
Bom dia Droppers.
Pensei no chuveiro: que os ETFs são a simplicidade em forma de investimentos, mas o Brasil ainda prefere seguir no que é mais complicado.
No Drop de hoje, em 5 min e direto ao ponto:
• Oracle: resultado bom e ação em queda
• ETFs: engatinhando no Brasil
• Adobe: trimestre positivo sem precisar de retoques
• Petz e Cobasi: enfim, juntas!

GIRO PELO MERCADO

Por aqui, outra vez o Copom decidiu não surpreender ninguém e manteve a Selic em 15% – e de forma unânime. O mercado BR também recebeu os dados da inflação que subiu 0,18%, ficando abaixo das expectativas e voltando para dentro da banda da meta pela primeira vez desde outubro do ano passado. Na alta de 0,69% ontem, a Vale teve bastante peso, subindo 1,83% e acompanhando a alta do minério de ferro.
Lá fora, a aposta virou realidade: o Fed cortou juros pela 3ª vez seguida e sinalizou mais quedas no ano que vem. A taxa agora cai para 3,5%–3,75%. A decisão veio rachada: Stephen Miran, recém apontado por Trump, queria um corte maior; já Austan Goolsbee e Jeffrey Schmid defenderam deixar tudo como estava.
VISUAL
Oracle: agulha na mão, ação no chão

Se você tem ações da Oracle, melhor decretar feriado para o Home Broker. Mesmo com a empresa surfando a onda da infra de IA, as ações caíram 11% no after-market depois de reportar o faturamento um pouco abaixo do esperado e maiores gastos.
Como o mercado é sensível, logo veio o “medo da bolha” e a queda levou outros players junto: Nvidia e AMD perderam 1% e a CoreWeave tombou 3%. A Softbank também perdeu 7,7% nessa quinta, sendo a maior queda do índice Nikkei.
No trimestre, a Oracle ficou assim:
🔴 Receita: US$ 16,06 bilhões x US$ 16,21 bilhões esperados.
🟢 Receita Cloud: US$ 7,97 bilhões (+34% no ano)
🟢 Lucro por ação (ajustado): US$ 2,26 x US$ 1,64 esperado
Longe de prejuízo, mas o mercado queria mais. Na comparação ano a ano a receita subiu 14% e o lucro líquido quase dobrou. A divisão de nuvem chegou a US$ 7,98 bi de receita e o braço de infraestrutura cresceu 68% com contratos com Airbus, Canon, Deutsche Bank, LSEG, Panasonic... a lista de clientes virou um condomínio de grandes marcas.
A receita futura contratada disparou +438%, chegando a um surreal US$ 523 bilhões. Segundo o CFO Doug Kehring, o salto vem de novos compromissos com ninguém menos que Meta, Nvidia e companhia. Com isso, a Oracle já projeta cerca de US$ 4 bilhões extras pingando em 2027.
Todo esse apetite do mercado por infra fez a Oracle soltar o cinto. O Capex total para completar a expansão de data centers subiu para ~US$ 50 bilhões (antes eram US$ 35 bi) e o fluxo de caixa livre vai pra ~US$ 10 bi.
O CFO tentou acalmar a galera falando sobre manter o rating e prometendo truques: clientes trazendo seus próprios chips e fornecedores topando alugar hardware em vez de vender. A ideia é sincronizar os gastos e depender menos de captações.
Mesmo assim, o mercado continua desconfiado: Oracle caiu 23% em novembro, sua pior performance mensal desde 2001. E embora ainda esteja 34% positiva no ano, a ação segue a 32% do topo histórico batido em setembro.
PS: a empresa também trocou o comando. Clay Magouyrk e Mike Sicilia assumiram como co-CEOs, sucedendo Safra Catz.
PS2: a OpenAI promete gastar mais de US$ 300 bilhões nos serviços da Oracle nos próximos cinco anos.
Recomendação dos analistas:
Compra forte: 6 | Compra: 25 | Neutro: 10 | Venda: 3
Preço-alvo médio: US$ 330,49 | Preço atual: US$ 223,01
MACRO/AÇÕES
Macro: para a BlackRock, o macro vai perder protagonismo ano que vem.
IPCA: acelera em novembro, mas abaixo do esperado.
Turquia: corta taxa de juros em 1,5p.p, indo para 38%.
PepsiCo: está eliminando quase 20% de seus produtos como parte de uma negociação com um investidor ativista.
Hopi Hari: parque sai da RJ, reduzindo as dívidas de R$ 1,2 bilhão para cerca de R$ 600 milhões.
Tesla: está produzindo ainda menos Cybertrucks agora do que quando começou.
Allos: dividend yield já supera a maioria dos Fiis, segundo Bradesco BBI.
Berkshire Hathaway: em vésperas da despedida de Warren Buffett, empresa faz outras mudanças na operação.
Shell: busca sócio para o projeto Gato do Mato, no Complexo de Campos de pré-sal.
JHSF: concluiu vendas em R$5,2 bilhões em imóveis, reduzindo o endividamento.
GameStop: reporta seus resultados, abaixo do esperado, e ações caem quase -5%.
Coca-Cola: um brasileiro vai ser o novo CEO.
Correios: avança em empréstimo bancário, abaixo dos R$ 20 bilhões inicialmente solicitados.
INVESTIMENTOS
ETFs: engatinhando no Brasil

