Bom dia Droppers.

Pensei no chuveiro: que a restituição do IR nada mais é do que a gente emprestar dinheiro para o governo, sem taxas, por um ano.

No Drop de hoje, em 5 min e direto ao ponto:

• Broadcom: trimestre forte na onda da IA
• Cannabis: high no mercado
• iRobot: uma falência e uma venda para a China
• Blackrock: o exército de gestores PhDs

Dropped by Igor Chede Collaço e Renan Hamann
GIRO PELO MERCADO

Por aqui, o Ibovespa caminha para o fim do ano sem perder o ritmo e bateu 162.482 pontos, subindo mais 1,07% no pregão de ontem. O mercado espera ansioso por um corte de juros em breve, ainda mais depois de o IBC-Br ter recuado 0,2% e dado sinais de que o PIB não vai crescer como o esperado. O destaque do dia ficou com a Azul, que segue no vermelho e despencou ~20% depois de receber a autorização para a recuperação judicial nos EUA.

Lá fora, o dia não foi tão bom e os três principais índices dos EUA caíram. Investidores seguem atentos aos dados do mercado de trabalho (payroll), que devem ser divulgados hoje e podem ajudar a colocar mais pressão para corte de juros. Na quinta também vêm os dados da inflação e aí começam as apostas de quantos cortes o Fed vai fazer no ano que vem.

VISUAL

Broadcom: o motor do IA falhando

Desenhar chips de IA se mostrou um ótimo negócio em 2025, mas depender disso pode não ser tão bom em 2026. A Broadcom que o diga: mesmo entregando lucro forte e receita acima do esperado com toneladas de chips vendidos, caiu -11% após a divulgação do report e mais 5,6% ontem por causa das expectativas de futuro.

Antes: as empresas expostas à infraestrutura de IA surfaram bem a onda, com as empresas correndo para erguer data centers e saciar a “demanda infinita” por poder de computação. A Broadcom, que fabrica chips sob medida para gigantes de tecnologia, viu seu valor de mercado praticamente dobrar em cada um dos últimos dois anos.

Durante: as ações de infra de IA estão apanhando em Wall Street. Como a inteligência artificial virou o grande motor da bolsa em 2025, qualquer queda mínima nas expectativas de crescimento já vira uma grande dor de cabeça.

Depois: Broadcom, Oracle e CoreWeave ainda estão no positivo no ano, mas os investidores já começam a cobrar quando – e se – esse investimento vai pagar a conta.

A Broadcom reportou crescimento de 28% na receita, puxado por um salto de 74% nas vendas de chips de IA, que levaram o faturamento total a US$ 18 bilhões. O lucro ajustado por ação também veio melhor que o esperado. Os números do trimestre:

  • 🟢Receita Bruta: US$ 18 bilhões x US$ 17,4 bi esperados

  • 🟢Lucro por ação: US$ 1,95 x US$ 1,87 esperados

A mensagem do board foi agridoce. De um lado, o CEO Hock Tan espera que as vendas de chips de IA dobrem neste trimestre, chegando a US$ 8,2 bilhões, puxadas por chips customizados e soluções de rede. Do outro, o CFO jogou um balde de água fria: para atender à demanda, os investimentos sobem. Tradução: margens menores no curto prazo.

Ainda assim, o backlog impressiona: US$ 73 bilhões em encomendas de IA para os próximos 18 meses, incluindo US$ 21 bilhões da Anthropic. Já o acordo com a OpenAI, apesar do hype, Tan disse que não deve gerar muito impacto em 2026. Se o mercado teme a bolha, a real é que ela ainda vai crescer antes de ameaçar explodir.

Recomendação dos analistas:

Compra forte: 9 | Compra: 36 | Neutro: 2 | Venda: 0

Preço-alvo médio: US$ 455,30 | Preço atual: US$ 339,81

MACRO/AÇÕES
  • Proteínas: Santander recomenda JBS e MBRF por causa do frango, e reduz Minerva.

  • IPO: a companhia de saneamento BRK Ambiental entrou com um pedido de IPO na CVM. Se acontecer, vai ser o primeiro desde 2021.

