
Bom dia Droppers.
Pensei no chuveiro: que a produção do suco de laranja no Brasil é tão voltada pra fora que se ela falasse, seria em inglês fluente com sotaque de Miami.
No Drop de hoje, em 5 min e direto ao ponto:
• Domino’s: da borda recheada à margem apertada
• Suco de laranja: o gosto amargo do tarifaço
• Rede D’OR: de olho no Fleury
• Cripto: um mercado de US$ 4 tri

GIRO PELO MERCADO

Por aqui, depois de cair praticamente 10 dias seguidos, ontem o Ibovespa deu uma respirada com a alta do minério de ferro, que impulsionou em +3,68% as ações da Vale, que é a empresa com maior peso no Ibovespa. Outro destaque foi a alta de +14,89% da Fleury, após a notícia da possível oferta da Rede D’Or.
Lá fora, a temporada de balanços começou animada, com 12% das empresas do S&P500 já reportando seus resultados trimestrais – 83% delas anunciaram um Lucro por Ação acima das estimativas. Isso fez o índice bater mais uma máxima histórica. Essa semana outras 20% das empresas do S&P 500 irão fazer suas divulgações, com destaques para Alphabet e Tesla amanhã. Hoje também temos discurso de Jerome Powell em uma conferência, com parte do mercado escutando e outra apostando se ele sai ou não da presidência do FED.
VISUAL
Domino’s: da borda recheada à margem apertada

A Domino’s aprendeu com as pizzarias brasileiras, apostou na borda de parmesão e viu suas vendas aumentarem em 3,4% no trimestre. O próprio CEO Russel Weiner diz que a novidade impulsionou os resultados, que ficaram acima do esperado pelos analistas nas vendas “de mesma loja” (unidades com mais de um ano).
Promoções também ajudaram a aquecer o forno, mas para o futuro a empresa aposta mesmo é na parceria com a DoorDash – o “iFood” dos EUA, que segundo a Domino’s é 2x maior que o Uber quando o assunto é vender pizza. Os números do trimestre:
Receita: US$ 1,15 bilhão (dentro das estimativas);
Vendas nas lojas físicas: +3,4%, acima das expectativas de 2%;
Lucro por ação: US$ 3,81, abaixo dos US$ 3,95 esperados, afetado por um prejuízo de US$ 27,4 milhões da operação na China.
Mesmo com os custos, a ideia é continuar expandindo e surfar no vácuo dos concorrentes:
“Nos últimos dez anos, nossos rivais fecharam cerca de 2 mil lojas... e nós abrimos praticamente esse mesmo número”, comentou o CFO Sandeep Reddy.
O papel chegou a subir +6% durante o pregão, mas teve uma virada brusca e fechou com queda de -0,80%. Ainda assim, a alta no ano já chega a +11% e a empresa está valendo US$ 15,83 bilhões.
Agora, o mercado aguarda os próximos movimentos no forno, com a Pizza Hut e Papa John’s divulgando seus resultados nas próximas semanas. Até lá, a Domino’s segue firme, jogando molho e queijo onde vê oportunidade.
Recomendação dos analistas:
Compra forte: 3 | Compra: 17 | Neutro: 9 | Venda: 1 | Venda Forte: 2
Preço-alvo médio: US$ 505,84 | Preço atual: US$ 462,24
TARIFAS
Brasil: o laranjal do mundo

O que era um delicioso e inocente copo no café da manhã, ganhou um ingrediente amargo chamado “tarifaço”. O suco de laranja brasileiro é um dos mais afetados pelas novas taxas do governo Trump e agora a laranja pode ser espremida diretamente no bolso do nosso agronegócio.
Desde os anos 1980, o Brasil se firmou como o maior exportador global de suco de laranja. Só entre julho de 2024 e junho de 2025, mandamos 51,4% do nosso suco para a União Europeia, e 41,7% só para os Estados Unidos. Alguns números:
98% da produção brasileira é exportada;
A cada 10 sucos de laranja consumidos no mundo, 8 saem do Brasil;
O estado de SP sozinho é responsável por 78% da produção de laranja, e mais de 80% da produção de suco no país.
Três empresas principais dominam o setor: Citrosuco (Grupo Votorantim), Cutrale e Louis Dreyfus Company, que juntas controlam aproximadamente 90% da produção nacional e mais de 70% das exportações mundiais.
A dependência externa é real e deixa todo mundo apreensivo. Segundo o professor Cícero Lima, da FGV, se os EUA subirem efetivamente as tarifas, não tem mercado interno que seja capaz de absorver. E aí o excedente vai apodrecer no pé, porque ninguém quer vender com prejuízo. Tem saída? Abrir novos mercados: talvez a China talvez Marte.
Se a laranja pode apodrecer aqui, lá fora também vai azedar: o suco que exportamos vira insumo para toda a cadeia nos EUA — de gigantes de bebidas a distribuidoras locais. A Johanna Foods, por exemplo, já acionou a Justiça americana, alegando que a decisão de Trump pode elevar seus custos em US$ 68 milhões e inflacionar o preço final em até 25%.
PS: Diante das tarifas, a CEPEA levantou que a indústria brasileira já suspendeu novos contratos, limitando-se ao mercado à vista.
M&A
Uma possível nova anatomia na Rede D’Or

