
Bom dia Droppers.
Pensei no chuveiro: que a missão do Fed é tentar equilibrar inflação e emprego, mas sua maior tarefa é equilibrar a paciência de Trump e a ansiedade dos investidores.
No Drop de hoje, em 5 min e direto ao ponto:
• Super-quarta: o primeiro corte de juros de Trump II
• Brasil: expectativas das bolsas pós-cortes nos EUA
• Suíça: o BC fantasiado de VC
• Alibaba: Jack Ma e o “Make Baba Great Again”

GIRO PELO MERCADO

Por aqui, em dia de super-quarta, o Ibovespa fechou seu terceiro dia consecutivo de alta, pela primeira vez acima dos 145.500 pontos e batendo a marca de 21% de valorização no ano. Dos 83 papéis do índice, 69 subiram no pregão. No início da noite, o COPOM comunicou a decisão de manter a Selic em 15% ao ano. Essa decisão, junto com a queda do Fed funds, estimula ainda mais carry trade no nosso país.
Lá fora, nem o primeiro corte de juros do ano no Fed foi suficiente para impulsionar as ações durante o dia. O setor financeiro até andou bem, subindo 1%, mas o setor tech pesou, com Nvidia caindo -2,7% depois de notícias que a China proibiu as empresas locais de comprar chips da americana.
JUROS
Super-Quarta: o primeiro corte de Trump II

A disputa entre o “corta, não-corta” dos juros americanos já rola faz meses. Trump quer acelerar, Powell quer proteger e a corda segue esticando. Ontem, o Fed de Powell finalmente aceitou reduzir as taxas básicas em 0,25% e chegar a 4,00-4,25%. Fim da novela? Nada! O presidente quer mais.
Por que agora? O Fed diz que a motivação é o mercado de trabalho. O desemprego já passa dos 4% e o surgimento de vagas está mais lento do que o ideal.
Detalhe: esse é o primeiro corte em nove meses de governo Trump e a menor taxa de juros desde novembro de 2022.
Dos 12 votos, 11 foram com Powell. O dissidente foi Stephen Miran (recém-empossado por Trump), que já chegou cumprindo ordens e pedindo um corte mais agressivo de 0,50 ponto. Agora a pressão passa para 2026: o mercado previa até três reduções, mas o gráfico oficial dot-plot do Fed projeta só um.
Olhando pra frente, existe bastante dispersão entre os dirigentes:
2025: maioria projeta entre 3,50% e 3,75%, mas há apostas de 2,75% a 4,50%.
2026: concentração entre 3,25% e 3,75%, mas alguns veem até 2,50% ou 4,00%.
2027 e 2028: maioria em torno de 3,00%–3,25%.
Longo prazo: cerca de 3%.
Muita discordância e uma certeza: os dados do mercado de trabalho e inflação dos EUA precisam melhorar para que a relação entre presidente e banco central fique menos tensa. Os objetivos são pleno emprego e inflação em 2% – contra os atuais 4,3% de desemprego e 3,1% dos aumentos de preços.
Como sempre, o mercado internacional fica com os dois olhos bem abertos. Afinal de contas, a maior economia do mundo ainda tem o poder de influenciar bolsas e índices por todo o globo, levando ou drenando fluxo dos países.
Por aqui
Para a surpresa de ninguém, o COPOM não seguiu os passos do Fed e mandou o famoso “manteu”, deixando a Selic nos 15%. Se nos EUA o emprego em baixa é o motivo do corte, aqui a justificativa pra deixar tudo lá no alto é incerteza global e a esperança expectativa de trazer a inflação para “menos longe” da meta.
BRASIL
Fed corta, Brasil vai bem (geralmente)

A festa do mercado BR tem um DJ estrangeiro chamado “Federal Reserve”. Quando o Fed resolve baixar os juros lá fora, é como se soltasse a batida certa para o mercado acionário brasileiro e o Ibovespa puxa a roda de dança. Dos 8 últimos ciclos de cortes, o Brasil brilhou em 5, com o MSCI Brasil fechando no verde.
O MSCI Brasil é um índice que acompanha o desempenho das maiores e mais negociadas empresas do país, como Vale, Petrobras e Itaú. Muito usado por fundos internacionais, serve como referência para comparar o mercado brasileiro com índices globais.
Os números não mentem:
Nos 12 meses após o início de um ciclo de cortes lá fora, ações brasileiras sobem em média 32% em reais e 41% em dólares.
No mesmo período, as ações BR chegam a vencer até mesmo os títulos de renda fixa (até dos prefixados)
O MSCI Brasil sobe ~34% após um ano do primeiro corte do Fed, contra +26,4% dos Emergentes.
No maior estilo “não, porque nem sempre”, em 2001, 2019 e 2020 a regra teve suas exceções. E no ciclo mais recente, iniciado em setembro de 2024, o retorno foi tímido com só +8,8% até agora.
A dinâmica entre setores também é interessante:
Antes do primeiro corte: quem domina são os nomes mais “domésticos”: educação, construção civil, bens de capital e saneamento. Enquanto isso, as commodities ficam de canto. Mas…
Depois do corte, petróleo, mineração e papel & celulose acordam, botam o sapato mais brilhante e passam correndo na frente.
Em resumo: as sequências de cortes do Fed nos EUA costumam trazer bons resultados para o Brasil na maior parte das vezes. Se isso vai se repetir num cenário de SELIC a 15%, pressão tarifária e disputas políticas do jeito que estão? Só o tempo vai responder.
CRIPTO
Cripto ou tradição? Que tal os dois?
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MACRO/AÇÕES
SEC: está priorizando o pedido de Trump para acabar com a obrigatoriedade dos relatórios trimestrais, apesar de muitas empresas continuarem de forma voluntária.
ETFs: dois novos ETFs de Renda Fixa americana são lançados pela Nu Asset.
Cogna: faz proposta para fechar a Vasta, listada na Nasdaq.
Petrobras: vai retomar produção de fertilizantes no Nordeste.
Mercado Pago: compra DTVM para ampliar sua oferta de investimentos.
Direcional: BTG vê upside e reitera compra para a incorporadora.
GPA: visita de Philippe Palazzi, o todo-poderoso do Casino, movimenta bastidores e especulações da venda da fatia do grupo francês.
Banco Master: tem até fim do mês para achar uma solução.
Workday: subiu +7,25% depois que Elliott Management montou uma posição de US$ 2 bilhões.
Uber: caiu 5% depois que a Waymo disse que fez parcerias com a rival Lyft.
INVESTIMENTOS
Suíça: o BC fantasiado de VC

