💰 O PIB vem de trator

+ weg fabricando bilionários + carrefour sai da bolsa

Bom dia Droppers.

Pensei no chuveiro: que o Agro puxa o PIB como um caminhão que carrega a carga pesada do crescimento — não é o mais rápido, mas é confiável para fazer o trabalho pesado.

No Drop de hoje, em 5 min e direto ao ponto:

• XP vs BTG: o duelo das corretoras
• PIB: o poder do Agro no Brasil
• WEG: fabricando motores e bilionários
• Carrefour: saindo da bolsa oito anos depois

Dropped by Igor Chede Collaço, Renan Hamann e Matheus Novaes
GIRO PELO MERCADO

Por aqui, o boletim Focus voltou a diminuir a projeção para o IPCA ao fim do ano, após o IPCA-15 vir com dados menores do que o esperado e a Petrobras anunciar uma redução de 5,6% no preço da gasolina nas refinarias, o que deve impactar em 0,1% no IPCA do ano. Mas para junho, a elevação da bandeira tarifária de amarela para vermelha, deve adicionar 0,21% na inflação do mês. Sobre o aumento do IOF, Galípolo, presidente do BC, foi enfático: “não se deve usar IOF nem para arrecadar, nem para apoiar a política monetário”.

Lá fora, o sell in may and go away não funcionou esse ano, com o S&P entregando a melhor performance para o mês de maio desde 1990 e foi a primeira vez no ano que a performance dos ativos americanos foi melhor que o resto do mundo. Já junho começou mais nervoso: pela manhã todos os índices caíram com receios sobre o andamento das tarifas, mas viraram à tarde com a confirmação da Casa Branca de que Trump e Xi Jinping possuem nova reunião essa semana.

BANCOS

Comparativo: BTG acelera. XP resiste.

Enquanto o BTG Pactual avança como um rolo compressor com aquisições e crédito corporativo, a XP Inc. corre para mostrar que continua relevante — e rentável — no cenário de juros altos. O 1T25 revelou um duelo de estratégias entre os dois gigantes da gestão de investimentos no Brasil, cada um com forças e vulnerabilidades distintas.

Os números do BTG

  • Receita: R$ 6,8 bi (+16% a/a)

  • Lucro líquido: R$ 3,4 bi (+17%)

  • Grande destaque: receita recorde de R$ 1,93 bi em Business Banking.

  • Performance das ações (BPAC11) em 12 meses: +25,8%

Os números da XP

  • Receita: R$ 4,56 bi (+7%)

  • Lucro líquido: R$ 1,23 bi (+20%)

  • Grande destaque: índice de Basileia em 19% e receita da renda fixa superando a variável pela primeira vez.

  • Performance das ações (US:XP) em 12 meses: +2,6%.

É lógico que esses números são reflexos de ações internas e influências externas. Enquanto XP mostra agilidade em adaptar o mix e bate recordes em renda fixa pelo cenário dos juros altos, do lado do BTG a aquisição dos ativos do Julius Baer e da JGP ajudou o banco a ultrapassar R$2 trilhões em ativos sob gestão – consolidando sua presença no segmento de alta renda.

Para os investidores, o recado é claro: BTG é hoje a aposta da sofisticação e escala, enquanto a XP permanece como um gigante adormecido, mas com fundamentos fortes e alta eficiência operacional. Mesmo se o ciclo de corte de juros realmente se concretizar, a XP pode estar bem posicionada para uma retomada.

No fim, são dois caminhos distintos para capturar o mesmo futuro: consolidação e digitalização do mercado financeiro brasileiro.

ECONOMIA

PIB: pisando no acelerador do trator

O PIB brasileiro começou 2025 com o pé no acelerador de uma colheitadeira bem robusta. No 1T25, cresceu 1,4% (+2,9% sobre o 1T24) e o que puxou esse trator econômico foi, literalmente, um trator: a agropecuária subiu incríveis 12,2% e foi a grande estrela da temporada.

