Bom dia Droppers.

Pensei no chuveiro: que o investidor do mercado de chips às vezes se parece com o próprio produto. Esquenta fácil, esfria devagar e vive à beira de um colapso térmico.

No Drop de hoje, em 5 min e direto ao ponto:

• PETR: extraindo lucro e dividendos
• IA: quem aposta contra?
• Cogna: estudando pra passar de ano
• Oi: é hora de dar tchau

Dropped by Igor Chede Collaço e Renan Hamann
GIRO PELO MERCADO

Por aqui o Ibovespa segue no modo Turbo e já são 11 pregões batendo sua máxima histórica com 14 seguidos de alta – a maior sequência desde maio de 1994, quando o Real foi lançado e a gente ainda sonhava com o Tetra. O índice já sobe 29% no ano, e quase 50% em dólar! Hoje tivemos a divulgação do IPCA de outubro, que subiu 0,09%, abaixo das expectativas de 0,16% e ainda teremos a divulgação da ata do Copom, que vai revelar como foi a discussão que decidiu não mexer na Selic.

Lá fora, o maior shutdown da história americana finalmente caminha para o seu fim, após a votação do Senado americano, o que deu um pouco de gás para a volta do otimismo nos mercados. Ontem tivemos a última carta de Warren Buffett como CEO da Berkshire Hathaway,

VISUAL

PETR: extraindo lucro e dividendos

No meio da montanha-russa que anda o preço do petróleo, – sobe, desce, dá looping e ninguém sabe onde vai parar – a Petrobras segue firme no carrinho e fechando o trimestre com um lucro líquido de R$ 32,7 bilhões, em uma alta modesta de 0,5%, mas que mantém o caixa da estatal gordo e o mercado animado.

  • 🔴 Receita total: R$ 127,9 bilhões, caindo -1,3%

  • 🟢 Lucro líquido: R$ 32,7 bilhões, subindo 0,5%

  • 🟢 Ebitda ajustado: R$ 63,9 bilhões, subindo 1,1%

  • 🟢 Caixa: R$ 38,1 bilhões, subindo 0,7%

Os ganhos cambiais deram o gás do trimestre: R$ 5,6 bi só nessa linha – mostrando que às vezes é melhor torcer pelo dólar do que pelos barris. Reversões contábeis renderam mais R$ 1,5 bi. Sem esses extras, o lucro cairia 6%, pra R$ 28,6 bi.

A companhia segue investindo firme: foram US$ 5,5 bilhões no trimestre, alta de 23,7% em relação ao ano anterior. Quase tudo foi para projetos de exploração e produção, porque, no fim das contas, é dali que vem o dinheiro (e a gasolina que você põe no carro).

A dívida líquida subiu levemente, chegando a US$ 59 bilhões, mas a alavancagem continua controlada, em 1,53x o EBITIDA. Para os padrões da Petrobras, é como dizer que a conta está em dia.

No geral, o trimestre foi mais cambial do que operacional, onde o real trabalhou mais que o pré-sal. Mas o recado foi que mesmo com o petróleo oscilando, a Petrobras segue entregando resultados robustos, gerando caixa e pagando dividendos. Falando neles, a empresa abriu a torneira mais uma vez: serão R$12,6 bilhões repassados ao acionista, pagos em 2 parcelas.

Recomendação dos analistas:

Compra: 13 | Neutro: 3 | Venda: 0

Preço-alvo médio: R$ 40,37 | Preço atual: R$ 32,36

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MACRO/AÇÕES
  • Frigoríficos: China suspende proibição das importações de frango após 6 meses.

  • Brasil: capta no mercado de dívida internacional no ritmo mais forte desde 2010.

  • Crédito Privado: Fitch diz que exposição a fundos de crédito privado podem representar riscos maiores do que a credores tradicionais.

  • China: a queda nos preços ao produtor já dura 3 anos.

  • FIIs: Carrefour vende 22 imóveis para TRX e Guardian por R$ 900 milhões.