  • Argentina: anuncia mudanças no sistema de banda cambial.

  • ANAC: abriu edital para o leilão do aeroporto do Galeão, com lance mínimo de R$ 932 milhões.

  • Indústria do medo: Brasil lidera mercado de blindados e movimenta R$ 3,5 bi ao ano.

  • Vivara: faz a quinta mudança de CEO em 2 anos.

  • Vivo: amplia seu fundo de CVC para R$ 470 milhões.

  • Suzano: cortou em 8% a meta da dívida líquida, para R$11 bilhões.

  • UBS: banco suíço sobe ao maior patamar nos últimos 17 anos.

  • Oracle: risco de default da empresa já é maior que o do Brasil.

  • Uber e Lyft: caíram 3,82 e 6,14% após a notícia de que a Tesla está avançando no desenvolvimento de seus robotáxis sem motoristas humanos.

  • Paypal: aplica para se tornar um banco nos EUA.

  • Aramis: Bradesco vende a sua participação de 47,8%.

EUA

Cannabis: high no mercado

As ações de cannabis ficaram high na sexta-feira com sinais de que Donald Trump pode dar uma guinada histórica na política antidrogas dos EUA. Segundo a Bloomberg, o presidente avalia reclassificar a cannabis como menos perigosa – e só essa possibilidade já fez os papéis do setor dispararem até 50%.

A Casa Branca diz que nenhuma decisão foi tomada, mas o mercado não esperou o carimbo para comprar: Tilray saltou 44% e a Canopy Growth avançou 54%.

Hoje, a maconha ocupa a Tabela I, o mesmo “clube” de heroína e LSD. O plano seria movê-la para o Tabela III, uma categoria bem mais light onde moram substâncias como cetamina, Tylenol com codeína e anabolizantes. Na prática, isso facilitaria a vida de quem produz, vende e consome maconha legalmente.

→ Para as empresas, seria uma vitória e tanto: menos problemas com impostos, mais acesso a bancos, portas abertas para investidores tradicionais.

→ Para o setor farmacêutico seria um empurrão para conseguir mais recursos para pesquisas.

O pano de fundo regulatório segue confuso. A maconha continua proibida em nível federal, enquanto os estados fazem o que querem: mais de 40 já permitem o uso medicinal e cerca da metade liberou também o recreativo. No Congresso, a descriminalização federal segue em câmera lenta.

O movimento de Trump chama atenção porque acontece ao mesmo tempo em que o governo adota linha dura contra outras drogas. O fentanil, por exemplo, foi oficialmente cravado na Tabela I, com penas mais severas, e virou peça central na agenda de segurança, imigração e até tarifas contra Canadá, México e China.

Enquanto o fentanil segue tratado como vilão absoluto, a cannabis pode estar prestes a sair do porão regulatório. O mercado já fez a festa, agora falta saber se Washington vai mesmo acender o cachimbo sinal verde.

PS: depois do auge do IPO das empresas do setor em 2021, quando o mercado passou a valer US$ 37 bilhões, agora valem menos de US$ 11 bilhões.

ROBÓTICA

iRobot: uma falência e uma venda para a China

Nem o robô-aspirador mais avançado do mundo consegue limpar a bagunça financeira da iRobot. A criador do Roomba entrou com com pedido de recuperação judicial ontem e anunciou que vai fechar o capital depois de ser comprada por um de seus fornecedores chineses, a Picea Robotics, que ficará com 100% da empresa.

O mercado reagiu daquele jeito: as ações da $IRBT ( ▼ 72.69% ) despencaram 72,7% no pregão. Detalhe: o pedido do famoso Chapter 11 foi apenas 11 dias após a maior alta diária da empresa, que subiu 74% no dia 3 de dezembro, com notícias de que o governo Trump estava dando all-in na indústria robótica.

Uma breve história da iRobot

→ Foi fundada em 1990 por três pesquisadores do MIT
→ Ajudou nas buscas em escombros após o 11 de setembro e no monitoramento de vazamento de petróleo no Golfo do México.
→ Lançou o Roomba em 2002, dominou 42% do mercado americano e 65% do japonês.
→ Fez seu IPO em 2005.

