
Bom dia Droppers.
Pensei no chuveiro: que um país não precisa ser perfeito. Às vezes basta ser “menos pior” que o resto do mundo para atrair muito dinheiro.
No Drop de hoje, em 5 min e direto ao ponto:
• Dólar: perdendo espaço nas reservas
• COSAN: nos holofotes com R$ 10 bilhões
• My name is Bonds: Brazilian Bonds
• Assaí: “Cada um que pague seu boleto”

GIRO PELO MERCADO

Por aqui, depois de engatar quase 1% de alta na véspera, embalado pela possível aproximação de Trump com Lula na ONU, o pregão de ontem foi puro tédio. O Ibovespa andou de lado o dia inteiro, mas ainda assim subiu 67 pontinhos e fechou em mais um recorde histórico. A emoção veio só depois do fechamento, quando pipocou a notícia de que Bolsonaro apoiaria a candidatura de Tarcísio, empurrando o índice futuro para cima em mais 1%. Horas depois, Eduardo Bolsonaro apareceu para dizer que tudo não passava de fake news.
Lá fora, com a agenda econômica esvaziada, o dia foi de correção para as bolsas. Depois de três dias de festa, o S&P 500 resolveu tirar o pé do acelerador e fechou em uma queda bem leve, com os investidores ainda ruminando os comentários de Jerome Powell, que falou que os ativos já estavam bem precificados, jogando um balde de água fria em Wall Street. Hoje o dia é mais agitado, com 7 dirigentes do FED dando discursos e também com a leitura final do PIB do 2T’25.
VISUAL
Dólar: perdendo espaço nas reservas

Depois de décadas de reinado absoluto, o dólar passa por uma fase meio “estrela decadente de Hollywood” – com carinha de personagem do Adam Sandler. A sua fatia nas reservas globais encolheu 20% na última década, menor nível em 30 anos. E não é só ouro roubando a cena – outras moedas também querem brilhar.
Reservas são o colchão de segurança dos bancos centrais. Se o real despenca, por exemplo, o Banco Central pode vender dólares do estoque, aumentando a oferta e fazendo a moeda americana dar uma fraquejada – o que valoriza o real.
Por enquanto, quem mais incomoda o dólar é o ouro. O metal dobrou sua fatia nas reservas, de 10% para 20% – mérito das compras agressivas dos bancos centrais e da própria valorização. Mas mesmo sem contar o ouro, a perda de terreno do dólar frente a outras moedas também é clara:
Dólar (EUA): caiu de 65,7% para 57,8% desde 2015.
Iene (Japão): subiu de 3,75% para 5,81%.
Yuan (China): dobrou de 1,1% para 2,2%.
Até moedas menores, mas estáveis, como os dólares canadense e australiano estão ganhando relevância no mix global.
O Brasil segue a tendência
No Brasil, o pico de amor pelo dólar foi em 2018, quando 89% das reservas estavam dolarizadas – hoje a fatia caiu pra 78%. Nesse meio-tempo, o ouro brilhou (+400%, de 0,7% pra 3,5%) e o yuan entrou no jogo – comprado a partir de 2019 e que já divide o 2º lugar com o euro, com 5%.
O dólar continua sendo o rei, mas o mundo monetário começa a se parlamentarizar – com ouro, moedas alternativas e estratégias de proteção buscando seus lugares ao Sol. Será que ele vai aprender a dividir o trono ou voltará a ser o recheio favorito das reservas globais?
MACRO/AÇÕES
Dot-Plot: como funciona o gráfico que revela a visão para os juros dos membros do BC americano.
Argentina: pode receber uma ajuda de US$ 20 bilhões dos EUA.
Jerome Powell: diz que preços dos ativos já estão “bastante valorizados”.
Ata do Copom: revela o tom mais duro, igual ao comunicado.
Inflação: para Roberto Campos Neto, as criptos podem atrapalhar o controle.
Banco Master: vendeu a seguradora Kovr e tenta negociação com FGC.
Reag: fecha capital depois de ser alvo da Operação Carbono Oculto.
Tether: a gigante do mundo cripto procura funding em US$500 bi de valuation.
Intel: subiu 6,41% com relatos de que a fabricante de chips abordou a Apple para um investimento.
Alibaba: anuncia planos de instalação de data centers no Brasil.
CAPTAÇÃO
COSAN: nos holofotes com R$ 10 bilhões

