
Bom dia Droppers.
Pensei no chuveiro: que num mundo onde todo mundo quer prever o futuro, a única surpresa é que tenha demorado tanto pra existir uma bolsa especializada nisso.
No Drop de hoje, em 5 min e direto ao ponto:
• Paramount vs Netflix: a briga pela Warner
• Renner: depois da arrumação, crescimento
• Self-made: a bilionária dos contratos de evento
• Magnum: um IPO gelado

GIRO PELO MERCADO

Por aqui, sexta-feira foi batizada de “Flávio Day” depois de o índice ter a pior queda desde fevereiro de 2021, mas ontem o pregão foi mais comportado e chegou a ter ganhos tímidos. Amanhã tem reunião do Copom, mas ninguém tem muita esperança em um corte de juros e a Selic deve ficar mesmo nos 15%. O foco do mercado fica no comunicado do comitê, que pode dar pistas sobre uma possível redução da taxa em janeiro – mas que também não é certo, ainda mais depois do susto da semana passada. No fim do dia, Tarcísio ainda comentou que vai apoiar a candidatura de Flávio, adicionando mais tempero ao noticiário.
Lá fora, os mercados fecharam no vermelho, com todo mundo de olho no Fed, que amanhã anuncia sua última decisão de juros do ano. O setor tech foi o único ponto de luz, ajudado por rumores de que Trump pode liberar a venda dos chips H200 da Nvidia para a China. E não é só o Fed que entra em clima de decisão pré-Natal: Suíça, Inglaterra, Japão e BCE também soltam seus vereditos nesta semana.
MÍDIA
Paramount vs Netflix: a briga pela Warner

Plot twist no mercado! Todo mundo já precificava a compra da Warner Bros. Discovery pela Netflix, mas a Paramount Skydance chegou de pé na porta com uma oferta hostil de US$ 30 por ação, tudo em dinheiro. A proposta avalia a Warner em US$ 108,4 bilhões (com dívidas incluídas), ultrapassando com folga o acordo com a Netflix.
Uma oferta hostil acontece quando uma empresa tenta comprar outra sem o “sim” do alvo. Em vez de negociar com a diretoria, o comprador ignora a porta da frente e vai direto aos acionistas, oferecendo dinheiro ou ações para assumir o controle.
A Paramount já flertava com a Warner fazia meses – um romance corporativo que começou lá em outubro. Na briga também estavam Comcast e a Netflix com a proposta da semana passada, num plano que separaria CNN, TNT, Discovery e outras redes antes de qualquer fusão.
As vantagens que pesam para o lado da Paramount:
o cheque maior, de US$ 30 por ação, coloca cerca de US$ 18 bilhões a mais no bolso dos acionistas do que a proposta da Netflix.
sua operação tem mais chance de passar pelos reguladores, já que a Netflix domina bem mais o streaming do que o Paramount+.
Para apimentar o drama, o presidente Donald Trump já tinha alfinetado a aquisição pela Netflix, dizendo que “vai passar por um processo” e que a fatia de mercado é grande demais.
E o preço da traição?
Se a Warner romper o acordo com a Netflix, terá de pagar uma multa de US$ 2,8 bilhões, que é geralmente bancada pelo novo pretendente.
A Netflix, por sua vez, topou pagar US$ 5,8 bilhões se der pra trás nas negociações.
Analistas avisam: essa novela está longe do fim. A Paramount deve recorrer a reguladores e políticos para dificultar a vida da Netflix. No Polymarket, as chances de a Netflix fechar a compra até 2026 caíram de 59% para 16% após a oferta da Paramount.
Enquanto tudo isso vai acontecendo, o mercado vai reagindo como quem acompanha uma série em tempo real: Warner +4,45%, Paramount +9,02%... e a Netflix tropeçando 3,4%.
MACRO/AÇÕES
PIB: sobe apenas 0,1% no trimestre, mas possui revisões positivas.
Japão: PIB caiu -2,3% em relação ao mesmo período do ano passado.
PCE: índice de inflação americano registra 2,8% em 12 meses.
“Flavio Day”: cota dos fundos multimercado no dia que o Ibovespa caiu -4,23%.
Previsões: quanto o mercado acha que vai fechar o S&P no ano que vem.
Confiança do Consumidor: nos EUA cai para o menor patamar desde o início da série histórica, em 1978.
Carvana: entra no S&P 500 com o último rebalanceamento.
Banco Master: deixa 52 FIDCs à deriva e R$ 3,1 bilhões esperando solução.
Victoria's Secret: divulga resultados acima do esperado e também revisa guidance para cima.
Cury: vai pagar dividendos via follow-on de R$ 600 milhões.
XP: aperta controle sobre assessores.
Binance: obtém licenças regulatórias em Abu Dhabi.
IBM: compra a Confluent por cerca de US$ 11 bilhões e entra no mercado de IA.
VAREJO
Renner: depois da arrumação, crescimento