Só 10% dos investidores brasileiros têm ETFs na carteira – contra ~50% nos EUA e ~20% na Europa. O mercado até está crescendo, saltou de 42 mil pessoas em 2018 para 644 mil em 2025 (15x mais). Mesmo assim, ainda está longe de se mostrar como uma opção no-brainer por aqui.
Os ETFs vêm mudando o jeito de investir no mundo todo. Eles entregam diversificação, baixo custo, transparência e aquela praticidade que faz qualquer iniciante se sentir um gênio das finanças.
O patrimônio global desses fundos saltou de US$ 3 trilhões para US$ 17 trilhões em dez anos, puxado principalmente pelos Estados Unidos, responsáveis por 65% desse bolo.
Enquanto isso, no Brasil, os ETFs ainda são só 1% do mercado de fundos. Nos EUA, representam 33%. Por que a diferença é tão grande?
Remuneração de profissionais: lá fora, corretores ganham taxa fixa sobre a carteira, o que puxa recomendações mais baratas, como ETFs. No Brasil, a remuneração por produto vendido muda o jogo – fundo que paga pouca comissão raramente vira o favorito do dia.
Cultura: nos EUA, 77% dos investidores usam ETFs para pensar no longo prazo e, especialmente, na aposentadoria. Já no Brasil, a moda atual são os ETFs de renda fixa e cripto, embora os de ações ainda dominem a prateleira.
Lá fora, o jogo já está tão avançado que a nova febre são os ETFs ativos, que tentam superar o próprio índice. Eles já representam 77% dos lançamentos nos EUA em 2024. Aqui, ainda não existem, mas a CVM está estudando liberar. Se tudo correr como a B3 prevê, eles chegam ao Brasil em 2026.
Mesmo que pareça atraso, a B3 garante: o mundo inteiro ainda está na infância dos ETFs. Segundo Luiz Masagão (VP da bolsa), o Brasil vive o estágio que os EUA atravessaram há 15 anos – primeiro os produtos básicos, depois a expansão para novas classes e países e, mais adiante, o uso crescente de ETFs pelos próprios gestores dentro dos fundos.
PS: O JPMorgan é um dos players olhando para o mercado de ETFs Ativos
EARNINGS
Adobe: trimestre bom e sem retoques

