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Bom dia Droppers.

Pensei no chuveiro: que a Nvidia não está só surfando a onda da IA. Ela está quase fabricando as pranchas e controlando as águas do mar.

GIRO PELO MERCADO

Por aqui, aos poucos nosso Ibovespa foi se recuperando e ontem atingiu o maior patamar desde o anúncio das tarifas de Trump sobre produtos brasileiros. A performance do dia (+1,04%) foi motivada pela divulgação dos dados do mercado de trabalho (CAGED) e impulsionada pelos bancos, petrolíferas e varejistas

Lá fora, enquanto todos esperavam a divulgação dos resultados de Nvidia, o mercado foi subindo e o S&P500 atingiu uma nova máxima histórica. No entanto, o índice futuro virou negativo após a divulgação de resultados da fabricante de chips. As tarifas de 50% de importação da Índia para os EUA entraram em vigor ontem e hoje ainda temos balanço da Dell e da Best Buy. Amanhã também são divulgados dados importantes da inflação americana, o PCE.

VISUAL

Nvidia: a máquina de imprimir bilhões

Imagine uma festa onde o anfitrião serve um banquete que supera todas as expectativas, mas os convidados reclamam que a sobremesa veio com menos calda do que o esperado. Foi mais ou menos isso que aconteceu com a queridinha fabricante de chips Nvidia nesta última divulgação de resultados.

A empresa mais valiosa do mundo (US$ 4,4 tri) divulgou resultados com receita e lucros recordes, além de crescimentos de +50% na base anual. Mas a calda da receita de data centers ficou US$ 200 milhões abaixo do esperado. Pouco? Sim, mas em Wall Street centavos viram tempestade e as ações chegaram a cair -3% após o sino.

Os números do trimestre:

• 🟢 Receita Total: US$ 46,7 bilhões, acima das expectativas de US$46,23 bi.

• 🔴 Receita Data Centers: US$ 41,1 bi, levemente abaixo dos US$41,3 bi esperados.

• 🟢 Lucro Líquido: US$ 26,4 bi, acima das expectativas com alta de 59% em um ano.

• 🟢 Lucro por ação: US$1,05, acima dos US$1,01 esperados.

Junto com a divulgação do resultado, veio a divulgação de um agrado aos acionistas: um programa de US$ 60 bilhões em recompras de ações, sem prazo de validade.

O guidance para o próximo trimestre promete US$ 54 bilhões de receita, esperando abastecer data centers de Microsoft, Amazon, Alphabet, Meta e OpenAI. O CEO Jensen Huang estima que as big techs vão gastar US$ 3-4 trilhões em IA nos próximos anos e que a Nvidia pode abocanhar até 70% desse montante.

O trimestre da Nvidia reflete a força e a demanda por IA generativa, mas também mostra desafios – principalmente com o mercado chinês, que vai investindo na produção local para não depender da marca americana. No fim, Nvidia continua sendo a grande maestra da orquestra da IA.

No ano, os papéis da Nvidia registram alta de 31,3%.

Recomendação dos analistas:

Compra forte: 11 | Compra: 49 | Neutro: 6 | Venda: 1

Preço-alvo médio: US$ 194,22 | Preço atual: US$ 181,60

GÁS

Do poço ao fogão: PETR quer voltar ao jogo.

Se a sua casa não tem gás natural, provavelmente o seu gás vem da Petrobras, que fornece +90% do GLP do Brasil. Mas desde 2020 a estatal parou de distribuir o produto, deixando a tarefa nas mãos de quatro empresas: Ultragaz, Copa Energia, Supergasbras e Nacional Gás. Agora ela quer voltar pro jogo.

Os números do gás de cozinha no Brasil:

• 91% da população usa GLP

• 35 milhões de botijões vendidos por mês;

• 68% da demanda total de GLP é por consumo residencial;

• 21% da matriz energética residencial vêm do GLP.

• 20% do GLP é importado (pela própria Petrobras)

O retorno da Petrobras gera medo de “um jogo desigual”, pois além de controlar a produção e importação, a Petrobras praticamente ditaria o preço do mercado. O Cade provavelmente vai ser chamado para arbitrar essa briga, já que o mercado é pouco regulado e marcado por uma desconfiança aberta entre as empresas do setor.

Se a estatal buscar ampliar acesso e diminuir preços, isso é ótimo para o consumidor! Mas tem quem suspeite que o movimento tem mais aroma de política do que de preocupação com o consumidor. As discussões sobre concentração de mercado, política de preços e até agenda eleitoral ganham um novo gás.

INVESTIMENTOS

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MACRO/AÇÕES

• IPCA-15: apesar da deflação de -0,14%, ficou acima das expectativas, com pressão nos serviços. 