Foram três anos arrumando as araras a casa, em mutirões que foram da digitalização à logística. Agora, a Renner chegou na parte divertida: crescer. No Investor Day de ontem, a varejista apresentou seu plano até 2030, que foi praticamente um plano de expansão, eficiência e rentabilidade.
O mercado aprovou: ontem as ações da empresa foram o destaque de alta no pregão e chegaram a subir +4,30%, mas fecharam em +2,59%.
A meta da empresa é levar o ROI para 20% até 2030, bem acima dos 12,4% de 2024, com receita líquida avançando entre 9% e 13% ao ano. Segundo o CEO, Fábio Faccio, o ciclo anterior foi de obra (cara e extensa), mas a empresa agora está “pronta para escalar vendas e margens” e construir mais andares.
E construir, no caso, significa abrir lojas:
Das 432 lojas atuais para 572-602 até 2030.
Seriam 28 a 34 inaugurações por ano, bem acima do ritmo morno dos últimos tempos.
Só que agora o mapa mudou: em vez de brigar nas capitais, a empresa vai mirar cidades com até 200 mil habitantes, onde a concorrência é mais regional e o mercado endereçável chega a R$ 20 bilhões. A meta é capturar 10% disso.
A estratégia é abrir lojas menores (1,1 mil a 1,2 mil m²), com custo mais leve e margem maior, um formato que já existe em cerca de 90 unidades e vem rendendo bem. As marcas Youcom e Camicado pegam carona no plano de expansão – a primeira dobrando de tamanho e a segunda com aberturas pontuais e reformas.
Na prática, essa abertura de lojas não compete com o digital. Os dados da varejista mostram que, a cada vez que a Renner aparece em uma nova cidade, as vendas online daquela praça sobem entre 10% e 20%. É a omnicanalidade finalmente provando que dá pra ser híbrido sem drama.
Mesmo acelerando o passo, o Capex deve ficar mais enxuto: 6% a 7,5% da receita líquida, bem menos que os 9% da era 2020–2023. Os gastos pesados (CD, tech, logística) já foram. O caixa livre, aliás, cresce 9% ao ano desde 2014 e bateu R$ 1,5 bi no terceiro trimestre.
Com tudo isso, o acionista volta a ter destaque: a empresa pretende distribuir entre 50% e 80% do lucro, com foco forte em JCP. E vem aí também um programa robusto de recompra: até 75 milhões de ações (R$ 1,2 bilhão).
Recomendação dos analistas:
Compra: 10 | Neutro: 5 | Venda: 1
Preço-alvo médio: R$ 19,50 | Preço atual: R$ 14,24
DECIFRANDO O CONDADO

Digital Wallet
Uma carteira digital é seu “porta-tudo” no mundo cripto: guarda chaves, assina transações e conecta você a dApps (os aplicativos descentralizados nas blockchains).
Funciona como seu RG financeiro na web3 – sem banco e sem gerente, só você no comando do que entra, sai e para onde vai.
Abra sua conta na Binance e crie sua digital wallet.
*Conteúdo de marca parceira. Não é recomendação de investimento, confira todos os detalhes da oferta.
PREVISÕES
Self-made: a bilionária dos contratos de evento

