Bom dia Droppers.

Pensei no chuveiro: que enquanto o mercado busca novas narrativas, a Vale continua ganhando dinheiro com uma das mais antigas… cavar e vender.

No Drop de hoje, em 5 min e direto ao ponto:

• Vale: o ferro voltou a valer ouro
• Buffett: deixando o tanque cheio
• Palantir: trimestre no hype da IA
• GPA: o conselho no pregão

Dropped by Igor Chede Collaço e Renan Hamann
GIRO PELO MERCADO

Por aqui, o Ibovespa segue no modo Guinness e quebrou a barreira dos 150 mil pontos pela primeira vez na história – graças a um empurrãozinho do setor bancário e da Petrobras. Outubro acabou com 5 novas máximas seguidas nas costas, e já são 20 no ano. Amanhã é dia de emoção com o COPOM, o comitê que decide a nossa taxa de juros, com o mercado esperando a manutenção da taxa.

Lá fora, oefeito outubro” passou longe. O S&P 500 e o Dow Jones emendaram o sexto mês seguido de alta (a maior sequência desde 2021), e o Nasdaq fez ainda melhor, com sete meses no azul (não via isso desde 2017). Já o Bitcoin, que prometia um “Uptober”, acabou entregando um “Downtober”, caindo 5% no mês.

VISUAL

Vale: o ferro voltou a valer ouro

O mercado ainda discutia se a Vale estava surfando na maré do minério ou se tinha realmente talento pra brilhar sozinha. A dúvida acabou quando a mineradora soltou um balanço daqueles – o próprio CFO Marcelo Bacci resumiu: “foi um trimestre em que tudo deu certo”. E foi mesmo.

A mineradora registrou lucro líquido de US$ 2,7 bilhões (algo perto de R$ 14,5 bilhões) no Q3 – 11% sobre o ano passado e bem acima das projeções de US$ 2,1 bilhões. O lucro ajustado (aquele que tira os “não recorrentes” da conta) disparou 78%, turbinado pelo trio de ferro: maior produção, melhores preços e eficiência nas operações.

Os números do trimestre:

  • 🟢 Receita: US$ 10,42 bilhões, aumento de 9%.

  • 🟢 EBITDA (ajustado): US$ 4,36 bilhões, crescimento de 21%

  • 🟢 Lucro Líquido: US$ 2,7 bilhões x US$ 2,1 bilhões esperados.

Na prática, foi um daqueles trimestres em que o minério vende mais, o preço melhora e os custos resolvem colaborar. A Vale alcançou sua maior produção de minério de ferro desde 2018, com aumento de 5% nas vendas e preço médio de US$ 94,4 por tonelada, 11% acima do trimestre anterior.

No caixa, a festa continuou: fluxo de caixa livre de US$ 2,6 bilhões, quatro vezes mais que no ano anterior, reforçado pelo aporte de US$ 1 bilhão da joint venture Aliança Energia, feita com a GIP. A dívida líquida recuou para US$ 16,6 bilhões, e a alavancagem ficou confortável em 0,8x Ebitda, com custo médio de 5,4% ao ano.

Boa notícia pros acionistas: dividendos extraordinários podem pintar em breve. A Vale mantém seu guidance de dívida líquida expandida entre US$ 10 e US$ 20 bilhões. E, segundo Bacci, quanto mais perto da parte de baixo desse intervalo, maior a chance de o dinheiro pingar na conta do investidor.

Enquanto rivais se juntam em megafusões – como o casamento de US$ 53 bilhões entre Anglo American e Teck Resources – a Vale quer crescer sozinha, de forma orgânica. Segundo Bacci, não há planos de M&A no horizonte: “Temos áreas ricas e direitos minerários próprios. Faz mais sentido crescer em casa do que pagar caro por ativos disputados”.

MACRO/AÇÕES
  • COPOM: expectativa é de manutenção da taxa Selic.

  • ECB: manteve as taxas de juros da zona do Euro em 2%.