Fusões e aquisições… Quando esse é o assunto da “fofoca” no mercado, o coração de qualquer investidor acelera. Dessa vez, no centro da história está a Rede D’Or de olho no Grupo Fleury – e com uma proposta que deve misturar grana com ações, agradando tanto quem quer lucro rápido quanto quem quer seguir no bonde da saúde.
A numerologia do deal: o Fleury vale R$ 6,9 bi, enquanto a Rede D’Or joga em outra liga, com R$ 75 bi — quase 11x mais. O Bradesco, que tem 25% do Fleury, já está a bordo. Agora, falta conquistar os médicos (11% e três cadeiras no conselho) e a família Pardini, dona de outras três.
Essa possível compra do Fleury é mais do que uma fusão: é um sinal claro de que os grandes players da saúde estão unindo forças para resistir a um ambiente desafiador, que mostra três grandes obstáculos:
Inflação médica fora de controle;
Margens cada vez mais apertadas;
Regulação rígida no país.
A movimentação deixa claro: a Rede D’Or quer brigar com força em um setor em que Amil e Dasa já firmaram alianças. A meta? Controlar a cadeia inteira e evitar surpresas da concorrência.
Se a união for concretizada, será o segundo grande passo da parceria entre Rede D’Or e Bradesco. O primeiro foi a Atlântica D’Or, joint venture criada no ano passado para operar hospitais juntos, também com a proposta de controlar mais etapas nesse mercado.
MACRO/AÇÕES
Trump: aprovação caiu para 42% na nova pesquisa da CBS.
Agro: deputados aprovam fundo social para dívidas rurais, com linha de crédito de R$ 30 bilhões.
Argentina: Moody’s eleva classificação após acordo com o FMI.
Dólar: UBS vê potencial para chegar nos R$4,30, se o Brasil colaborar.
London Stock Exchange: está considerando operar 24 horas por dia.
Fiis: vacância em SP é a menor desde a pandemia.
Google: em semana de divulgação de resultados, BofA eleva preço-alvo para US$ 210.
Block: empresa de Jack Dorsey, vai entrar para o S&P500 no lugar da Hess.
Chevron: venceu uma disputa jurídica e poderá comprar a Hess por US$ 53 bilhões.
JP Morgan: expande a área de research, abordando empresas privadas como a OpenAI.
Vivara: fundador Nelson Kaufman deixará a presidência do conselho por problemas de saúde, mas continua com sua participação de 27,6%.
BR Partners: aprovou emissão de ADRs para ser listada nos EUA.
Prio: obtém a licença prévia do Ibama para o campo de Wahoo.
Vibra: inicia conversas para comprar a Moove.
Totvs: adiquire a Linx, da Stone, por R$ 3 bilhões.
CRIPTO
Cripto virando gente grande

Quem pagou uma pizza com Bitcoin lá em 2010 não imaginava que cripto se tornaria um mercado de US$ 4 trilhões. Pois esse é o valor recorde do setor, que está sendo puxado pelo BTC e mais uma leva de altcoins como Ether e XRP.

Dessa vez, o hype veio de onde menos se espera no mundo cripto: o Congresso americano. Como? Aprovando a Genius Act, criando regras para as stablecoins e mostrando que Wall Street também pode participar do jogo – o que sempre aumenta (muito) o potencial de movimentação.
Lá fora, JPMorgan e Bank of America já falam em lançar suas próprias stablecoins – de olho em um mercado que movimenta mais de US$ 250 bilhões por dia, representando 75% de todo o volume cripto.
Por trás de todo esse amor cripto em Washington está Donald Trump, que em seu novo mandato, resolveu trocar os processos da SEC por uma dose de Web3:
Arquivou ações contra Binance, Coinbase e companhia;
Lançou tokens digitais (claro);
E está preparando uma ordem executiva para liberar o uso de cripto nos fundos de aposentadoria americanos, um mercado de mais de US$ 9 trilhões.
Se antes o mercado cripto era visto como uma terra sem lei, habitada por nerds, anarquistas e especuladores, hoje ele começa a ganhar crachá de funcionário público e convite para jantar com os grandes fundos.
A marca de US$ 4 trilhões não é só um número redondo. É um marco simbólico de que o setor está deixando a adolescência rebelde para entrar na vida adulta.
PS: Segundo a Bloomberg, contratos de opções com vencimento em 1º de agosto já apontam apostas no Bitcoin acima dos US$ 130 mil.
PS2: A MicroStrategy comprou mais 6.220 BTC e agora detém 3,05% dos bitcoins que já foram minerados.
STATS DO DIA
12,26 milhões
É o número de toneladas de soja que a China importou em junho, um recorde no país. Detalhe: 87% desse montante sai do Brasil.
INDIQUE O DROP
Hoje aprendemos
Que quase nada do suco de laranja brasileiro fica no mercado nacional e que a soja produzida por aqui também conhece mais os portos do que as rodovias. Também aprendemos que o mercado cripto já vale uma Nvidia…
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