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💰 O analista do contra
+ o ataque ao Pix + tropeços do dólar

Bom dia Droppers.
Pensei no chuveiro: que um ciberataque no mercado financeiro é como um terremoto digital – você pode não sentir o impacto imediato, mas quando as consequências começam a aparecer, tudo está tremendo.
No Drop de hoje, em 5 min e direto ao ponto:
• Dólar: o tropeço da moeda americana
• Nvidia: a tese de quem não recomenda compra
• PIX: o ataque que roubou quase R$ 1 bi
• B3: sem mudanças no Novo Mercado

GIRO PELO MERCADO

Por aqui, nem a boa performance da Vale, que subiu 3,64%, foi suficiente para segurar a queda do Ibovespa, que foi bastante pressionado pelo setor bancário. As perdas do setor se deram em boa parte pelas notícias de um ataque hacker à infraestrutura tecnológica da C&M, prestadora de serviços ao setor financeiro.
Lá fora, o acordo comercial divulgado por Trump com o Vietnã ajudou a impulsionar as bolsas e a Nike – que tem a maior parte da sua produção no país – subiu 4,14%. O S&P 500 renovou sua máxima histórica pela sexta vez nesse ano. Por causa do feriado na sexta, o Independence Day, o relatório de empregos payroll será divulgado hoje e pode mexer com os ânimos dos investidores.
VISUAL
O tropeço do Dólar

O Tio Sam anda cambaleando e a moeda americana reflete isso. O dólar caiu 10,7% nos primeiros seis meses de 2025, tendo o pior desempenho para o período desde o fim do padrão ouro, lá em 1973.
O índice DXY, que mede o dólar contra uma cesta com outras seis moedas como euro, libra e iene, desceu a ladeira saindo de 110,22 para 96,77 pontos.
E quais os motivos que derrubaram o doleta? Segundo analistas, a resposta está em alguns fatores:
O Tarifaço de Trump reacendeu um clima de guerra comercial com o mundo todo;
O aumento do déficit americano, com direito a perda de rating.
O plano trilionário de isenção tributária que pode adicionar US$ 3,2 trilhões à dívida americana em 10 anos.
Possível ciclo de corte de juros pelo FED até o fim do ano que vem, que ajudaria a “afugentar” capital.
Ninguém está dizendo que o dólar vai perder o trono de moeda de reserva global. Mas o que está acontecendo é um belo recálculo de rota com uma redução grande da exposição à moeda americana.
No fim das contas, o dólar virou um "crowded trade" de queda: todo mundo apostando contra. E quando isso acontece, a porta de saída fica pequena, propiciando bastante volatilidade.
P.S: Hoje, a participação do dólar nas reservas dos principais bancos centrais está no nível mais baixo em 20 anos
ANALISTAS
The Contrarian “ataca” a Nvidia

Nove entre cada dez dentistas investidores dão recomendação de compra quanto o assunto é a queridinha da IA. A nova obsessão do Vale do Silício parece não ter fim: trilhões em capex, centenas de milhões em salários, restrições comerciais entre as duas maiores potências mundiais. Mas no meio dessa bonanza, um contrário solitário tem algo diferente a dizer: VENDA e corra para as colinas!
A Nvidia, prestes a bater a marca de US$ 4 trilhões em valor de mercado, é unanimidade entre quase todos analistas. De acordo com a FactSet, só um analista de toda Wall Street tem recomendação de venda ativa: Jay Goldberg, da Seaport Global Securities.
E qual é a tese de Jay?
Segundo ele, o hype já está mais do que precificado. Em outras palavras: todo mundo já sabe que a Nvidia é a maior beneficiária da explosão da IA e isso já está no preço das ações. Mas os clientes da empresa ainda estão tentando entender onde foi parar o retorno de tanto investimento feito em IA. E tem mais:
O negócio de data centers para IA é mais complexo do que o tradicional, exigindo mais investimento até mesmo em resfriamento – e a cadeia de suprimentos não dá trégua.
Grandes clientes da Nvidia (como Microsoft, Amazon e Meta) estão trabalhando para desenvolver seus próprios chips e reduzir a dependência da líder.
Gargalos na produção da linha Blackwell – a maior promessa do setor nos últimos anos.
Desde que lançou seu “sell”, a ação da Nvidia não parou de subir e atingiu novas máximas. Ou seja: Goldberg ainda não convenceu ninguém. Mas vai que em 2026 ele vira o novo profeta do mercado?
Do outro lado da mesa temos a Loop Capital, com o analista Ananda Baruah dando o maior preço-alvo do papel. Para ele, a ação pode chegar a US$ 250 – com potencial de alta de quase 60% em relação ao valor de US$ 157,25 atingido ontem.
Compra forte: 12 | Compra: 46 | Neutro: 7 | Venda: 1.
Preço-alvo médio: US$ 173,92 | Preço atual: US$ 157,25
MACRO/AÇÕES
FED: Trump enviou uma nota pessoal ao Powell. Nas redes sociais, ele afirma que a taxa de juros deveria estar em 1-2%.
FED 2: Powell disse que o comitê já teria cortado taxas se não fosse o anúncio das tarifas de Trump.
China: PMI de manufatura melhora em junho, subindo de 49,5 para 49,7, mas ainda em campo de contração.
EUA: PMI industrial subiu para 49, ante 48,5 em maio, mas o PMI manufatura caiu pelo quarto mês seguido.
Brasil: Produção Industrial cai -0,5% em maio.
Energia Elétrica: vai ficar mais cara em São Paulo a partir dessa sexta-feira.
Petróleo: avança com reunião da OPEP+
Santander: acerta compra do banco TSB, por £ 2,7 bilhões.
Gol: tem prejuízo de R$ 1,43 bilhão em maio, mês anterior à saída da RJ.
Banco Inter: entra na moda das “caixinhas”.
Oracle: fecha contrato de US$ 30 bi, aumentando a receita do Cloud em 4x.
XPLG: compra portfólio logístico da RBR por R$ 1,15 bilhão.
Robinhood: atingiu ontem a sua máxima intra-day, nos US$100, mas fechou em US$ 95,81.
Tesla: reporta queda de 14% nas entregas de veículos
SEGURANÇA
PIX: um hack e um rombo

