
Bom dia Droppers.
Pensei no chuveiro: que Nubank começou sua jornada tirando o banco do bolso do brasileiro... E agora quer colocar o americano no bolso.
No Drop de hoje, em 5 min e direto ao ponto:
• Nike: o trimestre da gigante dos esportes
• AAA: o novo porto seguro dos EUA
• Copasa: a possível privatização em MG
• Nubank: de olho no mercado dos EUA

GIRO PELO MERCADO

Por aqui, em votação expressiva de 493 a 0, a Câmara deu sinal verde para a isenção de Imposto de Renda de quem ganha até R$ 5 mil, reduziu a alíquota para a faixa entre R$ 5 mil e R$ 7,35 mil e colocou uma alíquota mínima para salários acima de R$ 50 mil. Enquanto isso, o Ibovespa segue sem muita emoção, completando praticamente duas semanas na mesma faixa dos 145.500 pontos. Já a Petrobras emendou o quinto pregão seguido no vermelho.
Lá fora, nem mesmo o governo americano entrando oficialmente em shutdown conseguiu segurar o apetite: os índices bateram novas máximas, com o S&P rompendo os 6.700 pontos pela primeira vez na história. Desde 1976, já é a 21ª vez que o governo não chega a um acordo, e em quase metade desses casos o impasse terminou em shutdown – o recorde foi em 2019, quando durou 34 dias. Agora, as apostas são de que essa paralisação não acabe antes de 15/10.
VISUAL
Nike: o trimestre da maior do mundo

A maior empresa de material esportivo do mundo terminou o terceiro trimestre com a respiração ofegante. Mesmo correndo forte e aumentando as vendas em 1%, a Nike já avisou que esse sprint pode não se repetir no fim do ano – que deve ter passos mais curtos e sofrer com tarifas pesadas.
Vestindo atletas e fãs dos pés à cabeça (literalmente), a Nike vale hoje US$ 102 bilhões, mais de 2.5x o tamanho da segunda colocada Adidas, com ~US$ 40 bilhões.
A receita surpreendeu e bateu US$ 11,72 bi. Mas o lucro caiu 31% e a margem bruta apertou, vítima do combo de estoques parados e tarifas que vão custar US$ 1,5 bi no ano. O CFO resumiu bem: “o progresso não será linear”.
🟢 Receita: US$ 11,72 bilhões vs. US$ 11 bilhões esperados.
🟢 Lucro por ação: US$ 0,49 vs. US$ 0,27 estimados.
🔴 Margem Bruta: 42,2% x 45,4% no trimestre passado
🟢 Dividendos: US$ 591 milhões, 6% acima do ano passado.
No placar dos segmentos: atacado subiu 7% (US$ 6,8 bi) e a América do Norte brilhou com +4%, turbinada pela volta à Amazon e destaque na Foot Locker. Mas teve goleada contra: China -9%, Converse -27% e vendas diretas (lojas + online) -4%.
Pra virar o jogo, o CEO Elliott Hill reorganizou o time: agora as equipes serão divididas por esporte, não mais por público. A meta é resgatar a essência atlética e trazer inovação de volta à quadra. No feminino, a Nike ganhou um boost com a NikeSkims, collab com Kim Kardashian que, após atrasos, estreia em 2026.
A Nike já soma 23 anos seguidos aumentando dividendos – com alta de 6% neste ano fiscal. Só no último trimestre foram distribuídos US$ 714 mi (US$ 591 mi em dividendos + US$ 123 mi em recompra).
Ao que tudo indica, os próximos trimestres serão mais de resistência do que de velocidade: Just do it! Apesar da alta de 6,41% no pregão de ontem, $NKE ( ▲ 1.2% ) ainda cai -16,75% no ano.
Recomendação dos analistas:
Compra forte: 6 | Compra: 16 | Neutro: 15 | Venda: 1 | Venda Forte: 1
Preço-alvo médio: US$ 81,61 | Preço atual: US$74,20
MACRO/AÇÕES
Ouro: reservas americanas no metal batem US$ 1 trilhão.
IFIX: sobe pelo 3° trimestre seguido e avança 15% no ano.
Ambipar: contrata BR Partners como assessor para negociação da dívida.
Berkshire Hathaway: está negociando a compra OxyChem por aproximadamente US$ 10 bilhões.
Oi: juíza afasta diretoria e conselho e nomeia interventor.
Ambev: XP rebaixa recomendação para venda.
Master: é alvo de inquérito da PF após BC acionar a promotoria.
Gerdau: congela investimentos de R$ 2,1 bilhões no Brasil e aposta em crescimento nos EUA.
Weg: bancos cortam preço-alvo, mas Itaú manteve recomendação de compra.
Intel: subiu 7,12% depois das negociações com a AMD como cliente.
BYD: vendas caem pela primeira vez em 19 meses.
XP: Glenn Mallett, ex-BTG/Santander/Bradesco vai chefiar o time de equity capital markets (ECM)
TÍTULOS
AAA: tirando espaço do tesouro nos EUA

