Bom dia Droppers. Bora pro pregão?

Pensei no chuveiro: que a Porsche quis trocar o ronco dos motores a combustão pelo zumbido dos elétricos rápido demais – e acabou ouvindo o som do prejuízo.

• Porsche: da pista ao prejuízo
• Tech: PC quântico na carteira dos EUA
• Rio: turismo financeiro com o dinheiro da aposentadoria
• Sadia Halal: a joint-venture das proteínas

Dropped by Igor Chede Collaço e Renan Hamann
GIRO PELO MERCADO

Por aqui, é máxima histórica, Rogerinho!! Depois do papo entre Lula e Trump na Malásia, o Ibovespa decidiu vestir o terno da confiança e bater novo recorde: 146.969 pontos – chegando a flertar com os 148 mil durante o pregão. O clima otimista veio com a expectativa de uma trégua no tarifaço, já que Trump comentou sobre abrir um canal de negociação bilateral com o Brasil.

Lá fora, a semana promete ser daquelas de café duplo e tela dividida. Cerca de 35% das empresas do S&P 500 divulgam resultados, incluindo 5 das Mag-7 (Microsoft, Google, Meta, Apple e Amazon). E, falando em Amazon, a gigante anunciou um corte de 30 mil funcionários, começando hoje. Além disso, o noticiário político tá pegando fogo: Trump e Xi Jinping têm encontro marcado na quinta pra discutir tarifas, enquanto amanhã é dia de Powell e cia decidirem o rumo dos juros americanos no FOMC. No meio disso tudo, ainda deu tempo de as bolsas globais baterem máximas históricas: Dow Jones, Nasdaq, S&P, Europe Stoxx, UK FTSE, Spain IBEX, Japão Nikkei 225…

VISUAL

Porsche: da pista ao prejuízo

Depois de anos sendo o carro-chefe da rentabilidade do grupo Volkswagen, uma sequência de trimestres com buracos na pista colocou um alerta sobre a Porsche. No lugar de lucros bilionários e margens enormes… Prejuízo.

A batida foi feia. Nos nove primeiros meses do ano, o lucro operacional despencou 99% – de € 4 bilhões para € 40 milhões. O lucro líquido? Só € 114 milhões. A receita ainda segurou o volante, chegando a € 27 bilhões, com 212 mil carros entregues. Mas o golpe final veio das tarifas impostas pelos EUA, que somaram mais € 700 milhões ao prejuízo.

Os números no ano:

  • 🔴 Receita: € 26,9 bilhões, caindo -6% no ano

  • 🔴 Lucro Operacional: € 40 milhões, com queda de 99%

  • 🔴 Margem Operacional: de 15% para 2%

A estratégia de eletrificação teve que ser desacelerada e a Porsche adiou lançamentos de EVs, cancelou a produção própria de baterias e resolveu prolongar a vida dos motores a combustão e híbridos.

Enquanto isso, as rivais pisam no freio com mais estilo. A Ferrari revisou as metas: agora quer só 20% dos carros elétricos até 2030 (antes era 40%) – o resto fica entre híbridos e motores a combustão. Já a BMW segue na linha “nem tanto ao mar, nem tanto à tomada”: aposta nos elétricos, mas mantém os V8 rugindo.

Entre lucros evaporando e motores rugindo, a Porsche descobriu que transição energética sem tração financeira não sai da garagem. O desafio agora é simples (e caro): voltar a acelerar sem perder o ronco.

Recomendação dos analistas:

Compra: 1 | Neutro: 6 | Venda: 3

Preço-alvo médio: US$ 55,67 | Preço atual: US$ 48,56

MACRO/AÇÕES
  • Argentina: bolsa de Buenos Aires dispara e dólar despenca com vitória de Milei.

  • Hedge Funds: batem US$ 5 trilhões, com a maior captação líquida desde 2007.

  • Ouro: ETF GOLB11 estreia na B3.

  • CPI: subiu 0,3% em setembro, indo para 3,0% no acumulado de 12 meses.

  • FIIs: BTLG vendeu 2 prédios corporativos, com lucro de R$ 24 milhões na revenda.

  • Procter & Gamble: bate as estimativas, mas demanda cai em algumas categorias.

  • Weg: amplia produção no México para evitar as tarifas americanas sobre o Brasil.

  • IBIT: ETF de bitcoin é o que mais entrega receita para a BlackRock.

  • Prosus: a dona do iFood, OLX e Decolar estreia na B3.

  • Qualcomm: empresa sobe 20% depois de anunciar seus novos chips

  • Casas Bahia: vai começar a vender seus produtos no Mercado Livre.

  • Ambipar: tem vitória em recurso para manter recuperação judicial no Rio.

JOINT-VENTURE

MBRF: a ida do frango ao deserto

A MBRF acaba de colocar o pé na areia do deserto, e não foi a turismo. A dona da BRF fechou um acordo de US$ 500 milhões com o fundo soberano saudita (PIF) para criar a Sadia Halal, joint venture que une a força da brasileira ao capital árabe. A meta: virar uma gigante multiproteína no mundo islâmico e abrir capital em 2027, na bolsa de Riad.

E por que “Halal”? Em árabe, o termo significa “lícito” ou “permitido”. No caso dos alimentos, indica que o produto segue padrões rigorosos da lei islâmica: nada de carne de porco, álcool ou processos de abate fora do rito religioso.

É um selo de confiança para um mercado de alimentos que deve ultrapassar US$ 1,5 trilhão até 2027.