Se alguém te perguntasse “quais os maiores investidores em tech do mundo”, dificilmente você responderia com um dos bancos centrais mais conservadores do mundo. Mas o discreto Banco Central da Suíça (SNB) está sentando sobre um portfólio que coloca muito VC no chinelo: US$ 167 bilhões em ações americanas.
Somente nas queridinhas Apple, Microsoft, Amazon, Nvidia e Meta, o banco tem mais de US$ 42 bilhões investidos – com quase US$ 10 bi na Apple e US$ 11 bi na Nvidia. Para um Banco Central, isso é como um monge tibetano escondendo um set de musica eletrônica.
Os números do BC Suíço:
🌎 87% do balanço está em ativos estrangeiros;
🕴️ aproximadamente 65% desses valores estão em títulos do governo;
📈 25% em ações;
💰10% em dívidas corporativas.
A explicação é curiosa e talvez difícil de assimilar: o franco suíço é forte demais e ameaça exportadores locais. Por isso o BC precisa comprar dólares e euros para enfraquecer a moeda – e faz isso via ações e títulos.
E apesar de parecer um fundo de investimento, não age como um: não vota em assembleias, evita bancos para não criar conflitos de interesse e até exclui empresas ligadas a armas proibidas. Diferente das gestoras tradicionais, a meta não é necessariamente bater os índices, mas proteger a sua moeda.
PS: no ano passado o banco bateu recorde de lucro com 80,7 bilhões de francos suíços (~US$ 89,5 bilhões), puxado pela alta das bolsas, ouro e dólar forte.
CHINA
Jack Ma: Make BABA Great Again

Sabe aquele amigo que some do grupo depois de causar no churrasco e volta meses (ou anos) depois fingindo que nada aconteceu? Pois bem, no Alibaba esse amigo atende pelo nome de Jack Ma (cofundador do grupo).
O bilionário mais performático da China sumiu em 2020, após cutucar reguladores e ver o IPO da Ant Group ruir. Desde então, o Alibaba perdeu quase US$ 700 bi em valor, a moral da equipe caiu e até os corredores exibem cartazes nostálgicos.
Agora, quase cinco anos depois, Ma reapareceu com ares de mentor Jedi e está fissurado em um novo projeto: Make Alibaba Great Again. Voltando ao volante da empresa (mesmo sem cargo, nem crachá), Jack tem 2 alvos na mira:
IA e chips próprios: investimentos pesados (US$ 50 bilhões nos próximos anos) para surfar o hype do momento – e contando com o aumento das tensões entre governo chinês e Nvidia.
Taobao como motor de guerra: reposicionando a plataforma de e-commerce para reconquistar consumidores e retomar o título de site de compras mais usado da China.
Ninguém confirma oficialmente, mas todo mundo sabe: quando o “grande chefe” fala, a Alibaba escuta. Para muitos, só a presença dele já reacendeu a cultura que andava apagada. E efeito prático não faltou – foi Jack Ma quem decidiu queimar 50 bilhões de yuans (US$ 7 bi) em subsídios para avançar contra as rivais JD.com e Meituan.
A grande dúvida é se Ma vai conseguir equilibrar seu épico estilo “Kung Fu empreendedor” com o humor nada flexível das autoridades chinesas, que não querem mais saber de “subsídios predatórios”. Mas, pelo menos por agora, o jogo voltou a ficar interessante.
A ação $BABA ( ▼ 1.37% ) já subiu 100% neste ano, mas ainda se encontra ~50% abaixo da sua máxima.
Recomendação dos analistas:
Compra: 40 | Neutro: 2 | Venda: 0
Preço-alvo médio: US$ 166,27 | Preço atual: US$ 166,17
QUIZ

STATS DO DIA
3 anos consecutivos
é o tempo que Alibaba vem aumentando os dividendos para seus acionistas, sempre acima dos seus principais concorrentes como JD (2) e PDD (1).
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