Com um clima bom e a soja a mil por hora, o agro é pop entregou ¼ do crescimento do país no trimestre. Entre os outros segmentos:

  • Serviços foi mais tímido, e isso importa (porque representa 70% do valor gerado pela economia). O ritmo de crescimento vem desacelerando há vários trimestres e agora anda quase parando: foi só 0,3% no começo do ano.

  • O Consumo das famílias continuou firme, mesmo com os juros ainda nas alturas: alta de 1% no trimestre e 2,6% no ano. O combo de mercado de trabalho aquecido (desemprego no piso histórico), aumento da renda disponível, crédito e auxílio do governo ajudou bastante.

  • Investimentos, surpreendeu crescendo 3,1% no trimestre e 9,1% no ano. Mas tem uma pegadinha: a maior parte veio de uma compra única, uma plataforma de petróleo. Nada contra grandes compras, mas não dá pra contar com isso todo trimestre.

Nem tudo foi sol e safra: a indústria deu uma escorregada de leve, com queda de 0,1% no trimestre. Nada grave, mas um lembrete de que nem todos os setores estão com as mesmas sementes mágicas.

E daqui pra frente?

Segundo economistas, o segundo semestre promete ser aquele famoso "ficar de lado", com crescimento baixinho ou quase nenhum. Seria o quarto ano seguido em que o Brasil cresce acima do esperado no começo, só pra depois entrar no modo “economia de energia”.

Mesmo em modo de economia, o impulso estatístico do primeiro trimestre já garante um crescimento no ano acima dos 2%. O Boletim Focus projeta o PIB em +2,13% para o ano.

Para o investidor, o PIB é como aquela retrospectiva do Spotify: mostra o que rolou, não necessariamente o que está rolando. Ou seja, ele ajuda a entender o cenário, mas não exige mudanças bruscas na sua carteira de investimentos.

P.S: Dos 48 países que já divulgaram seus resultados, o Brasil ocupa a 5ª posição, ficando atrás apenas da Irlanda (+3,2%), Islândia (2,7%), Hong Kong (1,9%) e Taiwan (1,8%). No acumulado dos 12 meses, o Brasil ficou à frente de países desenvolvidos, como Espanha (+2,8%), EUA (+2,1%), Japão (+1,7%), Reino Unido (+1,3%) e Alemanha (0,0%).

EMPRESAS

WEG: A fábrica de motores bilionários

Em Jaraguá do Sul, cidade pacata de 180 mil habitantes em Santa Catarina, há um tipo especial de feriado não oficial: o Dia dos Dividendos. Na hora em que a WEG pinga seus pagamentos, o humor melhora, a gorjeta fica mais alta e até o vizinho que nunca sorri solta um bom dia.

Estima-se que cerca de 20% da cidade — entre funcionários, famílias e aposentados — depende, direta ou indiretamente, da gigante dos motores elétricos.

A WEG está presente em 17 países e vende para outros 135. Já enfrentou de tudo: hiperinflação, câmbio desancorado, crises políticas, pandemia… e agora encara o novo inimigo global: tarifas do Trump.

Os números do primeiro trimestre:

  • Receita Líquida: R$ 10,1 bilhões (+26% na base anual)

  • EBITDA: R$ 2,2 bilhões (+23% no ano)

  • Lucro Líquido: R$ 1,5 bilhão (+16% no ano)

A estratégia da WEG é espalhar fábricas pelo mapa para conseguir mover a produção de um canto ao outro, dependendo de quem tá fechando fronteira ou subindo tarifa – se complica nos EUA produz no México. O que importa, segundo o CEO Aberto Kuba, é que o mundo cresça e assim a WEG cresce junto.

Riqueza na família (e fora)

Desde sua fundação, a empresa já gerou mais de US$ 21 bilhões para os 56 herdeiros dos fundadores – e dois deles já bateram na casa do bilhão. Tudo isso com uma cultura de simplicidade: nada de jatinho, nada de helicóptero, nada de executivo engravatado posando pra foto e viajando de primeira classe.