• FED: após demissão com efeito imediato por Trump, Lisa Cook vai à Justiça para manter seu emprego.

• Banco Central: governo emperra a PEC da autonomia financeira do BC brasileiro.

• VIX: Hedge funds têm a maior posição vendida desde 2022.

• Ecorodovias; renovou contrato para parte da BR-101 por mais 24 anos. Nenhuma outra empresa se interessou pelo leilão.

• Kohl’s: ação subiu 24% depois da loja de departamentos entregar um resultado acima do esperado.

• Boeing: se beneficia de outro acordo comercial de Trump, com uma encomenda de jatos de US$ 36 bilhões da Korean Air.

• Americanas: em meio a reestruturação, troca de CEO.

• CrowdStrike: registra mais um trimestre de prejuízo, e guidance pro próximo trimestre deixou a desejar.

• B3: anuncia aquisição da Shipay, empresa de pagamentos digitais, por R$ 37 milhões.

• Alpargatas: Bank of America eleva preço-alvo para R$11, mas mantendo recomendação neutra.

• Lego: reportou recorde em vendas e lucro no semestre, com as vendas subindo 12%.

• MoneyDrop: pegue seu link de indicação e espalhe a news para seus amigos.

CAFÉ

“Dr. Coffee”: em busca do top 1

Se um café bom depende da escolha dos grãos e do ponto da torra, a estratégia das empresas do setor também precisa de ajustes pra que o aroma dos reports deixe todo mundo com água na boca. E esse tem sido o caminho tomado pela JDE Peet’s (dona de Café Caboclo, Pilão, Café do Ponto e L’OR).

Ela é liderada pelo brasileiro Rafael Oliveira, que assumiu a empresa holandesa há menos de um ano, vindo de passagens pela Kraft Heinz e pelo Goldman Sachs.

• O desafio: dar estabilidade à empresa e recuperar o preço das ações, que chegou a cair -50%.

• A estratégia: disciplina de preços e uso seletivo de capital. Em agosto, anunciou foco em três frentes: cafeterias Peet’s nos EUA, a marca L’OR e 10 marcas locais (como Pilão no Brasil).

• O resultado: projeção de vendas e lucro para o ano elevada e alta de 61% nas ações (até semana passada).

• A consequência: uma venda bilionária da empresa para a Keurig Dr Pepper (dona da 7Up e Dr Pepper) por US$ 18,4 bilhões

• O prêmio: um cheque de cerca de R$ 207 milhões para o CEO.

A americana Keurig Dr Pepper decidiu comprar a holandesa para bater de frente com a Nestlé no mercado mundial de café, estimado em US$ 400 bilhões por ano. Mas a ideia é manter as operações dividas: café para um lado, refri para outro.

O negócio ainda precisa de aprovação regulatória, mas a conclusão deve acontecer até o primeiro semestre de 2026. Tudo isso vai tornar a Keurig a segunda maior empresa do segmento, atrás apenas da Nestlé – que faturou US$ 28,7 bilhões em café com as marcas Nespresso e Nescafé no ano passado.

O destino do CEO ainda é um mistério, mas após a fusão ele pode ganhar um novo assento no conselho… Ou apenas um generoso cheque de despedida.

PS: Após o anúncio, houve uma nova disparada nas ações da JDE Peet’s, que agora acumula alta de 86%.

MERCADO

O cardápio gigante dos ETFs

Se antes o mercado era um cardápio enxuto, agora virou rodízio japonês: tem tanta opção que você não sabe se pede aquele sushi clássico ou arrisca no temaki de Doritos. Pela primeira vez na história, os ETFs (fundos de índice) superaram em número as ações nos EUA: são 4.300 ETFs contra 4.200 ações, segundo a Bloomberg.

Por que essa explosão?

• Disputa de gigantes: BlackRock, Vanguard e State Street disputam investidores no detalhe, criando fundos cada vez nichados.

• Menos IPOs: as empresas estão indo menos à Bolsa, preferindo ficar privadas para escapar da burocracia e da vigilância de acionistas.

• Custos baixos: ETFs têm taxas menores que fundos tradicionais, atraindo o varejo.

Tem mais: o percentual de investidores que escolhem seus próprios investimentos de forma ativa caiu para 25% em 2024, bem abaixo dos 41% de 2009. Nesse cenário a escolha dos ETFs surge como uma aposta em setores, bem menos individualizada.

Para se destacar, emissores lançam ETFs ousados – de ação única ou alavancados, por exemplo. Podem ser divertidos no curto prazo, mas traiçoeiros para quem esquece que o risco também multiplica.

Com o cardápio infinito à mesa: um ETF pode ser porta de entrada para diversificação barata… ou só mais um prato bonito que não vale as calorias.

STATS DO DIA