A operação deve ser concluída no 1S’26, e prevê que o PIF entre inicialmente com 10% de participação, podendo chegar em até 40% de forma escalonada. Metade de todo o aporte vai direto para o caixa da Sadia Halal e outra para os cofres da MBRF – melhorando o endividamento da empresa.

A operação:

  • Atribuiu a companhia a um múltiplo de 9x EBITDA, abaixo dos 13-15x que é praticado no mercado local.

  • Transferência de ativos valiosos da BRF Arábia, como fábricas, e CDs pelo Oriente Médio. O faturamento anual é de ~US$ 2 bilhões.

  • Contrato de fornecimento entre a MBRF e Sadia Halal tem validade de 10 anos, cobrindo frango, carne bovina e produtos processados.

  • A precificação ficaria em custos + 5%, reduzindo assim a volatilidade das margens

A Sadia, aliás, já é um nome conhecido por lá: tem 36,2% de participação nos países do Conselho de Cooperação do Golfo (GCC), abastece 17 mil pontos de venda e realiza mais de 111 mil entregas por mês. Agora, com o impulso financeiro saudita, a ideia é transformar esse domínio em liderança global no segmento Halal.

A ação subiu +6,45% com essa noticia, mas ainda amarga uma queda de -35% da sua máxima alcançada em setembro. No ano a empresa sobe +5%.

BRASIL

Rio: turismo financeiro com o dinheiro da aposentadoria

O dinheiro dos aposentados do Rio andou turistando por destinos bem exóticos. O TCE-RJ descobriu que o Rioprevidência (fundo que paga aposentadorias e pensões dos servidores estaduais) aplicou R$ 2,6 bilhões em títulos ligados ao Banco Master. A descoberta veio com uma decisão: novas aplicações estão proibidas.

O problema começa pela concentração: essa montanha de dinheiro representa mais de 25% de todo o patrimônio do fundo, um valor que o TCE considerou “irregular” e que, inclusive, fica fora das normas do Conselho Monetário Nacional.

O fundo contestou a decisão, dizendo que as aplicações somam “só” R$ 960 milhões e que tudo está “regular e adimplente”. Segundo o fundo, o fato de um investimento ser administrado por uma instituição não significa que o dinheiro esteja, de fato, lá dentro… mas o TCE diz o contrário e aponta ~R$ 1,1 bilhão em Letras Financeiras emitidas pelo Master.

O fundo ainda aplicou R$ 415 milhões no Revolution – pacote que incluía cotas do Brazil Realty (já investigado por fraude) e títulos da Blum Securitizadora (hoje Reag Securities), ligada ao grupo da Operação Carbono Oculto.

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Pra fechar o roteiro, teve ainda R$ 100 milhões no Texas I FIA, outro fundo da casa. Pequeno detalhe: 96% da carteira era Ambipar – que despencou 98,5% nos últimos 35 dias.

No fim das contas, o caso do Rioprevidência é um lembrete de que, quando o assunto é previdência ou fundo de investimento, nem sempre o risco está só no mercado: às vezes está nas escolhas de quem gere o seu dinheiro. Vale a pena ficar de olho nas carteiras e relatórios, porque o “turismo financeiro” pode estar mais perto do que parece.

DECIFRANDO O CONDADO

Altcoins

Se o Bitcoin é o “pai” das criptomoedas, as altcoins são os filhos que decidiram seguir caminhos alternativos.

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TECH

PC quântico na carteira dos EUA

Parece que o novo hobby da Casa Branca é montar uma carteira digna de hedge fund. Depois de virar acionista da Intel, o governo Trump agora mira participações em empresas de computação quântica em troca de financiamento público. Bastou o boato surgir para as ações do setor dispararem.

Empresas como IonQ, Rigetti, D-Wave, Quantum Computing e Atom Computing estariam em conversas com o Departamento de Comércio dos EUA para acordos que trocariam participações acionárias por aportes públicos de ao menos US$ 10 milhões cada.

E por que esse rumor pegou tanta tração? Porque toda vez que o governo coloca dinheiro em uma empresa, as ações vão direto pra Lua.

O principal motivo? Segurança nacional. Computadores quânticos podem proteger contra ciberataques e têm usos militares e de inteligência. Como a Casa Branca anda investindo em setores “estratégicos”, o boato parecia perfeitamente plausível.

Ainda não existe um uso comercial realmente viável, mas o hype está longe de ser ficção científica:

  • Recentemente, o Google publicou um estudo mostrando um supercomputador quântico capaz de resolver problemas 13.000x mais rápido que um tradicional.

  • A McKinsey prevê que o setor salte de US$ 4 bilhões em 2024 para US$ 37 bilhões até 2030.

  • E, claro, os EUA estão em uma corrida direta com a China para ver quem chega primeiro na era quântica.

Os EUA vêm investindo pesado no setor há anos. Ainda no governo Trump I, em 2018, o National Quantum Initiative Act liberou US$ 1,2 bilhão para pesquisas – investimento ampliado com o CHIPS and Science Act de Biden e que agora pode ganhar mais US$ 2,7 bilhões com apoio do Senado.

Por ora, os acordos ainda não estão fechados, e o governo pode acabar optando por outros formatos, como royalties, licenças de tecnologia ou participação em receitas. Mas uma coisa é certa: o futuro está sendo medido em qubits, e Washington quer garantir que o seu nome apareça no cap table.

STATS DO DIA

100%

é o número de analistas que cobrem a Microsoft e que dão recomendação de “Compra”. Com todos os 61 analistas indicando compra, $MSFT ( ▼ 2.85% ) é a única empresa na lista da Barron’s com essa unanimidade.

Via Barron’s

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