  • MicroStrategy: o valor de mercado da empresa de Michael Saylor caiu de US$ 128 bilhões para US$ 70 bilhões.

  • Ambipar: CVM vai à Justiça para pedir acesso a dados financeiros da empresa.

  • Suzano: lucro cai 40% no 3T’25, indo para R$ 1,95 bilhão.

  • MBRF: amplia programa de recompra de ações.

  • Mater Dei: reporta o melhor desempenho operacional da sua história.

  • SLC Agrícola: fecha acordo de R$ 1 bilhão para irrigar fazendas na Bahia.

  • Itaúsa: tem lucro de R$ 4,12 bilhões, em alta de 6%.

INVESTIMENTOS

A Grande IAposta

Dois dos maiores “profetas do caos” de Wall Street estão de volta e a bolha que eles veem agora não é de imóveis, mas de IA. Michael Burry (que previu a crise de 2008 e inspirou o filme A Grande Aposta) e Mark Mobius (o lendário gestor de mercados emergentes) estão apostando que o frenesi pode acabar machucando bastante os mercados.

Na semana passada, gigantes como Nvidia, Palantir, Oracle e Meta viram trilhões evaporar em valor de mercado. A Nvidia sozinha perdeu mais que todo o Ibovespa. Tudo após um rali histórico que fez Wall Street crer que o futuro seria escrito (e cobrado) por algoritmos.

Burry, fiel ao estilo contrarian, apostou pesado contra a febre da IA: US$ 187 mi em puts da Nvidia e US$ 912 mi contra a Palantir – basicamente dizendo “já vi esse filme antes ele era sobre mim”. Já Mobius não tá shorteando ninguém, mas alerta para uma correção de até 40% nas techs, que seria uma faxina antes da próxima onda de altas.

O timing das previsões não é coincidência. Em 2025, as Big Techs despejaram US$ 200 bilhões em novos títulos de dívida para financiar data centers e projetos de IA. Só no último trimestre, Amazon, Meta, Alphabet e Microsoft investiram US$ 112 bilhões em infraestrutura. E o número só aumenta.

Por enquanto, a “grande aposta” volta aos holofotes, e o mercado parece um chip superaquecido: processando mais expectativa do que realidade. Mesmo assim, depois das quedas da semana passada, ontem o setor tech subiu +2%, na maior alta diária desde maio (destaque para Nvidia, que subiu 5,79%).

PS: até o Jeff Bezos está falando da palavra que não pode ser dita. Mas ele vê que os benefícios vão ser grandes quando a poeira baixar.

PS2: olhando o copo meio cheio, Ben Thompson escreve sobre os benefícios de uma bolha.

DECIFRANDO O CONDADO

Contrarian

Ser contrarian é basicamente ser aquele amigo do rolê que vai na contramão da galera.

Enquanto todo mundo corre pra comprar a ação da moda, o investidor contrarian está lá, garimpando o que ninguém quer nem ouvir falar.

É o investidor que não se deixa levar pelo clima do momento… se o mercado inteiro está eufórico comprando, ele começa a pensar em vender; se todo mundo está em pânico vendendo, ele vê uma oportunidade de compra.

A lógica é simples (mas nada fácil de aplicar): o mercado costuma exagerar nas emoções, e é nesses exageros que o contrarian busca lucro. É um estilo que exige coragem, paciência e estômago

EARNINGS

Cogna: virando a página

Depois de ficar de recuperação com um prejuízo de R$ 29 milhões no ano passado, a gigante da educação estudou e virou o jogo, registrando um lucro líquido de R$ 191,6 milhões no terceiro trimestre. Todas as frentes do grupo (do ensino básico ao superior e livros didáticos), tiveram desempenho positivo.