Talvez você nunca tenha ouvido falar nela até o fim deste ano, mas Luana Lopes Lara acaba de entrar para o seleto clube das mulheres bilionárias. E mais: é a mais jovem self-made. Nada de herança, só suor, cálculo e… um aporte de US$ 1 bilhão que levou sua startup, a Kalshi, a um valuation de US$ 11 bilhões.
Fundada em 2018, em Nova York, a Kalshi foi a primeira plataforma do mundo onde você negocia o futuro, literalmente. Ela basicamente criou uma nova classe de ativos: os contratos de eventos. E isso é diferente das bets:
não existe banca torcendo para você perder.
a plataforma ganha com volume, não com o erro do usuário.
tem livro de ofertas, compradores, vendedores, spread, liquidez, formação de preço, como uma bolsa de verdade.
por isso fundos, quants, empresas e investidores profissionais começaram a usar contratos de eventos como hedge real para clima, eleições, inflação e indicadores macro.
Enquanto rivais foram multadas por operar sem registro, Luana conquistou a primeira licença oficial para negociar resultados de eventos futuros em 2020. E, em 2024, foi além – levou o governo à Justiça e garantiu o direito inédito de listar contratos ligados a eleições, um tabu de um século. Foram US$ 500 milhões negociados na jogada.
O domínio do mercado
→ Kalshi é o equivalente financeiro de um colégio interno britânico: tudo regulamentado, supervisionado, protocolado. Funciona como uma bolsa oficial dos EUA, sob o olhar atento da CFTC, com depósitos em dólar feitos via banco e “tudo nos conformes”. Domina 60% do mercado.
→ Polymarket é mais para aquela escola alternativa onde você pode andar descalço: descentralizada, nativa em blockchain, liquidações e depósitos em USDC direto pela sua carteira cripto, sem supervisão regulatória. Essa liberdade toda faz com que novos mercados surjam quase na velocidade de um meme.
No universo onde todo mundo quer prever o amanhã, Luana simplesmente decidiu negociá-lo. E simplesmente passou a Taylor Swift no ranking das bilionárias mais jovens do mundo.
BOLSAS
Magnum: um IPO gelado

Você pode achar que Magnum é só mais uma opção no Freezer da Kibon, mas a real é que a marca é uma empresa à parte no portfólio da Unilever. Mais que isso: é a maior fabricante de sorvetes do mundo – dona de Ben & Jerry’s e da própria Kibon – e que acaba de estrear na bolsa, com um IPO que a avaliou em US$ 9,2 bilhões (€ 7,9 bilhões)
Por anos, o negócio de sorvetes foi o patinho feio da Unilever: margens espremidas pelos custos de manter mais de 3 milhões de freezers mundo afora e uma dependência quase emocional do clima: um grau a menos no termômetro já bagunçava completamente a projeção de vendas.
Os executivos insistem: sazonal não significa imprevisível – e, curiosamente, faz sentido. Nos últimos 15 anos, mais de metade das vendas anuais sempre caiu entre maio e setembro (verão no hemisfério norte). E, de 2019 a 2024, a divisão teve menos volatilidade no segundo trimestre do que várias empresas de bebidas.
Livre das distrações de um conglomerado que pensa em Dove, Hellmann’s e limpeza ao mesmo tempo, o novo pure play do sorvete quer crescer 3% a 5% ao ano a partir de 2026 – com uma equipe formada, segundo o CEO Peter ter Kulve, por “gente que acorda e dorme pensando em sorvete”.
PS: a empresa acredita que o avanço dos remédios GLP-1 vai impactar em apenas 0,5% no consumo de sorvetes.
STATS DO DIA
US$ 1,08 trilhão
Foi o superávit comercial chinês até novembro, num valor que já supera o recorde do ano passado inteiro (quando fechou com US$ 994 bilhões).
Via APNews

O que você achou da edição de hoje?
DROPS
Elevando o QI da internet no Brasil, uma newsletter por vez. Nós filtramos tudo de mais importante e relevante que aconteceu no mercado para te entregar uma dieta de informação saudável, rápida e inteligente, diretamente no seu inbox. Dê tchau às assinaturas pagas, banners indesejados, pop-ups intrometidos. É free e forever will be.
