escala cripto – anunciou que prepara um novo sistema de avaliação para um mercado que já encosta nos US$ 300 bilhões and counting.

A ideia é simples no conceito, mas complexa na prática: avaliar as stablecoins como se fossem depósitos, olhando a qualidade dos ativos que estão lastreando cada token, o risco da volatilidade e as engrenagens por trás do sistema. O grande objetivo é melhorar a visibilidade do mercado, oferecendo uma visão independente.

O timing não é coincidência: esse é um mercado que cresce a ritmo alucinante e se torna mais popular a cada dia. E depois da aprovação da Lei Genius nos EUA, que criou regras claras para esse tipo de cripto, mais reguladores resolveram acordar.

Na prática, a Moody’s vai colocar uma lupa nas reservas. A agência avalia a qualidade de crédito dos ativos que lastreiam a stablecoin, cruza isso com valor de mercado e deixa claro o recado: a nota final será sempre puxada pelo elo mais fraco da corrente. O que entra na conta:

  • Governança;

  • Vulnerabilidades na blockchain;

  • Falhas de segurança ou forks que atrapalhem as transações;

  • Descontos conforme a liquidez e o risco.

A classificação dos ativos será em 5 níveis e stablecoins com carteiras bem comportadas podem chegar à nota máxima: a cobiçada P-1.

Grande parte das stablecoins diz ser lastreada em caixa e equivalentes. O problema é que nem todas passam por uma auditoria completa – o que até já gerou polêmicas com Tether/USDT.

Por fim, a Moody’s faz questão de avisar em letras quase garrafais: o rating não serve para analisar se é ou não um bom investimento… apenas a chance de você conseguir resgatar e converter seu dinheiro.

PS: a stablecoin da B3 deve ser lançada no primeiro semestre de 2026.

BRASIL

BofA: otimismo para 2026

De 4 em 4 anos o cenário econômico vira um caos – e não por causa da Copa do Mundo, é claro. Mas o cenário eleitoral embaralhado não impediu o Bank of America de mandar uma call otimista: para eles, o Banco Central já começa a cortar juros em janeiro, e não com um corte tímido… é logo uma tesourada de 0,5 ponto.

O Copom pode estar pedindo cautela num ambiente de incerteza e praticamente fechando as portas para um corte em janeiro, mas David Beker (economista-chefe do BofA para Brasil e LatAm) defende que o BC vai manter isso só no discurso. E até o último segundo, sem dar brecha para o mercado se animar cedo demais.

Segundo ele, acelerar o corte logo em janeiro faz sentido porque, depois de meses a fio com juros de 15%, ninguém merece começar uma flexibilização a conta-gotas de 0,25 p.p.

No pacote de otimismo do BofA, vem praticamente tudo:

  • inflação cedendo de 4,5% para 4% em 2026;

  • PIB desacelerando só um pouco (de 2,5% para 2% ano que vem);

  • dólar recuando para algo como R$ 5,25 (muito mais por fraqueza global da moeda americana do que por méritos próprios);

  • Selic encerrando o ciclo em 11,25% – bem abaixo do consenso do mercado.

E o caos político-eleitoral? Beker não parece nem suar. Para ele, o fato de Lula estar liderando as pesquisas reduz a chance de um governo “abrir a torneira” sem limites para tentar conquistar votos. Segundo ele, nem a entrada de Flávio Bolsonaro na corrida presidencial deve causar terremoto.

No cenário global, o BofA aposta num dólar mais fraco em 2026 e numa China mais forte que o esperado, com um PIB crescendo a 5% e puxando commodities ligadas à IA, infraestrutura e energia limpa. Isso deve irrigar emergentes, como o Brasil, e criar espaço para cortes de juros mais generosos aqui e em países como México e Colômbia.

STATS DO DIA

90%

é a quantidade dos influenciadores de finanças que chegaram ao top 10 seguidores do Brasil e que não possuem nenhuma certificação profissional para falar sobre o assunto.

Segundo a Anbima, entre os 10, somente o influenciador Tiago Guitián tem certificações do mercado financeiro.

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