Bom dia Droppers.

Pensei no chuveiro: que o mês de outubro é o único período do ano em que o investidor de cripto acredita simultaneamente em análise técnica, astrologia e milagres

No Drop de hoje, em 5 min e direto ao ponto:

• Uptober: o promissor mês das criptos
• Bolha da IA: aquela que não deve ser nomeada
• Ibov: um trimestre em modo turbo
• Verde: agora é da Vinci

Dropped by Igor Chede Collaço e Renan Hamann
GIRO PELO MERCADO

Por aqui, mais que amigos, friends: ontem Lula e Trump conversaram por telefone, numa conversa onde ambos descreveram como amigável e positiva para os países. Mas enquanto eles falavam, o presidente do BC, Gabriel Galípolo, jogava um balde de água fria no otimismo alertando que a convergência da inflação pra meta ainda está longe. Com isso, o Ibovespa desanimou e corrigiu -0,41%.

Lá fora, tivemos um combo de novas máximas: S&P, Russell, Nasdaq, Ouro e Bitcoin. O S&P já engata sete pregões seguidos de alta. Enquanto isso, a paralisação do governo americano deve atrasar a divulgação de dados econômicos e pode até causar demissões em massa de servidores federais. Já Jerome Powell não tem descanso: amanhã sai a ata do FOMC, e o mercado vai ficar atento, linha por linha.

VISUAL

Uptober: o promissor mês das criptos

O mercado cripto não tem medo de Halloween e começou outubro acelerando: o Bitcoin bateu nova máxima, passando dos US$ 125 mil. O Ethereum também brilhou, com +13% e chegando a US$ 4.700, perto da máxima de US$ 4.950. Já a Solana saltou 17%, alcançando US$ 236, quase revisitando o recorde de janeiro.

As criptos seguem ganhando espaço no mercado tradicional. Além de o BTC fazer parte de tesourarias institucionais, agora o ETH também começa a ter destaque, principalmente após ser incluído em isenções de taxas para empresas que a mantiverem nos balanços.

O fenômeno já ganhou apelido carinhoso entre os criptoentusiastas: uptober. O famoso mês em que o Bitcoin costuma deixar os pessimistas de cabelo em pé. Estamos no início do mês, mas pelo visto, a tradição está viva.

Estatísticas dos últimos 10 anos para Outubro:

  • Performance média de +21,49%;

  • 90% de meses positivos no histórico

  • A única exceção está em 2018, quando caiu 3,8%

Por trás desse rali, está, como quase sempre, a economia americana em modo drama. A paralisação do governo federal aumentou a incerteza, derrubou o dólar e fez muita gente correr para o abrigo (ou seria montanha-russa?) das criptos.

Entre buscas por diversificação, fluxo de ETFs, e expectativa de cortes de juros americanos, o Bitcoin e suas amigas altcoins seguem em alta, lembrando que em outubro, pelo menos no mundo cripto, o touro definitivamente manda.

MACRO/AÇÕES
  • Suécia: é o mercado de IPO mais aquecido da Europa este ano.

  • Brasil: tem déficit primário de R$ 17,25 bi em agosto, melhor que o esperado de R$ 19,10 bi.

  • Pix: cresce a demanda por seguro ligado ao Pix.

  • BC: Galípolo diz que dados econômicos não indicam desaceleração abrupta da economia.

  • Japão: títulos de 30 anos alcançam o maior nível da história, em 3,32%.

  • ETFs alavancados: voltam a receber fluxo, chegando próximo a volumes de 2022.

  • Banco Master: honrou vencimentos de R$ 200 milhões em CDBs e ganhou tempo.

  • Aura Minerals: lançou um programa para que acionistas troquem BDRs na B3 por ações na Nasdaq.

  • Sabesp: comprou a Emae por R$ 1,13 bilhão.

  • Rite Aid: a rede de farmácias americanas que tinha 60 anos e chegou a ter mais de 5.000 lojas, decretou sua falência.

  • Tesla: reportou recorde de vendas trimestrais.

  • Vale: vai recomprar debêntures emitidas há 28 anos, desembolsando até R$ 16,3 bilhões.

  • AMD: sobe +35% e tem o seu melhor dia na história depois de divulgar negociações com a OpenAI

IA

Bolha: aquela que não pode ser nomeada

Primeiro vieram o hype e a grana… agora os bilionários começam a ter aquela tossezinha educada antes de dizer o que ninguém quer ouvir: talvez o mercado esteja um pouquinho embriagado demais de inteligência artificial.

Na Italian Tech Week, em Turim, Jeff Bezos afirmou que vivemos uma “bolha industrial de IA”, com investidores tão empolgados que já não distinguem boas ideias de delírios. David Solomon (Goldman Sachs) foi mais contido, mas alertou: um drawdown pode vir aí – lembrando o boom das pontocom dos anos 90.

Alguns dados que reforçam essa visão:

  • Palantir: negocia a 137 vezes a sua receita.

  • Nvidia: a empresa mais valiosa do mundo, com seu modesto valor de US$ 4,7 trilhões, já representa 8% do S&P 500.