Só que na última década o Roomba parou de jogar no easy. Versões mais baratas, rápidas e vindas da China passaram a roubar espaço da iRobot ao longo dos anos, comprimindo margens e participação de mercado.

Em 2022, surgiu uma possível salvação: a Amazon anunciou a compra da empresa por US$ 1,7 bilhão. A iRobot cortou custos e ajustou a operação esperando o cheque cair – mas os reguladores barraram o negócio... E a empresa nunca mais se levantou.

Somando concorrência feroz, acordo frustrado, endividamento e tarifas, as ações da iRobot já tinham caído 26% nos últimos cinco anos, antes do tombo histórico de ontem. A ironia é que, justo quando robôs, IA física e automação voltam a ganhar os holofotes, a empresa que colocou um robô nas salas das pessoas pede ajuda para não virar pó.

DECIFRANDO O CONDADO

Quants

Quants são os arquitetos invisíveis do mercado financeiro: pessoas que trocam o feeling por fórmulas e matemática, transformando dados em decisões de investimentos.

Eles usam muita estatística, programação e machine learning – que é ensinar o computador a aprender padrões do passado e tomar decisões no presente.

Enquanto o resto do mercado discute narrativa, o quant está ajustando parâmetros e rodando simulações. Em vez de apertar o botão no “achismo”, o modelo aperta com base nas suas premissas.

INVESTIMENTOS

Blackrock: o exército de gestores PhDs

Enquanto muita gente ainda discute se IA gera alfa, um exército de PhDs resolveu ir pra BlackRock ganhar dinheiro. A área de investimentos sistemáticos, com cerca de 200 pessoas, usa IA e machine learning para analisar mais de 1.100 sinais de mercado — o suficiente para deixar muito gestor tradicional coçando a cabeça.

Hoje, essa divisão:

  • Administra cerca de US$ 378 bilhões;

  • Atraiu pelo menos US$ 40 bilhões em novos recursos nos últimos dois anos;

  • Faturou quase US$ 1 bilhão em 2024, e tudo indica que 2025 vai ser ainda melhor;

  • Tem 125 pessoas com doutorado ou pós.

Alguns pesos-pesados do mercado seguem céticos quanto ao poder da IA, mas o time da BlackRock prefere responder com números: até setembro, seus fundos de ações bateram os benchmarks internos em cerca de 94% das vezes no horizonte de cinco anos, enquanto os gestores tradicionais, dos outros fundos bateram aproximadamente metade disso.

Para os quants da BlackRock, o jogo muda quando dá para processar volumes gigantescos de dados com consistência. Os modelos foram treinados com 20 anos de dados e, sem muita modéstia, prometem previsões mais precisas do que ferramentas genéricas. Afinal, se todo mundo usa o mesmo chatbot, ninguém tem vantagem competitiva.

Nada disso aconteceu da noite para o dia. A equipe já enfrentou limites tecnológicos nos anos 1990, o trauma do colapso quant nos 2000 e um período ruim em 2016. Hoje, o clima é outro: um lounge acadêmico com Wall Street, onde humanos seguem no circuito, ajustando modelos e caçando o que pode dar errado.

Larry Fink, CEO da BlackRock, é um dos maiores entusiastas do projeto. Para ele, essa combinação de gestores experientes com IA não é um experimento, mas um modelo de futuro. Também é uma forma de a gestora, famosa pelos ETFs baratos, cobrar taxas mais altas com estratégias ativas que realmente entregam resultado.

STATS DO DIA

1

é o número de exchanges de cripto que detém a licença global da Abu Dhabi Global Market (ADGM), estabelecendo um novo padrão na regulamentação de ativos digitais e proporcionando clareza regulatória e legitimidade em todo o mundo. Com a licença, a Binance garante que as operações globais e liquidez sejam supervisionadas de ponta a ponta, atendendo a rigorosos padrões internacionais de conformidade, governança, gestão de riscos e proteção ao consumidor.

*não é recomendação de investimento. Confira todos os detalhes da oferta.

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