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Bom dia Droppers.

Pensei no chuveiro: que se a Nvidia precisou mandar um memorando secreto rebatendo críticas é porque até os seus chips começaram a suar frio com as palavras do Dr. Big Short.

No Drop de hoje, em 5 min e direto ao ponto:

• Alibaba: um déjà vu nos reports
• Burry vs. Nvidia: a bolha contra-ataca
• Dell: adicione IA e mude o resultado
• CVM a capa da invisibilidade

Dropped by Igor Chede Collaço e Renan Hamann
GIRO PELO MERCADO

Por aqui, quem olhou pra cima pode ter visto o foguete do Ibovespa passando com a alta de 1,70% no dia e uma nova máxima histórica registrada. O mundo todo está otimista e o Brasil já passou o dia acompanhando o humor geral, mas o índice ainda deu uma turbinada depois de o mercado começar a especular que Tarcísio de Freitas vai mesmo se candidatar à presidência.

Lá fora, hoje é o famoso Turkey Day Thanksgiving, então as Bolsas fecham para o feriado e o mercado todo fica em casa vendo Stranger Things e disputando a coxa do peru. As empresas de tech curtem a folga de bom humor, porque ontem o setor foi positivo e impulsionou o S&P500, que voltou a ficar acima da média móvel de 50 dias.

VISUAL

Alibaba: um déjà vu nos reports

A Alibaba divulgou seus resultados e pareceu um déjà vu do mercado: nuvem crescendo, CEO empolgadíssimo falando de IA e, claro, um aviso sutil de que talvez vá gastar bem mais do que o planejado. Aparentemente, 380 bilhões de yuans (~US$ 57,6 bi) não compram nem a primeira fileira no show dos chips.

Os números do trimestre:

  • 🟢 Receita: US$ 34,8 bilhões, crescendo 5%

  • 🟢 Receita Cloud: US$ 5,6 bilhões, crescendo 34% no ano.

  • 🔴 Margem Líquida: 8% x 17% do último trimestre

O CEO Eddie Wu entrou na call com empolgação: disse que a demanda por IA está tão forte que eles mal conseguem instalar servidores no ritmo dos pedidos. A empresa já queimou 120 bilhões de yuans em IA e infraestrutura nos últimos quatro trimestres – e os 380 bilhões planejados já não vão dar conta.

A estratégia parece estar funcionando. O chatbot Qwen (resposta ao ChatGPT) bateu 10 milhões de downloads na semana de lançamento do app, mostrando que a China também quer brincar no parquinho da IA generativa.

No lado menos instagramável do balanço, o lucro líquido caiu 53%, para 20,99 bilhões de yuans (US$ 2,96 bi). O lucro ajustado foi pior: -72%, para 10,35 bilhões, já que a Alibaba está torrando dinheiro para brigar no “quick commerce” da China – e cresceu 60% na área.

No resto do império, as coisas seguem vivas: o e-commerce internacional cresceu 10%, enquanto a divisão de e-commerce na China, que inclui Taobao e Tmall, avançou 16%.

O consenso lá fora é otimista. O Morningstar diz que a Alibaba pode sair como a grande vencedora da guerra de preços do delivery até 2027 – mesmo que a Meituan continue sendo a dona da maior fatia da pizza.

Recomendação dos analistas:

Compra forte: 40 | Compra: 9 | Neutro: 2 | Venda: 0

Preço-alvo médio: US$ 197,18 | Preço atual: US$ 157,60

MACRO/AÇÕES
  • Hedge Funds: lista dos retornos anuais.

  • IPCA-15: subiu 0,20%, um pouco acima da expectativa de 0,18%.

  • Fundos: indústria de fundos global deve chegar a US$ 200 trilhões em ativos até 2030.

  • PPI: índice do produtor americano subiu 0,3% e chega a 2,7% em 12 meses.

  • Fed: Kevin Hasset é visto como favorito para pegar a cadeira de Jerome Powell.

  • Bilionários: Larry Page, do Google, se torna o segundo homem mais rico, passando Larry Ellison da Oracle.

  • Tesla: vendas na Europa caem 50% em outubro.

  • Casas Bahia: vai fazer uma proposta para aumento de capital de até R$ 13,25 bilhões.