  • OpenAI: foi avaliada em US$ 500 bilhões numa venda secundária de ações, passando a SpaceX e se tornando a empresa privada mais valiosa do mundo.

  • CAPE (índice Preço/Lucro Ajustado Ciclicamente): está sendo negociado em 40x os lucros, o nível mais alto desde a bolha da internet.

Pra colocar em perspectiva: a OpenAI, que fatura US$ 13 bi (e ainda queima caixa como se não houvesse amanhã), agora vale tanto quanto a ExxonMobil, que fatura +US$ 350 bilhões e lucra +US$ 30 bi por ano.

Olhando para os índices, para que o S&P mantenha seu múltiplo atual, seria preciso crescimento de lucros de 13,4% em 2026 e mais 15% em 2027. Nada impossível, mas o suficiente para fazer o investidor se perguntar o que ainda mantém a música da festa tocando.

Mas calma: nem Bezos nem Solomon acham que a IA é fumaça. Pelo contrário, ambos veem um impacto real e gigante, só que num filme longo, com altos, baixos e sustos pelo caminho. Vale lembrar: bolhas duram mais do que parece, e quem tenta prever o topo geralmente perde a festa.

AÇÕES

Ibov: trimestre em modo turbo

Tem trimestres em que o Ibovespa parece uma esteira de academia: o investidor sua, corre… e o portfólio não sai do lugar. Mas no 3º trimestre de 2025, o mercado mudou o roteiro: 24 ações do índice cravaram máximas históricas, mostrando que, mesmo com juros nas alturas, o investidor segue encontrando novos caminhos.

⚡Elétricas: o fio condutor dessa nova fase teve 7 empresas de energia batendo suas máximas,

🏗️ Construtoras: as ações têm respondido bem ao cenário com recuperação operacional, vendas melhores e balanços menos alavancados.

🏦 Bancos: duas empresas renovando as máximas, mostrando que nomes tradicionais e liquidez ainda chamam a atenção.

☎️ Telecom: também tiveram dois nomes renovando as máximas.

O trimestre mostrou que o Ibovespa está vivo – e bem seletivo. De energia a telecom, passando por saneamento e construção, dez setores tiveram ao menos uma ação em recorde histórico. O índice subiu 4,2% em setembro (5,6% em dólar), acumulando alta de 41% no ano.

Para a XP, duas forças explicam o otimismo com a Bolsa – e a meta de 170 mil pontos até 2026. A primeira é o fluxo doméstico, que pode trazer de R$ 300 a 600 bilhões de volta ao mercado. A segunda é o corte de juros nos EUA, um momento em que, historicamente, as ações brasileiras costumam brilhar.

PS: 19 ações dessas 24 máximas vieram em setembro, nos últimos pregões do trimestre. Ou seja, a Bolsa terminou o período acelerando, não freando.

DECIFRANDO O CONDADO

Green Bonds

são tipo os “títulos de dívida com consciência ambiental”. Na prática, funcionam como um empréstimo: o investidor empresta dinheiro e, em troca, recebe juros.

Mas, em vez de financiar qualquer projeto, o dinheiro vai para iniciativas verdes, como energia limpa, reflorestamento ou transporte sustentável.

É o mercado financeiro tentando salvar o planeta sem abrir mão do lucro – uma mistura de consciência ecológica com planilha de Excel.

GESTORAS

Verde: a lenda em nova casa

Breaking no mundo das gestoras: a Vinci Compass comprou 50,1% da Verde Asset, a casa de Luis Stuhlberger (o gestor mais lendário do Brasil). Isso marca a entrada da Vinci no universo dos multimercados e junta +R$ 300 bilhões da gigante com uma grife nascida em 1997 – com R$ 16 bilhões e décadas batendo o mercado.

Vinci: mantém o pé firme em crédito e private equity, com dinheiro pesado de institucionais aqui e lá fora.

Verde: foca em fundos multimercado, ações e previdência, contando com uma base fiel (mas cada vez menor) de investidores de varejo.

A sinergia da operação vem da distribuição: a Vinci tem 62% de capital institucional enquanto a Verde, não tem quase nada. Juntas, ganham escala e novas oportunidades.

Alessandro Horta, CEO da Vinci, afirmou que “Luis é o maior alocador de capital da história do Brasil.” E não é exagero: mesmo após ver o patrimônio cair de R$ 55 bi (2021) para R$ 16 bi, a Verde ainda superou o CDI – feito notável em meio a juros altos, isenções e resgates constantes.

A compra avalia a Verde em cerca de R$ 350 milhões, divididos em duas etapas.

  • Primeiro, a Vinci leva 50,1% pagando R$ 221 milhões (a maior parte em ações).

  • Em cinco anos vem a segunda rodada, com a compra dos 49,9% restantes (em um mix de ações e dinheiro).

A Vinci é listada na Nasdaq e avaliada em US$ 677 milhões, subindo 7,5% no ano e em ritmo de expansão – que também aproveita um momento difícil para as gestoras independentes.

PS: A indústria de fundos multimercados já soma mais de R$850 bilhões em resgates desde 2022.

STATS DO DIA

18.000 vs 13.600

É número de empresas Private Equity americanas vs número de McDonalds no mercado dos EUA.

Via Bloomberg

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