Ela já foi uma única usina de cana de açúcar e se tornou uma holding poderosa nos seus quase 90 anos. Agora, a Cosan virou assunto novamente no mercado ao mostrar que não é só big tech que consegue captar: anunciou um aumento de capital de R$ 10 bilhões, junto a nomes como BTG Pactual e a gestora Perfin.
Boas novas para o caixa, péssima para os minoritários, que seguem muito diluídos: as ações despencaram -25% com o anúncio. Até recuperaram um pouco, mas ainda estão -12% abaixo do nível pré-divulgação.
Com capital aberto desde 2005, a empresa surfou bem a onda do etanol ser o combustível do futuro e ao longo dos anos e foi colecionando alguns ativos estratégicos:
Rumo (RAIL3): maior operadora ferroviária independente do Brasil.
Compass: gás natural e energia, incluindo a Comgás.
Moove: lubrificantes com presença internacional.
Radar: gestora de terras agrícolas.
Vale: chegou a comprar 5% em 2022, mas depois vendeu tudo em 2025.
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A expansão cobrou caro. Foram R$ 50 bi investidos em 3 anos e a dívida bruta já passa dos R$ 90 bi. Resultado: desconfiança no mercado e ações de volta ao nível de 2016, gerando uma demanda grande por reduzir a alavancagem (hoje em 3,4x).
O caminho óbvio foi cortar custos e vender ativos, mas o reforço da nova captação é a cereja do bolo, podendo reduzir a dívida líquida de R$ 17,5 bilhões para R$ 7,5 bilhões.
A operação precisa passar pela assembleia de acionistas, mas se aprovada pode mudar o rumo da companhia: menos dívida, mais fôlego e novos sócios. Quase centenária, a Cosan já provou que sabe se reinventar. Agora, a pergunta é: os minoritários vão engolir esse caldo?
P.S: há rumores que o manda-chuva Rubens Ometto está tentando levantar um empréstimo de R$ 750 milhões para colocar no aumento de capital, evitar a sua própria diluição e continuar ditando as regras do jogo.
BRASIL
My name is Bonds: Brazilian Bonds

Já era esperado: qualquer marolinha de corte de juros nos EUA reflete nos mares do resto do mundo. E empresas brasileiras, como Petrobras, Suzano, Embraer e Rede D’Or, aproveitaram a maré para ir ao mercado internacional captar recursos com custos historicamente baixos. Tudo via emissão de bonds (títulos de dívida corporativa).
É simples entender: se os juros lá fora vão cair, o investidor corre atrás de retornos melhores. E aí os bonds brasileiros brilham – pagam mais que equivalentes nos EUA, mas com risco parecido. Resultado: demanda dispara e o prêmio encolhe… em alguns casos, até virou negativo.
Suzano: captou US$ 1 bilhão a 5,67% ao ano, seu menor spread histórico. E ainda aproveitou para recomprar US$ 1,2 bilhão em dívidas mais curtas.
Petrobras: captou US$ 2 bilhões em duas tranches, na emissão mais barata em relação aos treasuries desde 2001.
Embraer: levantou US$ 1 bilhão pagando 5,40% ao ano e vencimento lá para 2038.
Rede D’Or: estreando no mercado internacional, levantou US$ 500 milhões em apenas 15 minutos. O detalhe é que a empresa nem precisava de caixa, só queria diversificar as fontes de financiamento.
Com essas empresas mostrando que a água está quentinha, outras empresas estão estudando fazer o mesmo movimento como a CSN, Vamos (grupo Simpar) e Aegea (saneamento).
“Selic alta + Fed cortando juros” são uma soma que abre janelas para a captação, mas ela pode se fechar em breve. Vale lembrar que períodos eleitorais (alô, 2026) fazem os riscos aumentarem e os valores caem bastante nessas épocas.
PS: quem também é brasileiro e pode ficar em alta é o MoneyDrop. Mas em vez de comprar bonds, você pode ajudar na nossa missão de elevar o QI da internet brasileira ao indicar a newsletter para seus amigos. Pega seu link de indicação aqui.
DÍVIDAS
Assaí: “Cada um que pague seu boleto”

O Assaí não tem mais nada a ver com o GPA ou com o Casino, mas prevendo que dívidas podem cair no seu colo, colocou os advogados pra trabalhar. A rede de atacarejo entrou na justiça para se proteger de tentativas da Receita e da PGFN a apontarem como devedora solidária em dívidas feitas antes da separação.
A timeline da treta:
2007-2012: GPA compra 60% do Assaí, que vira subsidiária integral quando o Casino assume o GPA.
2021-2024: rola a cisão e o Assaí compra 71 lojas da ex. Com dívidas, Casino reduz posição no GPA.
2025: Assaí vai à Justiça pra travar a venda das ações do Casino no GPA (ou exigir garantia). Tudo para se blindar de dívidas tributárias pré-2021 – que pode chegar a bilhões.
Em fato relevante, o Assaí pediu à Justiça que os 22,5% do GPA nas mãos do Casino virem garantia. Tradução: se o boleto chegar, que paguem GPA e Casino. O problema é que o Casino já quer se livrar da fatia – avaliada em R$ 450 mi – e não considera mais o GPA estratégico.
No comunicado, o Assaí foi direto: a lei é clara e cada um que pague seu próprio boleto. No ano passado, a receita já tentou atrelar R$ 1,3 bi em bens do Assaí ao GPA. Caiu no recurso, mas mostrou que a novela ainda não está com o final escrito.
A rede Assaí cai -7,89% no mês, mas tem uma alta expressiva de +74,81% no ano.
Recomendação dos analistas:
Compra: 12 | Neutro: 3 | Venda: 0
Preço-alvo médio: R$12,97 | Preço atual: R$9,69
QUIZ

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STATS DO DIA
11,2%
Foi o que a ação da montadora chinesa Chery subiu no seu primeiro dia de negociação, após o IPO de US$ 1,2 bilhão.
Via Investing

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