Imagine o susto de ser acordado no meio da noite por uma notificação de PIX enviado da sua conta. Agora pense que ela diz: “R$ 18 milhões”. Foi o que aconteceu com um executivo da BMP (empresa de banking as a service) – que, ao chegar na empresa, percebeu que o rombo total era de R$ 400 milhões.
Não foi assalto à mão armada, mas ataque cibernético. As estimativas preliminares do Banco Central dizem que o hack drenou quase R$ 1 bilhão de oito instituições – bancárias e não bancárias.
O ataque – que atingiu contas das instituições diretamente no Banco Central – foi considerado o mais sofisticado (e mais caro) da história do sistema financeiro brasileiro. E tudo começou por onde? Pela porta dos fundos. Ou melhor, por uma prestadora de serviços chamada C&M Software:
Fundada em 1999, a C&M é responsável pela mensageria que conecta instituições ao Sistema de Pagamentos Brasileiro (SPB). Ela atua como PSTI — sigla bonita para dizer que ela cuida dos bastidores tecnológicos do Pix, TED e afins. E foi por esses bastidores que os hackers entraram.
O que diz o Banco Central? Que os seus sistemas não foram invadidos. O sistema da C&M foi desconectado e o PIX segue operando normalmente no Brasil todo.
Então como as transações foram feitas? Os hackers tiveram acesso às credenciais da C&M e, com elas, conseguiram passar pelos sistemas de segurança do BC, emitindo ordens que pareciam legítimas. “É como se tivessem feito uma compra com chip e senha. Tudo certo. Só que o cartão estava nas mãos erradas.”.
Onde está essa grana? Parte foi para o mundo das criptos. Segundo Rocelo Lopes, CEO da SmartPay (que faz a conversão de reais para USDT), várias contas movimentando milhões foram criadas na madrugada dos ataques e muitas conversões foram bloqueadas. Uma pequena parte do dinheiro já foi recuperada pelo MED (o mecanismo especial de devolução do Pix).
O ataque acende um alerta vermelho em um momento delicado, em que cada vez mais fintechs e instituições menores se conectam ao BC via intermediários. O ecossistema financeiro brasileiro, que é referência global por sua inovação, agora precisa provar que também é referência em segurança.
B3
Novo Mercado, Velhas Regras

A B3 tentou, insistiu, marcou reunião, mandou e-mail, fez PPT... mas não conseguiu. A tão esperada atualização nas regras do Novo Mercado – o clube seleto das empresas com as melhores práticas de governança corporativa – foi barrada pelas próprias integrantes.
A B3 possui alguns níveis de listagem, sendo o Novo Mercado o mais rigoroso em termos de governança. Para estar nesse segmento, a empresa precisa:
Ter apenas ações ordinárias (ON), que dão direito a voto.
Free Float mínimo de 20% (ou 15% se negociar menos de R$ 20 mi por dia).
Tag Along de 100%
Conselho de Administração com mínimo de 3 membros - pelo menos 2 independentes; regra que muda para 20% quando o número total passa de 10.
Divulgação das informações e balanços em português e inglês.
A B3 queria modernizar o regulamento – que já passou por cinco revisões desde 2000. Mas das 190 empresas do Novo Mercado, 152 votaram e 74 disseram “Não” para todas as 25 propostas. Como o regulamento exige 2/3 de votos para aprovar algo, o projeto foi todo arquivado. Algumas das propostas que a B3 tinha colocado na mesa:
Conselheiros Independentes: aumento para 30% com limite de mandato e regra de acúmulo de cargos.
Novo Mercado Alerta: mecanismo para caso de suspeitas de falhas ou fraudes no balanço.
Denúncias: obrigatoriedade na divulgação.
Comitê de Auditoria: exclusivamente estatutário.
Vale e Lojas Renner foram duas que deram um voto de confiança total à B3… Mas quem votou contra (como a Equatorial, Magazine Luiza, Ecorodovias, Panvel, Odontoprev, Direcional e Blau que confirmaram publicamente o voto) disse apoiar a governança, mas reclamou do aumento de custos, do modelo da votação e da forma como a B3 conduziu o processo.
A B3 promete uma nova rodada de debates com os participantes e, enquanto isso, o regulamento segue inalterado. A governança corporativa continua sendo uma pauta estratégica, mas a disposição para assumir novas obrigações regulatórias anda em baixa.
STATS DO DIA
56,4%
É a quantidade de recomendações de “Compra” sobre as ações das empresas do S&P500. Ao todo são 12.319 recomendações, com 38,7% para manter e apenas 4,9% são de venda. O otimismo segue reinando.
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