Bom dia Droppers.

Pensei no chuveiro: que o novo homem mais rico do mundo levou apenas algumas horas para ganhar mais que o PIB de alguns países que nem conseguem aparecer no mapa-múndi sem zoom.

No Drop de hoje, em 5 min e direto ao ponto:

• Oracle: a empresa do homem mais rico do mundo
• AI: ticker perfeito, resultados imperfeitos
• MELI: agora no setor de farmácias
• Oranje: cursinho e cripto na bolsa

Dropped by Igor Chede Collaço e Renan Hamann
GIRO PELO MERCADO

Por aqui, a bolsa chegou a ensaiar uma máxima histórica intraday, com as blue chips Petrobras e Banco do Brasil. Mas perdeu fôlego ao longo do dia, que foi marcado pela divulgação do IPCA de Agosto, que apurou uma deflação de -0,11%. Foi o menor número desde agosto do ano passado, mas acima das expectativas, que apontavam para uma queda maior, em -0,16%.

Lá fora, o relatório da inflação do produtor (PPI) melhor do que o esperado reforçou as esperanças de um corte na taxa de juros, impulsionando as bolsas para cima, com novos recordes do S&P500 e da Nasdaq. O grande destaque foi para as ações da Oracle. Hoje teremos a divulgação da inflação do consumidor (CPI).

VISUAL

Oracle: a empresa do homem mais rico do mundo

O ranking dos mais ricos do mundo tem um novo líder: Larry Ellison, o fundador da Oracle, passou Elon Musk depois de ganhar US$ 100 bilhões em questão de horas – as horas após reports, quando as ações da empresa saltaram 35,9%.

O motivo? Apesar de ontem a Oracle ter divulgado seu resultado trimestral com números abaixo do esperado, as projeções de cloud fizeram a empresa ter o seu melhor dia desde 1992, colocando seu valor de mercado na casa do US$ 1 trilhão.

Os números do trimestre:

  • 🔴 Receita: US$ 14,93 bi (vs. US$ 15,04 bi esperados)

  • 🔴 Lucro por ação ajustado: US$ 1,47 (vs. US$ 1,48 esperados)

  • 🟢 Receita de cloud: US$ 3,3 bi, +55% na base anual.

Além do crescimento de 55% em Cloud, o futuro promete ainda mais. Com a OpenAI, já há contrato de US$ 300 bilhões para data centers de 4,5 GW. E a empresa também anunciou o Oracle AI Database, que leva modelos da OpenAI direto para os bancos de dados dos clientes.

Não à toa, as projeções agora são de que a receita de nuvem pule de US$ 10 bi em 2025 para US$ 144 bi em 2030, colocando a empresa no mesmo ringue de Microsoft e Amazon.

No fim, a Oracle pode até ter tropeçado nos números do trimestre, mas mostrou que joga o jogo de longo prazo. Se entregar o que promete em cloud e IA, não só garantiu a coroa de Larry Ellison como também mostra que tem força para continuar na briga por muito tempo.

Recomendação dos analistas:

Compra forte: 6 | Compra: 23 | Neutro: 10 | Venda: 0

Preço-alvo médio: US$ 320,92* | Preço atual: US$ 328,33

** O preço-alvo médio abaixo do atual é pelo fato de ela ter subido quase 35,9% ontem e os analistas ainda não terem atualizado seus novos preços-alvo com os dados do trimestre.

IA

AI: Ticker perfeito, resultados imperfeitos

Ter o ticker “AI” poderia ser visto como uma jogada de gênio em de Wall Street: só de olhar, o investidor já imagina foguetes decolando, crescimento infinito e relatórios no verde. Mas, na prática, não é isso que está acontecendo com a C3.ai, dona do ticker mais cobiçado no momento.

Só no último mês, as ações despencaram 34%, após a empresa soltar projeções mais fracas. E com os números oficiais do trimestre afundou ainda mais:

  • 🔴 Receita US$ 70,3 milhões, caindo 19% no comparativo ano contra ano.

  • 🔴 Prejuízo: quase US$ 117 milhões.

  • 🔴 Prejuízo por ação: US$ 0,86.

  • 🔴 Caixa e equivalentes: US$ 711 milhões, o que, neste ritmo, segura a empresa por mais 6 trimestres.

De números negativos ela entende. Desde o IPO em 2020 (com alta de 140% no primeiro dia), nunca registrou lucro.

Ela já trocou de pele algumas vezes – começou como C3 (carbono e clima) em 2009, virou C3 IoT em 2016 e, em 2019, tentou migrar para o C3.ai e surfar o boom da inteligência artificial. Só faltou um detalhe: vingar de verdade.

O fundador Tom Siebel classificou o trimestre de “completamente inaceitável” e passou o bastão para Stephen Ehikian assumir como CEO, ficando só como chairman. Mesmo assim, garante que a empresa tem “um mercado gigante, produto incrível e clientes felizes”… só Wall Street que não vê.

Moral da história: AI no ticker não garante AI nos lucros.

PS: a empresa já caiu -87% desde o seu IPO.

PS2: quem sabe que IA vai além do hype dos tickers e quer ficar por dentro do assunto (de verdade) pode assinar também o AiDrop.

MACRO/AÇÕES
  • Brasil: BofA prevê corte de juros no Brasil ainda em 2025, antes do esperado pelo mercado.