  • Grupo Mateus: contrata nova auditoria após o erro no estoque de R$1,1 bilhão.

  • Reag: altera nome para Arandu após os escândalos da operação Carbono Neutro.

  • BRB: Fitch rebaixa nota e alerta para riscos após liquidação do Master.

  • Robinhood: subiu +10,93% depois de anunciar uma joint venture para entrar no mercado de previsões.

  • Caixa: tem lucro de R$ 3,8 bilhões no 3º trimestre, alta de 15,4%.

AI

Burry vs. Nvidia: a bolha contra-ataca

Se o mercado de IA fosse uma saga do cinema, Nvidia e Michael Burry acabaram de estrelar a sequência “A Bolha Contra-Ataca”. Após Burry comparar o boom da IA à bolha pontocom, a fabricante decidiu subir o tom: mencionou o investidor pelo nome em um memorando interno (sigiloso) enviado a analistas, rebatendo ponto a ponto as críticas.

Burry não deixou passar. Publicou no seu blog: “A Nvidia mandou um memo para o sell side tentando rebater meus pontos sobre compensação em ações e depreciação… Eu mantenho minha análise. Não estou dizendo que Nvidia é a Enron – é claramente a Cisco.”

Resumindo: ele não acha que é fraude, mas sim que ela está correndo uma maratona com pace de sprint.

Burry insiste que o frenesi atual se parece menos com a bolha da internet e mais com o superciclo de telecom dos anos 90, quando o mundo achou que precisaria de fibra óptica daqui até Marte.

Para ele, o que vemos agora – capex explodindo, prazos de depreciação mais longos e valuations espaciais – é o erro clássico: confundir aumento de oferta com demanda infinita.

No tal memorando, revelado pelo Barron’s, Nvidia rebateu cada crítica com régua e compasso:

  • Sobre diluição via ações: a empresa disse que não foram US$ 112,5 bilhões em recompras, mas US$ 91 bilhões – Burry teria misturado impostos de ações no cálculo.

  • Sobre depreciação: a empresa negou que teria superestimado a vida útil das GPUs para justificar capex gigantescos. A depreciação real gira entre quatro e seis anos, e GPUs mais antigas, como as A100 lançadas em 2020, continuam firmes, fortes e altamente utilizadas.

  • Sobre o “financiamento circular”: alegou que os investimentos são uma fração minúscula da receita e os aportes vêm, majoritariamente, de investidores externos.

Burry segue nada convencido. Para ele: assim como só 5% da fibra instalada nos anos 2000 chegou a ser utilizada, a narrativa de demanda infinita por IA depende de expectativas igualmente duvidosas.

PS: Burry começou seu blog essa semana e em 3 dias já possui mais de 84 mil assinantes. Ele cobra uma assinatura de US$39 por mês para as publicações fechadas.

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Criptos: menos crime = mais confiança

Oferecimento Binance

Muita gente ainda jura que Bitcoin é sinônimo de dinheiro ilícito – mas os números contam outra história.

Entre jan/23 e jun/25, a Binance cortou 96–98% da exposição a fundos irregulares, superando as outras grandes exchanges por 4–5 pontos. O movimento elevou as proteções contra lavagem de dinheiro, reforçou confiança e abriu espaço para uma adoção mais segura das criptos nas finanças tradicionais.

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EARNINGS

Dell: adicione IA e mude o resultado

23h59: resultados abaixo do esperado (mais uma vez)
00h01: ações subindo 5,83%. Essa foi a Dell!

Aí você se pergunta “o que aconteceu às 00h00?”. E a resposta é 100% 2025: a empresa soltou uma carta rara do baralho mostrando o guidance turbinado por vendas de IA no próximo ciclo.

Os números do trimestre:

  • 🔴 Receita: US$ 27,01 bilhões x US$ 27,13 bilhões esperado

  • 🟢 Lucro por ação (ajustado): US$ 2,59 x US$ 2,47 estimado

  • 🟢 Guidance: US$ 31,5 bilhões em venda, bem acima dos US$ 27,59 bilhões esperados

Surfando a onda da IA, a Dell também subiu sua régua: agora fala em US$ 25 bi em embarques de servidores de IA no ano (antes era US$ 20 bi) e projeta receita anual de US$ 111,7 bi.