  • Argentina: Rolf Lüders faz alerta a Milei e seu plano econômico

  • Quantitative Tightening: Fed encerra oficialmente o programa que drenou US$1,2 trilhão desde 2022.

  • Azul: chega a acordo com credores no plano do Chapter 11.

  • Braskem: bancos recorrem à FTI Consulting para negociar dívidas.

  • Telefônica: divulga lucro de R$ 1,9 bilhão no 3T’25, subindo 13%.

  • Credit Suisse: após 2 anos da venda pelo UBS ainda encontra desafios regulatórios.

  • XP: compra a Augme e dobra sua plataforma ‘high yield’.

  • OpenAI: faz acordo de US$ 38 bilhões com a AWS da Amazon.

  • Kimberly-Clark compra Kenvue, dona do Tylenol e do Listerine, por US$ 40 bilhões.

  • Toky: resultado da fusão da Mobly com a Tok&Stok planeja aumento de capital.

  • Gerdau: lucro cai 24% no trimestre, batendo R$ 1,1 bilhão.

  • Cosan: levanta R$ 9 bilhões no seu follow-on.

INVESTIMENTOS

Buffett: deixando o tanque cheio

Warren Buffett se prepara para pendurar as chuteiras e deixar a Berkshire Hathaway com o tanque cheio. A gigante do “Oráculo de Omaha” fechou o trimestre com resultados sólidos e um recorde de US$ 382 bilhões em caixa – um belo presente para Greg Abel, que assumirá o império de US$ 1 trilhão quando Buffett, aos 95, passar o bastão.

  • Lucro operacional: +33% ano a ano, totalizando US$ 13,5 bilhões

  • Lucro por ação: cerca de 7% acima das projeções

  • Caixa: US$ 359 bilhões

O famoso “Buffett Indicator” (aquele que compara o valor de mercado total das ações americanas com o PIB do país) está no nível mais alto da história, em 225%. Assim, o velhinho de Omaha não tem pressa nenhuma de ir ao mercado fazer compras. Nem para recomprar suas próprias ações.

Pelo quinto trimestre seguido, Buffett não colocou a mão no bolso para recomprar papéis da própria Berkshire, e isso deixou o mercado com uma pulguinha atrás da orelha. As ações já caíram ~12% desde que ele anunciou que deixará o cargo de CEO no fim do ano.

Com lucros em alta, juros em queda e o combustível emocional chamado “IA”, o mercado americano de 2025 virou uma mistura de euforia, FOMO e racionalização. E Buffett, lá do alto da montanha de US$ 382 bilhões, provavelmente sorri… esperando o momento certo para ir ao mercado.

PS: Desde o anúncio da aposentadoria de Warren Buffett, a BH teve um desempenho 34 p.p. abaixo do índice S&P 500.

PS2: Somente o caixa da BH pode comprar 477 empresas do S&P 500.

DECIFRANDO O CONDADO

Buffett Indicator

É um indicador criado pelo próprio Warren Buffett.

Ele compara o valor total das empresas listadas na bolsa de um país com o tamanho da economia (o famoso PIB).

Se o mercado vale muito mais que o PIB, é sinal de febre: as ações podem estar caras demais.

Se vale menos, pode ser que estejam em promoção.

EARNINGS

Palantir: no hype da IA

A Palantir vem se tornando um dos símbolos do hype da IA no mercado e os números do trimestre acompanham a fama. Resultados acima das expectativas e projeções otimistas para o fim do ano arrancaram sorrisos de Wall Street.

Até o mercado lembrar o múltiplo salgado da ação (240x) e, em poucas horas, os papéis foram de +7% a -5% – movimentando +US$ 60 bilhões em valor de mercado.

Os números do trimestre:

  • 🟢 Receita: US$ 1,18 bilhão x US$ 1,09 bilhão esperados

  • 🟢 Lucro por ação: US$ 0,21 x US$ 0,17 esperados

  • 🟢 Guidance 4T’25: US$1,327 - $1,331 bilhão x US$1,18 bilhão esperados.