  • Argentina: inflação sobe 1,9% em agosto e acumula 33,6% nos últimos 12 meses.

  • IPCA: cai -0,11% em agosto e tem sua primeira deflação no ano.

  • Japão: índice Nikkei 225 atinge nova máxima histórica com a alta de quase 10% do SoftBank.

  • Tarifas: Trump pediu para a UE colocar tarifas de 100% sobre produtos chineses e da Índia para pressionar a Rússia.

  • Café: Brasil eleva exportações para México e Colômbia após tarifas americanas.

  • Payroll: revisão de -911 mil vagas no mercado de trabalho nos últimos 12 meses até março de 2025.

  • Alibaba: se tornou a empresa mais negociada na China.

  • Robinhood: bate máxima histórica depois de entrar no S&P500.

  • Engie: estuda vender sua fatia no setor de transmissão.

  • Oncoclínicas: aumento de capital em até R$ 1,5 bilhão pode reduzir o alto endividamento.

  • GameStop: entregou aumento de lucros pelo segundo semestre consecutivo, com vendas subindo 22%.

BRASIL

ML nas farmácias: ameaça ao setor?

Na última semana, o Mercado Livre confirmou a compra da Target, da Memed, e carimbou sua entrada no balcão das farmácias brasileiras. Agora, MELI ganha acesso a um mercado bilionário (mais de R$ 200 bilhões, incluindo higiene e beleza), mas vai enfrentar o desafio de bater a conveniência das farmácias físicas.

A expectativa é de que a primeira aposta seja nos medicamentos sem prescrição – com logística mais simples e margens melhores. Só nesse setor a empresa pode conseguir US$ 2 bilhões de GMV em cinco anos, o que daria uns 3% do bolo total do MELI no Brasil.

O Itaú BBA projeta que, em 2030, o segmento de farmácias represente apenas 6,5% do GMV de MELI. Parece pouco, mas o GMV total de MELI em 2025 deve ser maior do que todo o varejo de medicamentos do Brasil.

Quando o assunto envolve prescrição, o segmento é gigante (US$ 18,5 bilhões em 2024), mas a penetração online ainda engatinha. Para o Itaú, o Mercado Livre deve ganhar espaço em remédios de uso crônico, mas dificilmente vai bater a conveniência da farmácia física para aquela compra de emergência.

A XP Investimentos acredita que o movimento do Mercado Livre é só o primeiro passo: testar e depois sair comprando redes estratégicas.

O impacto nas outras farmácias?

Segundo o Bradesco BBI, a notícia é negativa para as gigantes do ramo, como a RD (Raia Drogasil), mas longe de ser disruptiva. Isso porque:

  1. os marketplaces já concorrem em parte das vendas de itens de saúde e bem-estar;

  2. medicamentos com prescrição exigem regras e logística bem mais rígidas;

  3. a capilaridade das grandes redes continua sendo um trunfo.

Contudo, a tendência é que as margens sejam sacrificadas para ficarem competitivas no preço, com o consumidor ganhando nessa guerra. Quem deve sofrer mais são as farmácias independentes, que já operam no limite e podem não resistir a mais esse player no mercado.

QUIZ

Qual farmacêutica teve esse comportamento durante o ano?

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IPO

Oranje: cursinho e cripto na bolsa

Ter bitcoin na tesouraria e estar listada na B3 é algo que só a Méliuz faz hoje. Mas ela deve ganhar companhia: a recém-criada Oranje (de investimentos em cripto) está se preparando para abrir capital e quer ser a maior bitcoin treasury company da América Latina – com 3x mais estoque que a Méliuz, que hoje guarda 605 BTC.

O IPO será “diferentão”, um IPO reverso. Para isso, a Oranje vai se fundir com o CNPJ do Intergraus, um cursinho pré-vestibular da Bioma Educação, pular a fila da CVM e já chegar à Bolsa com ticker pronto.

IPO reverso é basicamente o atalho do mundo corporativo: em vez de passar pelo processo longo, caro e cheio de roadshows de um IPO tradicional, uma empresa pega carona em outra que já está listada na bolsa.

Inspirada na MicroStrategy de Michael Saylor – que desde 2020 acumula 629 mil BTC (US$ 70 bi) –, a Oranje segue o modelo das “bitcoin treasuries”. Essas empresas funcionam como um ETF turbinado, dando exposição a quem não compra cripto direto e se alavancando via ações ou dívidas conversíveis para acumular mais moedas.

Nos últimos anos, esse “manual Saylor” virou moda e gerou clones ao redor do planeta. Agora, a Oranje quer ser a versão brasileira dessa história e só falta saber se os investidores vão embarcar nessa com o mesmo entusiasmo.

PS: A Bioma confirmou que seguirá no suporte administrativo da Intergraus até o fim do ano. Já a Oranje promete manter as atividades educacionais enquanto usa a estrutura para acumular bitcoins.

STATS DO DIA

~US$ 6 trilhões

É quanto cresceu o market cap das S&P 500 em 2025, um aumento de 12% no índice que vem batendo recorde atrás de recorde. São 10 Ibovespas em menos de um ano.

Todos os meses, os analistas da InvestingPro se juntam a modelos de IA para escolher as 20 ações mais promissoras do índice. Conheça essa e outras estratégias de investimento na InvestingPro.

*Conteúdo de marca parceira
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