Os números do trimestre:

  • 🟢 Receita: R$1,52 bilhão, crescendo 18,9%

  • 🟢 EBITDA: R$ 422,6 milhões, crescendo 9,8%

  • 🟢 Kroton: receita cresceu 20,9%; Vasta: +13,4% e Saber: +9,4%


O braço de ensino superior Kroton foi o destaque: faturou R$ 1,1 bilhão, alta de 20,9%. A divisão conseguiu algo raro no mercado: crescer em número de alunos (+2,7%) e ticket médio (+11,7%). O truque? Investir pesado em EAD premium, especialmente na área da saúde, onde as mensalidades são mais gordas e a demanda segue firme.

As matrículas online cresceram 6,2% e parte disso pode ser do “efeito correria”: estudantes se apressando para garantir a vaga antes das novas regras que exigem mais aulas presenciais.

No total, a Cogna encerrou o trimestre com 1,1 milhão de alunos: 155 mil presenciais, 40 mil em medicina e 925 mil em EAD.

Na educação básica, a Vasta viu a receita subir 13,4%, para R$ 249,6 milhões. Já a Saber, que vende livros ao governo e controla a rede de inglês Red Balloon, teve alta de 9,4%, para R$ 145,8 milhões, mesmo com o MEC diminuindo as compras neste ano

Olhando para 2026, a empresa segue otimista com o cenário econômico, onde menos desemprego e mais consumo podem ajudar o setor. Quando o emprego melhora, cresce a procura por cursos presenciais (que também são os mais caros).

Financeiramente, a lição de casa foi feita: dívidas refinanciadas e alavancagem em 1,1x o EBITDA. Agora o foco é reduzir dívida, pagar dividendos e fazer aquisições pontuais. Com R$ 583,8 mi de caixa livre nos nove meses deste ano, a empresa parece ter achado o equilíbrio entre crescer e manter as contas em dia. No ano, o papel sobe 236%.

Recomendação dos analistas:

Compra: 5 | Neutro: 7 | Venda: 0

Preço-alvo médio: R$ 4,02 | Preço atual: R$ 3,57

FALÊNCIA

Oi? Tchau!

A Oi, que já foi símbolo das “campeãs nacionais”, saiu de cena. Após duas recuperações judiciais e anos de dívidas impagáveis, a Justiça do Rio decretou falência da companhia e a liquidação dos ativos – marcando o fim de uma novela de mais de uma década, com brigas, intervenções e R$ 1,7 bi ainda devidos a fornecedores.

Basicamente, a decisão diz que a Oi não cumpriu o plano de recuperação e está em estado de insolvência. Mas mesmo falida não vai ter descanso: a empresa foi obrigada a manter serviços essenciais, como telefonia pública, internet para órgãos governamentais e até as conexões da Caixa e do Cindacta (que monitora o espaço aéreo).

A ideia é evitar que o colapso da operadora cause um apagão de comunicações no país. Enquanto isso, seus ativos serão vendidos aos poucos, num processo de liquidação “ordenada”.

A queda da Oi reflete um mercado que mudou rápido demais. A telefonia fixa, seu antigo carro-chefe, virou peça de museu. Banda larga e celular dominaram, mas a empresa nunca competiu de igual pra igual com rivais mais digitais. Com juros altos, caixa queimando e decisões ruins, o fim era previsível.

Agora resta desmontar a estrutura:

  • Credores entram em fila única. Fornecedores e funcionários só poderão ser pagos dentro do processo de falência.

  • Acionistas ficam no fim da fila, e sem garantia de que vai sobrar alguma coisa. Na prática, o investimento vira pó, e o melhor caminho pode ser declarar a perda total no Imposto de Renda e seguir em frente.

Agora a Oi virou o equivalente corporativo de um telefone público: um símbolo de uma outra era, esquecido na esquina, ainda de pé, mas sem muita utilidade. As ações da empresa (OIBR3), que já estavam nas suas mínimas histórica, despencaram quase 50% com a notícia.

STATS DO DIA

42 dias

Já é o shutdown mais longo da história americana. Na noite de ontem o Senado aprovou projeto para encerrar o shutdown, mas agora ainda vai passar pela Câmara dos Deputados.

Via Valor

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