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💰 Embraer em voo de cruzeiro

+ earnings do Bradesco + cadê os dados da China?

Bom dia Droppers.

Pensei no chuveiro: que a política monetária é como um café forte: ajuda a acordar a economia… mas também pode dar dor de barriga.

No Drop de hoje, em 5 min e direto ao ponto:

 Bradesco: primeiro trimestre positivo no banco
China: onde foram parar os dados da economia?
 Super-quarta: Brasil e EUA divulgam política de juros
 Embraer: como a brasileira está voando tão alto

MoneyDropped por Igor Chede Collaço, Renan Haman e Matheus Novaes

Giro Pelo Mercado

Por aqui, o Ibovespa fechou próximo à estabilidade esperando a decisão do Copom, que decidiu elevar a Selic para 14,75%. O comitê sinalizou que o ciclo de aperto monetário se encontra próximo do fim, mas sem deixar orientações claras para a próxima reunião. Na janela de divulgação de resultados, hoje os RIs vão trabalhar… na agenda temos Itaú, Inter, B3, Rumo, Lojas Renner, Intelbras, Cogna, Totvs, Petz, JHSF, Localiza, CSN, Hapvida, Suzano, Ambev e outras.

Lá fora, depois de um dia com bastante volatilidade e o mercado esperando a primeira reunião do FOMC depois do dia da Libertação, os índices fecharam em alta, impulsionados pela notícia de que, finalmente, EUA e China irão se encontrar para negociar as tarifas – nesse sábado, na Suíça. Ainda ontem, Trump anunciou uma coletiva na Casa Branca sobre um acordo comercial com algum “país altamente respeitado” - daqui a pouco saberemos qual.

EARNINGS

Bradesco: lucro alto e risco sob controle

O Bradesco (BBDC4) mostrou que sua recuperação não é só discurso para acionista dormir. O lucro líquido recorrente no 1T25 saltou 39% em relação ao ano anterior, alcançando R$ 5,86 bilhões — acima da expectativa de R$ 5,43 bilhões. Mais que isso, o banco começa a entregar rentabilidade com disciplina e baixo risco.

Por dentro dos números:

  • Lucro recorrente: R$ 5,86 bi (+39,3% a/a);

  • ROE: 14,4% (+4,2 p.p. t/t), ainda abaixo do Santander (17,4%);

  • Carteira de crédito: R$1 tri (+12,9% a/a), com 57% garantida;

  • Inadimplência >90 dias: 4,1% (-0,9 p.p. a/a);

  • Lucro de seguros: R$ 2,4 bi (+25,3% a/a), ROAE de 22,4%.

Mesmo com o crescimento acelerado da carteira de crédito — impulsionado por PF e PMEs —, a inadimplência permaneceu estável e as provisões caíram. Isso mostra um equilíbrio entre risco e rentabilidade, sustentado por uma base mais garantida.

Crédito com garantia é quando o banco tem um bem como proteção. Se o cliente não paga, ele pode tomar esse bem — casa, carro, terreno, o que for. Assim, o banco se sente mais seguro pra liberar o dinheiro.

Além disso, o banco colhe frutos do plano de transformação digital: redução de agências, adoção de IA (GenAI e BIA), squads de tech e aumento de produtividade nas centrais.

O Bradesco entrega sinais sólidos de virada. Lucro crescente, risco controlado e expansão tecnológica criam uma nova base para os múltiplos da ação. Ainda há distância até os rivais em termos de rentabilidade, mas a direção está dada — e os números começam a provar isso.

Recomendação dos analistas:

  • Compra: 3 | Neutro: 9 | Venda: 1

  • Preço-alvo médio: R$ 15,24 | Preço-atual: R$ 13,04

CHINA

O que os olhos não veem, a carteira não sente.

por James Ferguson

Desde a pandemia de Covid, a economia da China deixou de crescer com os passos largos que vinha dando no cenário internacional. A crise não é uma novidade, mas o tamanho dela é um mistério e tanto.

O motivo é simples: o governo chinês tem “sumido” com uma série de estatísticas importantes – como vendas de terras, investimentos estrangeiros, desemprego jovem, nascimentos, mortes e até... produção de molho de soja. Pois é, nem o shoyu escapou.

  • Entre 2000-2019, o PIB da China crescia a uma média de 8,9% ao ano.

  • Já em 2020-2024, o número oficial foi de ~5%, mas o não oficial ficou em ~3%.