Por décadas, o Tesouro Americano foi o “porto-seguro dos portos-seguros”, pagando pouco porque o Tio Sam sempre dava um jeito de honrar a conta. Mas 2025 virou o jogo: os EUA estão pagando mais juros que algumas empresas – e, curiosamente, ninguém parece em pânico com isso.
Empresa pagando menos juros que o governo geralmente é sinal de apocalipse. Mas dessa vez o risco de calote não sobe e não faz ninguém correr para os bunkers. Só que há um desequilíbrio: excesso de Treasurys de um lado, escassez de bonds AAA corporativos do outro.
Um exemplo é a Microsoft, que consegue se financiar mais barato que o próprio Tesouro americano. É como se o mercado dissesse: “Prefiro emprestar para o Satya Nadella do que para o Congresso briguento de Washington.”
O Tesouro segue emitindo trilhões pra cobrir o déficit, enquanto a Microsoft, com US$ 95 bi em caixa, quase não pega empréstimo. Pouca oferta, demanda insana — e o resultado é tech bonds rendendo menos que os próprios Treasurys.
O paradoxo: emissor que tem a chave do cofre (e do imposto) paga mais caro do que uma big tech cheia de caixa. Não é que o Tio Sam esteja prestes a dar calote, mas sim que o mercado anda disposto a pagar caro pela tranquilidade de emprestar para empresas AAA… mesmo que a conta não feche tão bem no papel.
PS: O índice ICE BofA AAA Corporate está pagando, em média, apenas 0,3 ponto percentual acima dos Treasurys. Em crises passadas, esse “prêmio de risco” chegou a ultrapassar 2 pontos.
MERCADO
Copasa: da torneira estatal para o mercado

O estado de Minas tem uma dívida com a União que já passa dos R$ 160 bilhões. Para abater uma pequena parte desse valor, a saída que o governo encontrou foi vender um dos seus maiores ativos: a companhia de saneamento Copasa (CSMG3) – com os cálculos apontando para um valor de ~R$ 4 bilhões.
O projeto de lei que autoriza MG a vender a estatal começou a tramitar na última semana, depois que a gestão de Zema conseguiu tirar da jogada a necessidade de aprovação popular. Ou seja: o sinal verde agora depende só da Assembleia.
Hoje com capital misto, a privatização da Copasa seguiria uma linha parecida com a de outras estatais que mudaram de economia nos últimos anos. Para os acionistas: a expectativa é de valor destravado, gás na eficiência e melhores resultados. O mercado ama essa tipo de tese e foi assim com:
Eletrobras (2022): a empresa valorizou ~230% desde a privatização
Copel (2023): a empresa valorizou ~70% desde a privatização
Sabesp (2024): ~122% desde a privatização
A Copasa já virou estrela na Bolsa: +16% só em setembro e +70% em 2025. Mas o BTG Pactual diz que o mercado subestima o potencial da mineira, se apoiando no múltiplo EV/RAB (usado para comparar valor da empresa com sua base regulatória de ativos) e pontuando que o valor justo do papel pode chegar a R$ 50 (contra os ~R$ 34 de hoje).
A possível privatização da Copasa é alvo de críticas em MG, principalmente pela empresa vir de vários trimestres com bons resultados – sem amargar prejuízos constantes. Enquanto isso, o mercado segue colado no noticiário, de olho em cada voto na Assembleia.
QUIZ

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FINTECHS
Nubank: de roxinho para Uncle Nu

O Nubank resolveu dar mais um passo em busca da dominação mundial e pediu licença de banco nacional nos Estados Unidos, junto ao OCC (o xerife dos bancos por lá). Depois de Brasil, México e Colômbia, agora eles querem levar o roxinho ao maior mercado financeiro do mundo.
O movimento acontece quase quatro anos após o IPO em Nova York e o Nu quer passar de fintech latina para player global. Com a licença nos EUA, poderia oferecer de conta e cartão a empréstimos e custódia cripto. O passo vem depois da vitória no México, onde em abril virou banco completo após anos como Sofipo.
Para liderar a missão, Cristina Junqueira fez as malas, se mudou para os EUA e vai assumir como CEO da subsidiária americana. No conselho, nomes de peso: Roberto Campos Neto (ex-BC), Brian Brooks (ex-OCC) e executivos vindos de gigantes como Blackstone e Tesouro americano.
Mas, com grandes mercados vêm grandes concorrentes: a Revolut (britânica) também está montando sua operação americana, com planos de investir US$ 500 milhões por lá nos próximos anos – parte de um plano global de US$ 13 bilhões até 2030, em 70 países.
Enquanto isso, as ações do Nubank seguem em alta em Wall Street: +54% no ano, levando o valor de mercado a US$ 76,5 bilhões.
STATS DO DIA
US$ 917 bilhões
Foi o valor líquido do fluxo indo para ETFs listados nos EUA até 29 de setembro. Se esse ritmo se mantiver, vamos ter mais um ano consecutivo de recorde. Em 2024, os ETFs tiveram fluxo de US$ 1,1 trilhão.

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