No trimestre, foram US$ 1,54 bilhão em lucro líquido, contra US$ 1,17 bi no ano passado. E como a Dell é termômetro do setor de infraestrutura de IA (afinal, vende máquinas movidas à fome insaciável das GPUs da Nvidia), o mercado respirou aliviado ao ver um avanço de 11% na receita total anual.

Os maiores compradores dos brinquedos de IA da Dell são empresas grandes, governos e as “neoclouds”, como a CoreWeave, que está crescendo em ritmo frenético. Os hyperscales tradicionais? Esses compram mais direto da Nvidia, então a Dell foca no seu quintal, onde há espaço para brilhar.

Para o quarto trimestre, a meta é vender US$ 9,4 bilhões em servidores de IA, sem contar um novo acordo para fornecer sistemas com GPUs GB300 da Nvidia para a Iren – que vai alugar tudo isso para a Microsoft. Literalmente, servidores que rendem aluguel e aquelas referências circulares do mundo do IA.

Já no lado “vida real”, a divisão de laptops e PCs foi mais contida. Faturou US$ 12,48 bilhões, 3% acima do ano anterior, mas um pouco abaixo dos US$ 12,65 bilhões esperados. No acumulado, o segmento ainda amarga queda de 7% ano a ano.

No fim das contas, o mercado olha para o curto prazo e vê números mistos, mas com um guidance mais ousado, Se a empresa cumprir o que prometeu, esse resultado morno pode ficar quente rapidinho.

PS: a empresa gastou US$ 1,6 bilhão no trimestre recomprando ações e distribuindo dividendos.

Recomendação dos analistas:

Compra forte: 5 | Compra: 14 | Neutro: 6 | Venda: 0

Preço-alvo médio: US$ 163,26 | Preço atual: US$ 133,26

FUNDOS

CVM e a capa da invisibilidade

Transparência é bom, mas pra muito gestor ela é uma forma de ter as estratégias copiadas. Com isso na cabeça, a CVM abriu uma consulta pública para revisar as regras da Resolução 175 – que hoje permite que os fundos escondam suas carteiras por 3 meses (com 3 adicionais se houver justificativa), aumentando o prazo para até 12 meses (6+6).

A ideia não é hoje… desde 2022 os fundos de ações já vivem um momento de test drive, que autoriza os gestores a esconder os portfólios por até 6 meses.

A dor dos gestores: abrir a carteira é quase como deixar o caderno de respostas no pátio da escola. Em tempos de IA e algoritmos famintos, suas posições acabam sendo replicadas antes mesmo de terminarem de entrar ou sair de uma tese.

O barulho aumentou ainda mais quando o ETF GURU11, que tenta replicar a carteira dos “gurus” do mercado, chegou na bolsa em 2021. Foi o estopim perfeito para reacender a discussão sobre propriedade intelectual.

Do outro lado desse ringue de peso estão os defensores da transparência total, que veem a história de esconder a carteira por mais tempo um ponto contra a missão da própria CVM. Para eles, quem justamente paga a conta são os investidores menores, os que possuem menos acesso a ferramentas para acompanhar o que está acontecendo.

A consulta pública também revisa outros pontos da regulação, com a CVM querendo manter o informe diário, o balancete mensal e as demonstrações auditadas, mas querendo tirar a obrigatoriedade da demonstração de desempenho da lâmina.

Com esse movimento, a CVM quer unir o melhor dos mundos: proteger o investidor, não atrapalhar quem realmente faz pesquisa para gerar alfa e ainda deixar a regulação mais leve. Se vai conseguir, só o tempo dirá… mas nem o Michael Jackson agradou todo mundo.

PS: segundo estudos da CVM, o investidor brasileiro vê mais detalhes da carteira dos gestores do que o investidor americano.

STATS DO DIA

US$ 240 milhões

Foi o quanto o Tarifaço dos EUA custou para as exportações agro brasileiro entre agosto e outubro deste ano – comparando o valor com o mesmo período do ano passado, quando as tarifas ainda não estavam em vigor.

via Globo Rural

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