Sem motivo oficial, mas o extraoficial parece claro: evitar dor de cabeça com números pouco animadores — ou que desmintam outros já divulgados. E tem áreas em que China deixa o investidor com um pulguedo atrás da orelha:

  • Desemprego entre os jovens: depois de bater 21,3% em 2023, o governo parou de divulgar os dados e depois retomou com uma correção para 14,9%. Gerou muitos empregos? Não, cortou 62 milhões de jovens da conta.

  • Ocupação de Imóveis: outro número que sumiu após dados anteriores apontarem uma vacância maior que os EUA.

  • Vendas de terrenos: após a divulgação de queda de 50%, o dado sumiu como num passe de mágica.

  • Vacinas contra tuberculose: o número usado para demonstrar o aumento da população não vê mais a luz do dia.

  • Cremações: até esse dado parou de ser reportado após a adoção da política de Covid zero, já no final de 2022.

Com dados oficiais cada vez mais nebulosos, analistas viraram detetives econômicos. Pra entender a real da China, vale tudo: de consumo de energia a bilheteria de cinema — até imagem de satélite entra na conta. A leitura da economia chinesa hoje parece mais um episódio de Black Mirror do que aula de macro.

A incerteza não combina com o humor dos investidores. Para piorar, as bolsas de Xangai e Shenzhen decidiram parar de divulgar as negociações e fluxo de capital estrangeiro em tempo real. Ou seja: está cada vez mais difícil saber quem está entrando — ou fugindo — do mercado.

JUROS

Super-Quarta: aqui pé no freio, lá fora em meditação

O nome é poderoso: Super-Quarta. O que ela significa também: o dia em que os bancos centrais do Brasil e dos EUA mexem os pauzinhos da economia e colocam todo mundo pra coçar a cabeça pensando o que fazer.

Por aqui no Brasil, sob o comando do presidente Galípolo, o Banco Central continuou com o pé no freio e elevou a Selic para 14,75% ao ano (um aumento de 0,50%), atingindo seu maior nível dos últimos 19 anos. . As justificativas? 

  • Inflação alta;

  • Expectativas desancoradas;

  • Dólar ainda nervoso e volátil;

  • Instabilidade econômica e política ao redor do mundo.

Decisão unânime e sem surpresa. Apesar do sinal anterior de possível desaceleração, o BC preferiu jogar seguro. Com projeção do IPCA de 2026 acima da meta e o cenário global mais tenso, melhor segurar a onda — ainda mais num país onde o dólar ainda fala alto.

O juro real – aquele que desconta a inflação esperada – se encontra na casa dos 8,65% – sendo um dos maiores juros reais do mundo. Neste pódio, que ninguém gostaria de estar, perdemos apenas para Turquia (10,47%) e Rússia (9,17%).

Por lá nos Estados Unidos, sob o comando do pressionado Jerome Powell, o Fed decidiu usar o famoso “manteu” e as taxas de juros americanas permanecem no intervalo de 4,25% a 4,50% ao ano. No modo wait and see, Powell comentou que a inflação ainda permanece no radar – e também ressaltou que não vai deixar o cargo, mesmo com as pressões.

No fim, a Super-Quarta de 2025 mostrou que, enquanto o Fed acende incensos e observa os gráficos com calma, o BC brasileiro colocou o capacete e entrou no prédio em chamas para tentar apagar os focos de incêndio.

Para os investidores: a renda fixa segue rainha, mas a bolsa começa a ficar tentadora — afinal, onde há juros altos, há desconto escondido. Basta saber separar o barulho de curto prazo das oportunidades de longo prazo.

AVIAÇÃO

Embraer voando alto

A Embraer atingiu o posto de terceira maior fabricante de aviões do mundo, reporta números muito positivos e uma estratégia sólida. Mas como uma empresa que esteve perto da falência por mais de uma vez conseguiu fôlego para reverter o quadro?

O CEO Francisco Fomes Neto assumiu a Embraer em 2019, herdando a empresa de um casamento que não aconteceu com a Boeing. De lá pra cá: pandemia, guerras, problemas com fornecimento e agora a política tarifária.

Mesmo nesse mercado de céu turbulento, o voo segue com saldo positivo. Os números mostram:

  • A Embraer chegou a subir cerca de 1.000% desde a mínima de novembro de 2020;

  • No Q1 de 2025, teve aumento de 204% no lucro e chegou aos R$ 434 milhões;

  • A receita no período subiu 44% e atingiu R$ 6,4 bilhões;

  • Entregou 30 aeronaves até agora (23 aviões executivos e 7 comerciais).