A Adobe resolveu mandar um “oi sumido” para Wall Street e nem precisou fazer retoques nos resultados do trimestre. A dona do Photoshop projetou 2026 acima das expectativas, surfando o apetite crescente por suas ferramentas de design – e, claro, por sua nova máquina de imprimir dinheiro: o arsenal de IA generativa do Firefly.
Desde a explosão do ChatGPT em 2022, a Adobe entrou no modo “IA em tudo” no Creative Cloud. E parece estar dando jogo: segundo o CFO Dan Durn, os usuários das versões freemium cresceram 35% em um ano, passando de 70 milhões.
Os números do trimestre:
🟢 Receita Bruta: US$ 6,2 bilhões x US$ 6,1 bilhões esperados.
🟢 Lucro por ação: US$ 5,50 x US$ 4,81 de um ano atrás.
🟢 Guidance: US$ 25,9-US$ 26,1 bilhões x US$ 25,89 esperados.
Mas o mundo criativo não vive só de filtro bonito. A concorrência subiu a régua, com novas IAs pipocando e mirando contratos que sempre foram da Adobe. Pra não perder terreno, a empresa até botou o pé no mundo do marketing digital e anunciou a compra da Semrush por US$ 1,9 bi.
A empresa ainda aproveitou o dia para lançar um novo crossover improvável: Photoshop, Express e Acrobat agora estão… dentro do ChatGPT. Isso mesmo. Você digita o nome do app, fala o que quer, e puf, a mágica acontece. A Adobe está apostando firme na ideia de que o futuro da criatividade caberá em um prompt.
PS: as ações acumulam queda de 23% no ano, bem longe do S&P 500, que sobe cerca de 17%.
Recomendação dos analistas:
Compra forte: 5 | Compra: 20 | Neutro: 12 | Venda: 3
Preço-alvo médio: US$ 444,23 | Preço atual: US$ 343,13
BRASIL
Petz e Cobasi: enfim, juntas!

Depois de um ano e meio digno de novela das nove, com direito a suspense, idas e vindas e concorrente fazendo papel de vilão, o Cade finalmente deu o “aprovado” para a fusão entre PETZ e Cobasi. Com isso, cai por terra a maior nuvem de incertezas que rondava a tese e pressionava o papel.
A aprovação veio com remédios, claro, mas bem mais homeopáticos do que se temia. Enquanto a Petlove pedia que fossem desinvestidas 105 lojas, o Cade achou que 26 unidades já resolviam o problema. Essas lojas, espalhadas pelo estado de São Paulo, representam só 3,3% da receita da futura gigante do varejo pet.
A nova empresa terá até seis meses para vender esses pontos (que podem ser renováveis por mais seis) e já tem dois pretendentes chamando no zap: Petlove e Petcamp.
Pelos termos da fusão, os acionistas da Petz levam um pedaço da nova companhia + cerca de R$ 0,70 em dinheiro por papel, valor ajustado pelo CDI. A nova empresa nasce com cara de líder do setor:
11% de market share
489 lojas pelo Brasil
R$ 7 bilhões de faturamento.
Lá atrás, a Petz havia estimado sinergias de EBITDA entre R$ 220-330 milhões, prometido entregar boa parte disso nos primeiros três anos. Com a aprovação final, analistas devem revisitar seus modelos e o papel já reagiu: subiu 4,3%, levando o valor de mercado da Petz a R$ 2 bilhões.
Hoje, a empresa negocia entre 20x e 25x o lucro, dependendo da fé de cada analista. Mas a fusão já comprime esse múltiplo logo na largada: como a Cobasi tem lucro maior (menos dívida, menos depreciação), o combo resultaria em um P/L próximo de 15x, isso sem considerar sinergia nenhuma e num ano de briga pesada no setor.
STATS DO DIA
US$ 363 milhões
Foi o quanto os 10 pilotos mais bem pagos da F1 receberam esse ano entre salários e bônus. O único da lista a não ficar no top 10 do Campeonato Mundial é Lance Stroll – que, coincidentemente, é filho do dono da equipe em que corre.

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