Para os investidores que não estão no clã da família, o retorno no tempo também é de sair dando piruetas: mesmo com as ações em queda de 20% neste ano, a empresa sobe 125% nos últimos seis anos e incríveis quase 55.000% somente neste milênio.

A empresa já distribuiu R$11,5 bilhões em dividendos e juros sobre capital próprio desde a pandemia.

A WEG é negociada com múltiplos altos, em 28x P/L, mas o BTG ainda assim vê espaço para altas e tem recomendação de compra, com o preço-alvo em R$61, ou seja, há 45% de potencial de alta.

MACRO/AÇÕES
  • Tesouro Direto: bate 32,2 milhões de investidores.

  • PCE: índice de inflação americano vai para 2,1% em 12 meses.

  • OPEP+: anuncia aumento da produção em 411 mil barris por dia a partir de julho.

  • Gripe Aviária: China bloqueia importações do Brasil e isso deve impactar 15,8% da produção nacional total.

  • China: prepara pacote de US$ 70 bilhões para estimular investimentos.

  • Argentina: demanda por dólar aumenta após Milei flexibilizar o controle cambial.

  • Brasil: Moody’s altera perspectiva do rating de positiva para estável, permanecendo no Ba1.

  • Ex-banqueiro: do Goldman Sachs é condenado a 2 anos de prisão por fraude financeira.

  • Block Trade: somam R$ 15 bilhões e têm funcionado como principal porta de saída dos investidores.

  • Embraer: abre escritório na Índia, em Nova Délhi.

  • Eletrobras: atrai empresas estatais chinesa para compra da Eletronuclear.

  • Minerva: garante R$ 1,7 bi em aumento de capital com adesão de 85% da base.

BOLSA

Carrefour dá “Au Revoir” à bolsa brasileira

Depois de oito anos do seu IPO, o Carrefour Brasil (CRFB3) encerrou sua passagem pela Bolsa brasileira. A história teve de tudo: promessas ousadas, aquisições bilionárias, crise diplomática, tropeços estratégicos e uma amarga desvalorização de mais de 40% do seu preço de lançamento.

A estreia foi com tapete vermelho: IPO de R$5,1 bilhões, sendo o mais badalado de 2017 e o maior desde 2013.

O discurso era promissor: digitalização, com foco no online e dominação do atacarejo com a marca Atacadão. O dinheiro arrecadado até foi usado para este fim, mas… o preço da ação não acompanhou as promessas.

  • Estreia: R$ 13,17 em julho de 2017;

  • Máxima: R$ 23,17 em abril de 2022;

  • Mínima: R$ 5,11 em janeiro de 2025;

  • Encerramento: R$ 8,45 em maio de 2025.

Para chegar até aí, algumas derrapadas aconteceram. A primeira foi com a compra do supermercado BIG por R$ 7,5 bilhões. A promessa? Integração rápida e sinergias. A entrega? Lojas fechadas, margens espremidas e o primeiro prejuízo da história da empresa, em R$375 milhões.

Já em 2024, uma fala do CEO global voltou a colocar a empresa nos holofotes — mas pelos motivos errados: ele afirmou que deixaria de comprar carne do Mercosul. O resultado foi um boicote dos produtores, com direito à intervenção do embaixador francês e uma carta oficial de retratação circulando logo depois.

Carrefour deixa a bolsa valendo R$ 17,8 bilhões – bem abaixo do que os investidores esperavam –, mas a operação ainda é relevante. Como empresa fechada, a expectativa é que o grupo consiga fazer o que dizia que precisava: agir com mais agilidade e menos pressão pública.

E um lembrete para os investidores: nem todo IPO brilhante vira um case de sucesso.

STATS DO DIA

7% da receita

Das empresas do S&P 500 vem diretamente da China. O S&P 500 tem US$ 1,2 trilhão em receita de consumidores chineses — cerca de quatro vezes mais do que o tamanho do déficit comercial em bens entre a China e os EUA.

Via Igor Chede Collaço

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