E vendo esses resultados em um mercado tão instável e suscetível às intempéries externas, a pergunta que fica é… Como? Em entrevista ao Bloomberg, Francisco contou os segredos para continuar voando alto:

  • Menos sustos no caixa, com a produção mais bem distribuída ao longo do ano – mudança que exigiu uma gestão mais firme com fornecedores de peças.

  • Redução da dívida bruta, que caiu R$ 3,7 bilhões. Os prazos foram esticados para mais de 6 anos e o resultado permitiu alavancagem em 0,5x EBITDA.

  • Gestão com foco e ação para resolver rápido problemas. Para o CEO, acionar alerta não é fracasso — é eficiência.

  • Aumento do backlog, que chegou a US$ 26,4 bilhões. No Brasil, o plano é fortalecer parcerias com Azul e crescer com Gol e Latam.

  • Portfólio turbinado aumentando a divisão de defesa e investindo em novos mercados — inclusive a unidade de carros voadores.

Ainda no segmento de elétricos, a unidade EVE segue vendo o dinheiro bater asas – foram R$ 429 milhões queimados apenas no primeiro trimestre. O investimento é necessário para manter as quase 1.000 pessoas envolvidas e também para evoluir projetos e conseguir todas as certificações necessárias até 2027. A Embraer sabe bem que não dá pra voar sem gastar energia.

Vendo os reports do trimestre, o mercado ficou feliz – as ações acumulam 12% de alta nos últimos 30 dias. O Goldman Sachs elogiou os resultados, ainda mais por terem acontecido em um período sazonalmente negativo para a empresa.

A combinação de gestão afiada, tecnologia na medida e olho no longo prazo parece mesmo ser o caminho certo.

EARNINGS

Tour de Balanços

Ferrari: acelerou e reportou um aumento de 17% no Lucro Líquido em comparação ao ano anterior. As atenções ficaram para a queda das vendas em solo chinês, onde fechou com queda de 25%. Apesar do resultado forte, o guidance que a empresa apresentou foi menor que o mercado esperava: algo entre US$ 9,61 e US$ 9,77, abaixo das estimativas de US$ 10,16.

  • Lucro por ação: ajustado em US$ 2,61, batendo as expectativas de US$ 2,56 .

  • Receita: US$ 2,03 bilhões, levemente acima dos US$ 2,01 bilhões esperados.

Palantir: apesar de superar as estimativas de receita do 1T’25, e de aumentar as projeção para o ano inteiro, a ação chegou a cair -12% no dia pós-divulgação. A receita cresceu 71%, em relação ao ano anterior, e as vendas para o governo aumentaram 45%.

  • Lucro por ação: ajustado em US$ 0,13, dentro das expectativas.

  • Receita: US$ 884 milhões, acima dos US$ 863 milhões projetados.

AMD: receita cresceu 36% em relação ao ano anterior, para US$ 7,44 bilhões (superando as expectativas em US$ 320 milhões). O lucro por ação ajustado foi de US$ 0,96 (superação de US$ 0,03) e o segmento de Data Center liderou novamente, crescendo 57% a/a, para US$ 3,7 bilhões.

  • Lucro por ação: ajustado em US$ 0.96, acima das expectativas de US$ 0,93.

  • Receita: US$ 7.4 bilhões, dentro da mediana do consenso.

Disney: disparou 10,86% após superar as expectativas de Wall Street tanto no faturamento quanto no lucro líquido. Embora a previsão era de uma queda no número de assinantes do Disney+ neste trimestre, houve um aumento de 1,4 milhão. E seus parques temáticos nos EUA arrecadaram US$ 6,5 bilhões em receita, 9% a mais que no ano passado.

  • Lucro por ação: US$ 1,45, acima da previsão de US$ 1,21.

  • Receita: US$ 23,62 bilhões, levemente acima das previsões de US$ 23,13 bilhões.

AÇÕES
  • Ducoco: em recuperação judicial, e com R$ 670 milhões em dívidas, propõe deságio de 90%.

  • Mattel: a fabricante da Barbie e do Hot Wheels, alertou que planeja aumentar os preços em resposta às tarifas.

  • NuBank: contrata Roberto Campos Neto, ex-Presidente do BC, para o seu Conselho.

  • GPA: depois de garantir uma cadeira no Conselho, Rafael Ferri reduz participação para 2,73%.

  • Vibra: registra o maior EBITDA para um primeiro trimestre na sua história, R$ 2 bilhões, com alta de 43%.

STATS DO DIA

O ratio GOLD/SILVER se encontra 103x, ou seja, em patamares somente vistos no auge da pandemia e na época da guerra do Golfo em 1991.

Via Igor Chede Collaço

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