E não parou por aí: a empresa projeta US$ 1,33 bilhão em vendas para o próximo trimestre, muito acima dos US$ 1,19 bi previstos.

O shutdown do governo americano pode até ameaçar contratos com a empresa, mas a divisão governamental da Palantir cresceu 52% em um ano, atingindo US$ 486 milhões.

A Palantir não aperta só as mãos do governo, mas também do mercado. Nos EUA, a divisão comercial dobrou a receita para US$ 397 milhões e quadruplicou os contratos, somando US$ 1,31 bilhão em novos negócios. Parcerias com Snowflake, Lumen e Nvidia deram o empurrão final nesse foguete.

Com tudo isso, o papel da Palantir segue o roteiro de conto de fadas da IA: alta de 170% só em 2025, depois de subir 340% em 2024, e uma valorização de 25x nos últimos três anos.

A empresa agora vale US$ 490 bilhões, disputando espaço no pódio das techs mais valiosas do planeta… E é uma das mais cara do mundo, com as ações sendo negociadas a impressionantes 240x P/L.

Recomendação dos analistas:

Compra forte: 1 | Compra: 3 | Neutro: 17 | Venda: 2 | Venda Forte: 2

Preço-alvo médio: US$ 156,15 | Preço atual: US$ 207,18

P.S: Michael Burry (que você pode ter conhecido no filme “A Grande Aposta”) tem puts de PLTR no portfólio. Ou seja: aposta na queda.

BRASIL

Board Trader: entre assembleias e pregões

O Conselho do GPA andou bem ativo – e não só em reuniões. Entre abril e setembro, enquanto o grupo trocava CEO e reorganizava o controle, seus conselheiros movimentaram R$ 403,6 milhões em operações com ações da própria empresa, segundo dados da CVM levantados pelo NeoFeed.

O ritmo foi intenso: 193 negociações, entre compras, vendas, opções, empréstimos e devoluções de papéis.

→ As compras à vista e a termo somaram R$ 181 milhões, com preço médio de R$ 3,23 por ação.

→ As vendas somaram R$ 166,5 milhões, a R$ 3,37.

E não parou aí: o grupo também realizou 40 operações de aluguel de ações – totalizando 8,44 milhões de ações alugadas e 6,25 milhões devolvidas. Esse tipo de manobra pode servir para reforçar votos em assembleias… ou para lucrar apostando na queda dos próprios papéis.

No meio de tudo isso, três nomes ainda se destacaram:

  • André Coelho Diniz foi às compras: +7,8M de ações, chegando a 4,99% do GPA – cuidadosamente abaixo dos 5% que obrigariam divulgações de qualquer negociação.

  • Ronaldo Iabrudi foi na contramão: vendeu mais da metade da posição.

  • Rafael Ferri virou o “conselheiro influencer”: fez campanha nas redes para ganhar uma vaga, entrou… e depois vendeu boa parte das ações, ficando com 2,73%, passando seus votos a Edison Ticle.

O timing chamou atenção: o comunicado da redução saiu cinco horas após a assembleia e menos de uma hora após o balanço da empresa ser divulgado. No dia seguinte, as ações despencaram 20,2%. Coincidência? O mercado acha que não.

Pela regra da CVM 44, administradores (e isso inclui conselheiros) não podem negociar ações nos 15 dias que antecedem a divulgação de resultados. No caso do GPA, os prazos e volumes levantaram sobrancelhas. Hoje teremos a divulgação do balanço do 3T’25.

O Conselho do GPA virou quase uma mesa de operações, com compras, vendas e empréstimos em meio à troca de comando e controle da varejista. Se a missão é “guiar a empresa em tempos turbulentos”, desta vez eles fizeram isso literalmente… Com ordens de compra e venda.

STATS DO DIA

US$ 29,4 bilhões

É o tamanho da injeção que o Fed acaba de realizar no sistema bancário dos EUA por meio das repo operations.

Via Economic Times

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